The King’s Bird é mais um daqueles plataformas 2D difíceis como o inferno, que desafiam o jogador a ficar repetindo os mesmos pontos até conseguir passar ou encher o saco, o que acontecer primeiro.
Mas ele tem várias características únicas. A principal é que, além das habilidades tradicionais do gênero, como pulo e escalar paredes, a protagonista de The King’s Bird voa. Bom, talvez dizer que ela voa como o Superman seja um pouco generoso, mas também não seria correto dizer que ela plana como o Batman. Ela voa baseado em impulso, mas limitado a curtas distâncias.
A VOAR, A VOAR, A VOAR
O voo pode ser expandido pisando no chão ou em uma parede. The King’s Bird não é apenas difícil. É também um jogo bem rápido. Assim, em seus melhores momentos, ele lembra uma mistura de Sonic com Peter Pan.
Porém, assim como nos Sonics antigos, onde o jogo incentivava a correr rápido, mas sempre colocava um espinho no meio do caminho, The King’s Bird nunca chega a alcançar seu potencial lúdico. Ele simplesmente é difícil demais para que você de fato saboreie a sensação de voar pelas fases, uma vez que raramente sua personagem vai sobreviver mais do que alguns segundos. Mas quando a coisa clica e dá liga, é de fato muito mágico.
CONTROLES
Os controles, por outro lado, causam problemas. A começar pela inexplicável decisão de colocar o botão de pulo no A (se você não é familiar com os controles da Nintendo, o A é o equivalente ao bola do Playstation e ao B do Xbox). Se você já jogou qualquer videogame desde a época do Super Nintendo, sabe que o botão de pulo tradicional é o B na Nintendo, X no PS4 e A no Xbox. Por que mudar isso? Parece uma opção estranha para diferenciar o seu jogo definir os controles de forma “incorreta”.
Mas os problemas não param por aí. O R dá uma corridinha quando você estiver pisando em algo (chão ou parede), e o L faz voar. Falando assim, não parece muito complicado, mas na prática você fica segurando o R e o L o tempo todo, tendo que largá-los em momentos bem específicos. Dá para se acostumar, mas não espere a simplicidade de Celeste, para citar outro plataforma 2D difícil simplesmente para ser difícil.
Assim como Celeste, este tem opção de ajuda, onde você pode escolher modificações como voo infinito ou câmera lenta. Ao contrário de Celeste, o desafio de The King’s Bird não é necessariamente conseguir atravessar obstáculos, mas descobrir para onde exatamente ele quer que você vá e o que fazer para chegar lá. Assim, ele é quase um puzzle de plataforma.
N+
Porém, a principal comparação que eu faria aqui seria com N+. Acontece que The King’s Bird é um jogo sem firulas. O visual é monocromático e os personagens são apenas sombras. A diferença entre uma fase e outra é que em uma o fundo é verde e na outra é azul. Assim, como N+, The King’s Bird é um jogo que vive ou morre simplesmente no seu gamedesign.
A animação é bem caprichada, mas os gráficos se beneficiariam de uma estética menos minimalista. A música, por outro lado, é lindíssima. É, sem dúvida nenhuma, a melhor coisa do jogo, e arriscaria dizer que deve ser a melhor trilha sonora de 2019.
Infelizmente, mesmo que você goste deste tipo de plataforma 2D dificílimo, até o fechamento deste texto o jogo não funcionava direito.
BETATESTANDO THE KING’S BIRD
O jogo é dividido em alguns hubs, que seriam o equivalente a mundos. Cada hub tem algumas portas que dão acesso a quatro fases por porta. Ao cumprir fases suficientes, a passagem para um novo hub é aberta.
Acontece que, durante o período em que eu estava jogando The King’s Bird, em todos os hubs, entrar em qualquer fase da porta da direita levava a um load infinito. Felizmente, não é necessário passar por todas as missões para progredir. Então eu ignorei estas que não funcionavam, e segui avançando.
Até que cheguei à entrada chamada Fallen Kingdom. Ao entrar aí, o Switch fechava o jogo e dava uma mensagem de erro. Isso significa que, no momento em que eu escrevo isso, The King’s Bird é interminável.
Dito isso, eu joguei pra caramba até chegar neste ponto. Foram literalmente dúzias de fases até chegar no que, acredito, é a fase final. Devo dizer que suas boas-vindas já estavam sendo gastas.
VOA, PASSARINHO
Eu joguei a maior parte do jogo na pintudice, mas nas últimas fases do hub chamado Sky Kingdom, eu já estava cansando de ficar tanto tempo em cada checkpoint, e comecei a usar o modo de ajuda. A esta altura, a diversão e a mágica de suas primeiras horas já tinham aberto caminho para a frustração. Então devo dizer que não fiquei especialmente chateado com não poder mais avançar por problemas técnicos.
Eu avisei a assessoria de imprensa dos erros que encontrei, e eles soltaram uma atualização uns dias depois que resolveu estes problemas. Então a boa notícia é que não é algo que deve acontecer com você.
Mesmo funcionando perfeitamente, no entanto, só dá para recomendar The King’s Bird para quem tem bastante tempo e paciência – ou não se importe de usar o modo ajuda.