Como um aspirante a supervilão na vida real, eu tenho um grande apreço por jogos que deixam você jogar com os malvadões. Há vários deles, e Nefarious é o mais recente, e um dos que melhor faz uso deste conceito. Confira nossa análise de Nefarious.
NEFARIOUS
Nefarious é um jogo de plataforma em 2D bem do jeito que eu gosto. Nada de metroidvanias pixelados, estamos falando de um game dividido em fases lineares e com gráficos e músicas modernos, como Cthulhu planejou. Verdade seja dita, não se trata de um dos melhores jogos com estas características, mas daí entra o conceito de “seja o vilão” e um elenco repleto de personagens carismáticos.
Seu objetivo é simples. Raptar cinco princesas, usar a realeza delas para ativar o seu raio da morte e dominar o mundo. Quem nunca?
A PRINCESA ESTÁ NESTE CASTELO
Cada uma das primeiras fases do jogo envolve o vilão/protagonista indo atrás de uma princesa diferente. A coisa começa bem tradicional, mas não demora para o excelente roteiro criar princesas com características inesperadas.
As fases de “pegue a princesa” seguem uma fórmula simples. Você controla Crow, o vilão, através de um caminho linear até chegar na princesa. Daí você coloca a moça nos ombros e tenta escapar, enquanto o herói daquele reino vai atrás.
Aí começam as ideias realmente boas de Nefarious. Carregar uma princesa muda suas habilidades, afetando diretamente a jogabilidade. Você pode, por exemplo, conseguir pular mais alto, ou coisas bem mais surpreendentes mais à frente do jogo.
Obviamente, cada fase termina com um chefe. E daí entra outra excelente sacada do pessoal da Starblade.
Em quantos jogos você persegue o vilão ao longo de uma fase e, ao alcançá-lo, ele entra em uma máquina letal altamente poderosa? Praticamente todos, né? Pois em Nefarious você assume o controle dessas máquinas. E cada chefe é enfrentado com uma máquina diferente. É tipo o Sonic, mas você é o Robotnik!
MALDITOS HERÓIS!
São apenas cinco princesas, mas Nefarious não tem só cinco fases. Assim, esta não é uma fórmula que se repete em todo o jogo, mas ela responde por seus melhores estágios. Cada princesa só pode ser usada na sua própria fase, então os efeitos que elas têm na jogabilidade são todos limitados.
As missões que não seguem esta fórmula são mais típicas do gênero plataforma 2D, mas tem algumas variações muito bem-vindas, que inclusive trazem um estilo visual totalmente diferente.
Apesar de ser um joguinho bacana, divertido e pra lá de carismático, não dá para colocá-lo frente a frente com os melhores do gênero. O controle não é tão preciso quanto deveria e o level design também não é tão inspirado. Mesmo comparando com um jogo recente do mesmo gênero, como The Messenger, Nefarious não dá para o cheiro. Ele empolga e diverte pela sua temática e pelo uso que faz de seus conceitos, mas como jogo de plataforma 2D, não dá para considerá-lo excelente.
UPGRADES
Outra coisa que me incomodou são os upgrades. Você tem dois ataques: soco e tiro. Dá para usar seu rico dinheirinho para comprar outras armas ou melhorar seu soco, mas praticamente todas as opções são inúteis ou apenas cosméticas.
Por exemplo, uma delas faz o seu soco causar explosões. Agora você me conhece, eu sou a favor de colocar explosões em absolutamente tudo. Porém, isso não aumenta a força ou o raio do seu ataque, é uma diferença apenas visual e sonora. É tão útil quanto uma skin, mas a descrição não diz isso.
Já as armas causam diferença. Logo no início, eu juntei meu dinheirinho para comprar um rifle, que deduzi que seria muito mais útil do que a granada padrão. De fato, como ataque ele é bem melhor, porém o level design depende muito de você usar as explosões das granadas para pular mais alto. Assim, caso você não esteja com elas equipadas, várias áreas das fases ficarão inacessíveis.
Isso não seria um problema se fosse possível alternar entre as armas, mas você deve escolher apenas uma cada vez que passa pelo hub, e daí fica apenas com ela a fase inteira. No final das contas, me vi obrigado a usar as granadas o jogo inteiro.
Há também os tradicionais upgrades que aumentam sua vida e munição e estes são os únicos que valem o investimento. Eu só queria saber disso antes de ter gastado meus primeiros milhares em armas e socos.
O PODER DO CARISMA
Nefarious não vai pirar o cabeção de ninguém. Porém, ele tem três características que o fazem ganhar muitos pontos comigo. São elas:
1 – Audiovisual moderno
2 – Ser dividido em fases lineares e independentes
3 – Excelentes chefes nos quais você controla a máquina enorme e perigosa.
As duas primeiras você pode até encontrar em maior qualidade em alguns jogos como Donkey Kong Country: Tropical Freeze. A terceira eu sinceramente nunca tinha visto antes, e com certeza vai ser dela que vou me lembrar daqui a algum tempo.
Nefarious é um bom jogo, não um excelente. A diversão que você vai tirar dele é diretamente proporcional ao quanto você gosta da proposta de controlar o vilão. Particularmente, eu gosto muito, e me diverti bastante.