The 7th Guest VR é, segure sua surpresa, um remake em VR do clássico dos jogos em CD-Rom, The 7th Guest, originalmente lançado em 1993. Convenhamos, se você nunca viu esta sala, arrisco dizer que você não jogava em computadores nos anos 90.
Porém, este não é um remake comum. A casa é a mesma. Até onde consigo perceber, a história também é a mesma. Porém, o jogo é novo. Não apenas no sentido de ter sido adaptado para VR, mas especialmente porque os quebra-cabeças e a própria ordem em que você visita os cômodos da casa, foram criados para este lançamento.
Além disso, as cenas em live-action, que deixavam o 7th Guest original tão impressionante em 1993, foram totalmente refilmadas, com novos atores e novas tecnologias.
ANÁLISE THE 7TH GUEST VR: LIVE-ACTION EM REALIDADE VIRTUAL
Não sei se foi uma decisão criativa ou apenas técnica. Porém, obviamente não era possível passar os vídeos de 1993 para VR, a não ser que fossem exibidos em uma tela plana. Para The 7th Guest VR, foi tudo regravado com novos atores, que atuaram em meio a um círculo de câmeras. Esta técnica, que também é a utilizada para fazer o bullet time de Matrix, permite que o jogador se movimente pelo espaço enquanto a cena está rolando, e mesmo assim verá tudo do ângulo apropriado. É sinceramente impressionante.
Há dois negativos. Quando você se aproxima muito de um ator, ele some. Então não dá para fazer como em Resident Evil, em que você chega pertinho dos personagens. O outro problema é que os atores são simplesmente muito ruins. Isso era uma característica do The 7th Guest original também. Porém, naquela época as atuações em videogame, quando existiam, não eram boas e não havia atores especializados. Então fica a dúvida: os atores aqui são ruins mesmo ou estão apenas emulando o estilo tosco do jogo de 1993? Sinceramente, não sei a resposta.
ANÁLISE THE 7TH GUEST VR E OS QUEBRA-CABEÇAS
A principal novidade, no entanto, é que os quebra-cabeças, que são o grosso do gameplay de The 7th Guest VR são novos. Acredito que alguns foram adaptados dos originais, mas tem um monte de coisa sem contraparte nenhuma no antigo, a ponto de que os milhares de guias disponíveis na internet não servem para ajudar aqui (pelo menos não até os guias da nova versão aparecerem).
Cada quebra-cabeça é um pequeno joguinho à parte. Alguns cômodos têm vários quebra-cabeças que podem ser solucionados em qualquer ordem. Outros envolvem puzzles mais elaborados, com um levando ao outro, até enfim dar o cômodo como solucionado. É interessante. Mas como toda mídia que envolve uma coleção de coisas diferentes, é também irregular.
O puzzle do trenzinho, em que você deve guiar a locomotiva para pegar os vagões na ordem específica, é muito legal. Outro que gostei muito é o dos manequins apaixonados. Eles começam sem coração, daí você precisa resolver dois quebra-cabeças que darão os corações. Então, deve guiar os manequins através de um labirinto para eles se beijarem no meio. Muito legal. Outro, ainda, envolve arrastar os móveis de uma sala para colocá-los nos lugares corretos, o que é muito legal em VR. Mas não dá para negar, tem alguns, como o dos caixões deslizantes, que são simplesmente pentelhos, e que podem deixar muita gente travada. Especialmente quem não usar guias.
COMO JOGAR?
Assim como o original, The 7th Guest VR tem opção de ajuda embutida. É possível usar moedas colecionáveis para pegar dicas ou pular quebra-cabeças. Porém, eu não consegui descobrir como fazer isso. O menu de ajuda está no mapa, que é uma espécie de tabuleiro ouija. Dá para usar a “palheta” para acender as opções (tipo “ajuda”, “progresso” ou mesmo ver os outros andares). Mas depois de acender, simplesmente não consegui descobrir como selecionar.
Tentei todo tipo de interação que pensei, como apontar, pegar, segurar, usar as duas mãos, mas nada entrava no menu. É uma coisa que deveria ser simples e intuitiva, então sinceramente acho que esta interação não estava funcionando no período de review.
O BERÇÁRIO E AS BONECAS SEM CABEÇA
The 7th Guest VR foi mais um caso de um jogo que eu não consegui terminar porque ele quebrou. Especificamente, meu jogo quebrou no berçário, no puzzle das bonecas sem cabeça. Eu comecei a resolver, e estava tudo bem. Daí saí do quarto e, quando voltei, as bonecas estavam todas sem cabeça, mesmo as que havia montado antes. Porém, elas não aceitavam mais que eu colocasse a cabeça nelas.
A cabeça era magnética. Quando você aproximava ela da boneca correta, ela já grudava. Porém, depois que saí da sala e voltei, elas simplesmente não grudavam. Além disso, uma delas, a que ficava dentro de uma casinha, voltou para o lugar original e ficou presa. Para pegá-la, eu precisava puxar os andares para derrubar a cabeça até a porta de entrada. Por algum motivo, o jogo salvou como se eu já tivesse solucionado o puzzle, com a porta da casinha aberta, mas a cabeça não caía ao puxar os andares. Não que eu conseguiria colocá-la na boneca certa, no fim das contas, mas foi mais um glitch bizarro que aconteceu.
Eu poderia, imagino, usar as muitas moedas que peguei para pular o quebra-cabeça inteiro e continuar o jogo, mas como disse acima, não consegui descobrir como fazer isso – se é que a função funcionava quando joguei.
THE 7TH GUEST VR
A graça de The 7th Guest em 1993 era quão absurdamente high tech o jogo era.Foi um dos primeiros, senão o primeiro, dos filmes interativos que vieram a rodo na época dos CD-Roms. Hoje ele é bem pitoresco, já que os movimentos de câmera eram todos pré-calculados e basicamente era uma coletânea de quebra-cabeças.
The 7th Guest VR atualiza bem o jogo. Você pode caminhar pela casa livremente, e ver os filmes de qualquer ângulo, o que é bem legal. Também dá para interagir com um monte de coisa inútil, como cinzeiros e vasos, o que não deixa a experiência necessariamente melhor. O legal é fazer a maior bagunça e assistir tudo voltando para o lugar magicamente. Eu queria que minha casa funcionasse assim.
QUEBRANDO A CABEÇA COM OS QUEBRA-CABEÇAS
Os puzzles também estão mais inseridos no cenário. No original, cada um era uma tela separada e você via todo o tabuleiro de uma vez. Aqui, em alguns casos, você precisa caminhar ao redor deles para interagir do melhor ângulo para o que quer fazer. Além disso, não existe o ícone do cérebro que, quando clicado, iniciava o puzzle. Aqui você pode literalmente passar do lado do desafio e não se tocar que há um quebra-cabeças ali, o que não acontecia antes.
FILME INTERATIVO
Admito que gostei bastante do trabalho que a Vertigo Games fez aqui. Como remake, The 7th Guest VR é excelente, e pode ser novo mesmo para quem jogou o original e sabe as soluções de cor. Porém, como obra criativa, o título é bem limitado. Ele era high tech na época, mas o fato de ser um filme interativo, especialmente em 1993, limitava as interações e possibilidades.
Apesar da história bacana, dos atores ruins e da tecnologia avançada, não dá para negar que The 7th Guest sempre foi uma coleção de quebra-cabeças (diferente de um walking simulator com puzzles). É basicamente uma coleção de minigames intelectuais. Então eu até acho interessante jogar hoje por lembrar da época em que saiu. Mas diria que este interesse é limitado para um público que conhece e espera que seus jogos sejam bem mais interativos. E não me refiro a poder pegar cinzeiros quando digo isso. E fica a pergunta: será que The 11th Hour VR, a continuação, vem por aí?