Observation é um dos jogos mais criativos dos últimos anos. É também o mais frustrante. Tão frustrante, aliás, que eu não acredito que consegui suportá-lo até o final. E tão criativo que foi justamente por isso que eu o suportei. Esta é nossa análise Observation.
ANÁLISE OBSERVATION game
Observation é um point and click que lembra bastante aqueles adventures point and click filmados dos anos 90, como Phantasmagoria, The Pandora Directive e The Beast Within. E, assim como estes jogos, o foco é na história e não no gameplay.
A trama se passa em uma enorme Estação Espacial Internacional chamada Observation. Um acidente ocorreu e ela está girando no espaço. Uma astronauta chamada Emma sobreviveu e agora vai tentar descobrir o que aconteceu e, com um pouco de sorte, encontrar seus colegas. A surpresa é que você não controla Emma, mas Sam. Sam é a inteligência artificial responsável pelos controles da estação. Legal, né?
O jogo funciona assim: Emma pergunta algo e você checa seu sistema para responder. Daí ela pede para você resolver o problema e, para isso, é necessário vencer um puzzle bem chatinho, em geral envolvendo uma senha ou um código. Sua visão em geral se limita às câmeras da estação, o que dá ao jogo um ar de Night Trap (não por acaso, outro jogo filmado dos anos 90).
Rola um mapinha com os muitos módulos da estação, você escolhe qual quer acionar e, dentro dele, costuma ter três câmeras para procurar pelos problemas e soluções. Eventualmente, você vai assumir o controle de uma bolinha flutuante, e daí as coisas começam a pegar.
Controlando a bolinha, dá para se movimentar livremente em qualquer direção (pense em Descent). Isso torna a localização um suplício. Tem módulos com três ou quatro saídas, que ficam dos lados, em cima e embaixo. Encontrar a certa é muito mais difícil do que deveria ser. Mas este acaba sendo o menor dos problemas.
CADÊ?
Esta é a pergunta que você vai se fazer durante toda a duração de Observation. Sua dificuldade não é resolver os puzzles, mas encontrá-los. Para isso, você precisa levar seu cursor (os controles foram claramente pensados para mouse, e são apenas funcionais em um gamepad) para um lugar muito específico da tela.
Por exemplo, um objetivo logo no início envolve fazer um upgrade no firmware da bolinha flutuante. Ele te diz o módulo onde o upgrade está. Eu fui até lá e fiquei por 45 minutos tentando interagir com computadores e tudo mais de eletrônico que encontrasse. Sabe o que eu precisava encontrar? Três papéis colados na parece. Desde quando uma máquina faz upgrade olhando para papel?
Fica ainda pior quando você vai para o espaço. Logo depois do upgrade, a bolinha sai da estação e a missão é encontrar um dano que o acidente causou no lado externo da nave. Lá está você, voando em meio a estrelas e a uma estação enorme, de literalmente quilômetros, sem nenhuma dica ou guia além de “encontre o dano”. O que você está procurando é uma manchinha preta de alguns centímetros em um lugar absurdamente específico.
Isso acontece o jogo inteiro. Durante as duas tardes que passei com Observation, eu sentia que cada novo objetivo poderia ser o ponto em que eu desistiria. Isso seria facilmente resolvido destacando de alguma forma objetos com os quais dá para interagir ou mesmo colocando waypoints mostrando seus objetivos. Afinal, o desafio aqui deveria ser resolver os puzzles, não encontrar o centímetro exato em que eles estão.
CUIDADO COM ENJOO
Tudo isso contribui para Observation ter um grande potencial de fazer as pessoas passarem mal. A movimentação livre e sem objetivos claros da bolinha pode causar enjoos e a imagem do jogo constantemente tem interferências intencionais.
Este tipo de coisa me incomodou, mas eu não cheguei a passar mal. Infelizmente já há casos de pessoas que simplesmente não conseguem jogar sem ter ânsia de vômito, a ponto de um aviso ter sido colocado na página de venda do game.
Assim, temos uma história interessante contada de um jeito único. Por outro lado, na melhor das hipóteses vai te fazer ficar perambulando por horas sem saber com o que interagir. Na pior das hipóteses, você vai vomitar.
São problemas muito graves. Isso faz com que Observation seja talvez o único caso em que vale mais a pena você assistir a alguém jogando na internet do que de fato jogar por conta própria. E é uma pena, pois um pouco mais de cuidado o tornaria realmente especial.