Análise Testament The Order of High Human: de euforia a raiva

Testament The Order of High Human é um jogo marcante. E digo isso tanto para o bem quanto para o mal. Temos aqui um game feito por um time pequeno e iniciante, mas extremamente ambicioso. Com grandes ambições e pouca experiência e dinheiro, vêm grandes tropeços. Mas ao mesmo tempo é um jogo impressionante.

Ao jogar Testament The Order of High Human, eu ia de empolgação a frustração em minuitos. De euforia a raiva em segundos. Tinha momentos que pensava “caramba, como este jogo é legal”, e em outros queria parar de jogar, ou queria que acabasse logo. E ele definitivamente não acaba logo.

ANÁLISE TESTAMENT THE ORDER OF HIGH HUMAN

Comecemos pelo começo. Testament The Order of High Human é um metroidvania hack and slash em primeira pessoa. Seu gameplay se apoia em vários pilares. Há, obviamente, o combate. Mas também há muita exploração, desafios de plataforma desenvolvidos, stealth e puzzles. A história é totalmente falada e animada, mas a animação e voz dos personagens é compreensivelmente um dos pontos fracos.

Talvez o principal ponto de atrito aqui seja justamente no combate. Não dá para jogar açúcar, o combate aberto é muito ruim. Você tem espada, magia e arco, e um jogador habilidoso alternaria entre eles conforme a situação. Eu não sou habilidoso, então acabo martelando o botão de ataque torcendo para “eles” morrerem antes de “mim”.

A MECÂNICA PENTELHA

A questão é que embora haja combos e golpes especiais, boa parte deles envolve longo tempo de carregamento ou uma longa sequência de golpes para chegar no payoff. E a coisa é sinceramente meio aleatória. Além disso, tem uma mecânica extremamente pentelha que deixa inimigos invulneráveis. Para conseguir vencê-los, você precisa usar sua “visão detetive”, focar em um olho por dois segundos e então atirar uma flecha no olho. Só então o “protegido” ficará vulnerável. Tudo isso enquanto outros inimigos te atacam sem dó.

Em outros momentos, o game fica de noite, o que significa que sua vida e mana são drenados. Para voltar a ficar de dia, é necessário encontrar e destruir três olhinhos seguindo a receita acima, e então fazer a mesma coisa com o olhão central. Tudo isso, claro, enquanto dezenas de inimigos te atacam sem dó.

COMO MATAR SEU CHEFE

E daí tem os chefes. Uma enorme quantidade deles. Todos extremamente difíceis e com vida inflada em demasiado. Falo de combates que duram 15, 20 minutos, que envolvem economizar seus recursos para durar o suficiente. Morrer quando está quase vencendo envolve reiniciar a batalha. Não dá.

Enquanto jogava Testament The Order of High Human tinha plena consciência de que estava a uma arena ou um chefe de ser obrigado a largar o jogo para sempre, o que acabou acontecendo. Ele tem opções de dificuldade, mas elas parecem não mudar nada, e o game continua extremamente difícil mesmo no fácil. E eu estava jogando no PC, o que significa que mods para customizar a dificuldade seriam uma opção. Infelizmente, até o momento não existem mods. Invencibilidade faria milagres por ele, já que o combate é justamente a única parte realmente fraca do jogo. Além disso, perto do final ele foca muito em longas arenas, com várias ondas seguidas de inimigos, privilegiando totalmente o combate em detrimento ao clima de aventura que permeia o restante da campanha.

A PARTE BOA DE TESTAMENT THE ORDER OF HIGH HUMAN

A questão é que fora do combate dos chefes, ou quando eu não era preso em uma arena com ondas de inimigos, eu simplesmente adorava Testament The Order of High Human. O visual e o mundo são legais, mesmo que a história não seja grande coisa. Mas isso torna explorar um prazer. É empolgante ganhar novos poderes e usá-los para abrir caminhos ou aumentar suas possibilidades de movimentação e ataque. Até mesmo vencer inimigos quando você pode planejar um ataque furtivo, ou simplesmente passar correndo, pode ser legal. Em suma, gostei de tudo, menos de quando o game exige que eu lute.

Tudo aqui é épico, e tem clima de uma grande aventura. Há uma sequência inesquecível, que envolve escalar um vulcão por dentro, sair pela sua cratera, continuar escalando uma montanha nevada e depois descer até o chão novamente. Tem chefes e arenas nesse trecho, alguns inclusive tão difíceis que quase me fizeram desistir. Mas por Tutatis, como eu me diverti nesse pedaço quando não era obrigado a lutar.

A PONTA DO ESPELHO

Nos desafios de plataforma, você pode correr pelas paredes, escalar, pular. Tem três templos ao longo da campanha, onde você entrar para aprender novos elementos de magia, que eliminam totalmente o combate. São longas áreas de puzzle plataforma, e são uma delícia.

O único tipo de quebra-cabeça que acontece com frequência e que eu não gostei é um que envolve guiar um facho de luz através de espelhos. Estes são absurdamente complexos, capazes de travar o jogador por dezenas de minutos. Mas são bem mais raros que o combate e, portanto, enchem menos o saco. A questão é que tudo aqui é azedado pelo combate, a ponto de que eu sempre me decepcionava quando aparecia um chefe. Tem uma parte em que um dragão começa a falar com você, tudo indica que será o início de uma batalha, e quando vi que seria só uma conversa, fiquei sinceramente aliviado.

TESTAMENT THE ORDER OF HIGH HUMAN – MAIS UMA VEZ, COM SENTIMENTO!

Eu joguei Testament The Order of High Human no PC, uma vez que ele ainda não está disponível para consoles. Embora o jogo tenha sido enviado bem antes do seu lançamento, ele estava muito cru, o que me motivou a esperar um pouco para jogar. Agora ele está em um bom estado. Na minha RTX3070 ele roda a 1440p com tudo no máximo a cerca de 90 FPS. Ligando na TV, consigo rodar a 4K mantendo a taxa de quadros entre 40 e 60. Ele tem no menu opção de ligar DLSS, o que com certeza me deixaria jogar a 4K/60. Porém, até o fechamento deste texto, esta opção não funciona, e ativá-la não faz diferença nenhuma na performance.

Justamente pelo DLSS parecer não funcionar, questiono se trocar a dificuldade funciona. Testament The Order of High Human é extremamente difícil e punitivo para um jogo supostamente jogado no fácil. Se a dificuldade funciona corretamente neste momento, ela precisa urgente ser retunada, ou aumentar a quantidade de opções. Acredito que mesmo que você goste de jogos difíceis, a dificuldade nos combates e chefes de Testament serão mais frustrantes do que divertidos, já que é tudo mais aleatório e sem impacto do que em outros jogos focados em combate.

A questão é que como aventura, Testament The Order of High Human é fantástico. Tire o combate, ou o torne menos um impeditivo para o progresso, e o que temos aqui é uma aventura épica e divertida, que é difícil de acreditar que foi criada por um time tão pequeno.