Industria é um caso raro. Um FPS sem o inchaço mundo aberto de um Far Cry, mas também sem ser retrô. É um gênero praticamente morto, que hoje em dia só existe quando Call of Duty resolve fazer campanha. Mas Industria não é especialmente parecido com Call of Duty. Na verdade, ele é mais lento, mais cerebral. Mais próximo de um BioshockHalf Life. Ficou intrigado? Ora essa, então é só me acompanhar nessa análise Industria.

ANÁLISE INDUSTRIA

Industria é um FPS, mas demora a mostrar a que veio. Durante um bom tempo, você vai simplesmente andar e solucionar puzzles. É curioso, porque várias mecânicas que são apresentadas nessa abertura ficam por aí. É o caso de uso de itens e administração de inventário, que some quase totalmente quando o tiroteio começa.

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Mesmo quando inimigos começam a aparecer, você fica um bom tempo usando apenas uma picareta para se defender. É quase como se Industria fosse dois jogos em um. Sua abertura é um puzzle em primeira pessoa, e depois ele vira um FPS de ação propriamente dito.

BELO – E ESCURO – VISUAL

Industria tem um visual bem legal, considerando seu orçamento. Seus ambientes exalam atmosfera e os inimigos – todos robôs – são assustadores. O problema é que ele é bonito quando você consegue enxergar.

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Bonitão!

Acontece que o jogo é absurdamente escuro na maior parte do tempo. Nem faz sentido, porque toda a campanha acontece de dia. Mesmo assim, qualquer lugar coberto que você entra fica imediatamente escuro. Na imagem abaixo, por exemplo, eu estou em um lugar aberto, iluminado pela luz do sol. E estou na frente de uma entrada, que fica imediatamente escura. Isso faz sentido pra você? Não é assim que iluminação funciona. E isso atrapalha.

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Você tem uma lanterna aqui, mas ela depende de bateria. Então é comum você ficar andando através do breu com a lanterna desligada sem enxergar nada para não ser pego de surpresa no escuro por inimigos e não ter bateria pro combate. Vou dizer, essa escuridão artificial foi meu principal problema – quiçá o único – com a campanha de Industria.

BANGUE BANGUE DE SURVIVAL HORROR

Outra coisa curiosa é que, apesar de ser um FPS e não ser de terror, o combate é bem próximo do que vemos em um Resident Evil. Ou seja, os inimigos são resistentes, e a munição é bem limitada. Na real, a limitação é no quanto você pode carregar.

Por exemplo, você pode carregar 45 balas de revólver, mas não raro um robozinho padrão precisa de 10 para cair. Isso causa situações de desespero, onde em uma única cena de luta você pode começar de inventário cheio e terminar quase indefeso.

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A solução é a picareta, mesmo depois de ter armas de fogo.

A coisa melhora conforme você vai acumulando outras armas. Em especial a escopeta e o rifle matam a maioria dos meliantes com um ou dois tiros. Então mesmo você podendo carregar apenas 20 balas, ei, são 20 kills. E o jogo realmente vira forte para o lado da ação. Nunca vira algo como Call of Duty, claro. Mas em vários momentos você vai precisar lutar bastante para prosseguir.

ANÁLISE INDUSTRIA: PUZZLES E HALF LIFE

Ele também traz alguns puzzles que eu não via há algum tempo. Mas não são necessariamente algo que sentia falta. São casos em que você precisa carregar caixas de um canto para o outro para formar uma escadinha.

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Tipo assim.

Industria tem um grande foco na história, mas sua história não é especialmente boa.

ANÁLISE INDUSTRIA E A HISTÓRIA

Basicamente, você é uma moça cientista, que vai a outra dimensão em busca do amante, também cientista. O jogo é você indo atrás dele, e descobrindo o que rolou nessa outra dimensão. A questão é que não há muito o que descobrir e, o que há, não é muito interessante. E tem algumas sementes plantadas que nunca são desenvolvidas.

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Tá vendo aquele bicho gigante?

Por exemplo, é possível ver uma criatura enorme andando pela cidade, à distância. A protagonista não comenta nada sobre esse bicho. Eu achei que seria um chefe vindouro ou algo assim, mas não. O jogo acaba e nunca é explicado o que é, ou qual seu papel nessa dimensão. E não é um caso de “ficou para a continuação”. Claro, sempre é possível que haja continuação, mas Industria é um raro caso de uma história que termina de forma fechadinha. No final das contas, o ser enorme que habita a cidade parece ser tão importante quanto as plantinhas no teto. Ou seja, só um floreio visual. Mas é o tipo de coisa que precisa ser abordado no roteiro.

Uma coisa que me agradou bastante é a duração. Industria é um daqueles jogos que pode ser terminado em uma tarde (deve durar cerca de três horas). Assim, ele não cansa e não traz a repetição tão comum em games de orçamento mais alto. Então o veredito é simples: Industria é bacana e traz algumas horas de diversão para quem sente falta de jogos de tirinho. Não é algo que vai mudar sua vida, ou ser especialmente marcante, mas certamente vale ser jogado.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-industria-game-reviewDisponível: Windows, Xbox Series, PS5<br> Analisada: PS5<br> Desenvolvedora: Bleakmill<br> Editora: Headup Games<br> Lançamento: 30 de setembro de 2021 (PC), 9 de junho de 2022 (consoles)<br> Gênero: FPS<br>