Light Fall é um jogo que eu quase deixei passar. Pelos vídeos que assisti antes do lançamento, achei que ele era mais um Limbo–like e, embora eu goste do gênero, achei que dava para deixar passar. Pois nessas horas que é legal escrever sobre games, pois um código para ele chegou de surpresa no meu e-mail, e daí eu me senti na obrigação moral de experimentar.
Pois tirando o visual focado em sombras, Light Fall nada tem a ver com Limbo. Este não é um jogo de puzzles, mas um tradicional plataforma 2D, que envolve muitos pulos e exige bastante da sua habilidade.
LIGHT FALL
Apesar do gênero ser um dos mais clássicos dos games, Light Fall traz mecânicas bastante únicas. Basicamente, o poder do seu personagem é criar caixas. Porém, não espere que para avançar você precise colocar as ditas caixas em botões que abrem portas ou algo assim.
Aperte o botão de pulo durante um pulo e você vai criar uma caixa voadora abaixo dos seus pés. Isso possibilita pular de novo. Dá para criar quatro caixas sem pisar no chão, então basicamente isso funciona como um pulo quíntuplo.
Mas há também outras habilidades, todas focadas em caixas. Apertando o botão A durante o pulo, por exemplo, você cria uma caixa do lado do personagem. É basicamente um wall jump portátil. Combine estas duas formas de pulo e dá para ir bem longe – e bem alto – nos cenários.
PULOS AVANÇADOS
Nas fases mais avançadas, você será obrigado a fazer pulos bem complicados, através de longos abismos cheios de armadilhas, sem poder parar no meio do caminho. Quando chegar à terra firme do outro lado, é quase impossível não soltar um “cara, olha o que eu acabei de fazer”!
Também dá para apertar o Y para atacar com uma caixa, mas isso não é tão importante quanto pode parecer, já que existem poucos inimigos no jogo. O foco é mesmo em pulos e velocidade.
Esta mecânica da criação de caixas pode não parecer tão divertida sendo descrita em palavras, mas acredite, funciona muito bem no jogo. Ajuda o fato de os controles de Light Fall serem praticamente perfeitos, dignos de um plataforma desenvolvido pela Nintendo, o que é o maior elogio que se pode fazer ao gênero.
HISTÓRIA
Há uma história, que é narrada por uma coruja idosa que acompanha suas aventuras. Ela é funcional, mas não é nada que vai marcar sua vida. Light Fall vive gloriosamente pelas suas mecânicas, e isso sim você não vai esquecer.
Como ponto negativo, colocaria os colecionáveis, que não devem apenas ser “colecionados”, mas carregados até um checkpoint. Isso significa que você deve atravessar desafios cuidadosamente planejados para chegar até eles e, depois voltar pelo mesmo caminho. Obviamente, a volta é muito menos legal do que a ida, e isso prejudica um pouco o timing do jogo. Mas seu maior pecado vem no final.
O ÚLTIMO CHEFE
A batalha final de Light Fall segue um padrão que funciona bem para a Nintendo. Aquele esquema de espere o momento de atacar, e ataque, sabe? Pois apesar de aqui usar a mesma fórmula, ela parece uma aula de como não fazer um chefe.
A batalha é muito longa, sem checkpoints no meio dela e simplesmente entediante. Nos jogos do Mario, cada batalha nesse esquema dura dois minutos. Aqui o negócio passa de dez. O chefe tem apenas quatro tipos de ataques, e nenhum dele é difícil de desviar por si só. Porém, ao longo da batalha, você vai ter que desviar desses quatro ataques mais de 100 vezes enquanto espera sua vez de agir.
Inclusive, eu acharia que havia um bug que a impedia de terminar, não fosse pelo fato de que o chefe segue um roteiro de falas que avança conforme a luta progride. Quando eu jogava bem, conseguia atacá-lo três vezes (o que demorava para lá de dez minutos), mas nem sempre eu chegava tão longe e nunca consegui atacá-lo pela quarta vez. Vai saber quanto mais ela duraria?
Depois de 90 minutos tentando sem progresso e sem me divertir absolutamente nada, não vi outra opção a não ser desistir e diminuir a nota do jogo. Infelizmente, pecar em chefes é algo comum no mundo dos games. Pudera, criar estas batalhas épicas é algo difícil e, se seu time não é capaz de fazê-lo, não há problema algum em simplesmente não ter isso no seu jogo.
A LUZ CAIU
Light Fall é um jogo curtinho, daqueles que dá para terminar em uma tarde. Isso se você conseguir vencer o último chefe antes de jogar o controle no gato. Minha sugestão é que você o jogue, mas quando chegar nesta batalha, simplesmente desligue e vá assistir ao final no Youtube.
É uma pena, pois o fato de ser curtinho, somado à sua jogabilidade familiar, mas também nova, o torna um jogo perfeito para admiradores do gênero plataforma 2D que passavam os sábados de sua infância e adolescência jogando os seus congêneres nos 8 e 16-bit.
