Immortal Legacy: The Jade Cypher, anteriormente conhecido como Kill X, é um exclusivo de PS VR e um dos poucos exemplos de um jogo de ação single player com uma campanha relativamente longa. Claro, não espere aqui a duração de Assassin’s Creed Odyssey, mas com uma história que dura cerca de seis horas, este é um dos exclusivos de VR mais longos que já joguei.
IMMORTAL LEGACY: THE JADE CYPHER
Temos aqui um FPS linear que combina cenas de ação com puzzles e exploração. Ele abre parecendo ser uma aventura focada na história, como Uncharted, mas logo se torna algo bem mais próximo de um jogo de terror. A melhor comparação que consigo fazer é com Resident Evil 5. Ou seja, é em seu cerne um game de ação, mas tem temática e clima de terror.
Na história, um soldado cai em uma ilha misteriosa. Agora o jeito é explorar. Logo, ele descobre que não está sozinho. Porém, a primeira impressão, de que a história vai ser importante, se torna falsa. Logo no início, aparece um bandidão que tem toda a cara de ser o vilão. E daí ele some e nunca mais aparece. Seus primeiros minutos de gameplay serão seguindo uma mocinha mas, assim como o vilão, ela também some. Pelo menos esta volta a aparecer muito mais pra frente.
Eu costumo criticar quando filmes parecem ser feitos apenas do primeiro ato para preparar o terreno para continuações. Não é o que acontece aqui. A história de Immortal Legacy é apenas uma introdução que não chega a lugar nenhum. A impressão não é que estão preparando continuações, mas que queriam contar uma história mais profunda, mas faltou o orçamento para isso, e daí resolveram focar no gameplay.
TERROR
Como nos melhores jogos de terror, 95% do seu tempo em Immortal Legacy será explorando sozinho – e lutando para sobreviver.
O jogo também começa em cenários montanhosos abertos, onde você se envolve em tiroteios contra seres humanos, mas a maior parte da campanha acontece mesmo em uma escura caverna onde os inimigos são… bem, não humanos.
SURVIVAL HORROR
É na caverna que o jogo mostra a que veio. Apesar do cenário sem variações, é lá que rolam puzzles e uma exploração mais elaborada. Immortal Legacy é controlado com dois Moves, então é possível equipar uma arma em cada mão. Particularmente, eu preferi ficar sempre com uma arma de fogo na mão direita e usar a esquerda para segurar a lanterna, necessária para explorar com melhor visibilidade e conforto.
E já que falei em conforto, esta é uma excelente notícia. Você se movimenta segurando o botão move de um dos controles, e seu personagem realmente anda, não se teleporta. Ainda assim, Immortal Legacy não me causou enjoo, mesmo eu tendo jogado por várias horas seguidas. Na verdade, ele mais me deixou cansado por ficar tanto tempo de pé do que qualquer problema mais tradicional de VR, mas isso não deve ser um problema para quem o jogar por lazer, e não maratonando para fins de review.
Isso não significa que os controles são perfeitos. A primeira coisa que vai incomodar é a forma de girar: para a direita, você deve apertar o triângulo da mão direita. Para a esquerda, aperte o quadrado da mão esquerda. Tem lógica, mas por ser um funcionamento diferente dos games de VR tradicionais, que atribuem este movimento ao quadrado e triângulo da mesma mão, vai confundir todo mundo. Admito que, embora isso tenha incomodado muito nas primeiras fases, quando terminei o jogo já estava perfeitamente acostumado.
PROBLEMAS DE CONTROLE
Outro problema, e este talvez mais grave, é a mira. Na dificuldade normal, o jogo espera que você mire como faria em uma arma de verdade, levando a arma até os olhos e usando a mira que faz parte da arma. Porém, o problema é o péssimo tracking do PS VR e dos controles Move. Pelo que eu estava vendo, na vida real eu acertaria headshots. Mas o jogo não correspondia a isso. A melhor forma de mirar era atirar com uma metralhadora, ver onde os tiros acertam e ajustar de acordo. Mas não há munição suficiente para isso.
Por causa dos problemas explicados nos dois últimos parágrafos, eu quase desisti de Immortal Legacy depois de cerca de uma hora de jogo. Tornou-se realmente irritante mirar corretamente e morrer por causa de uma mira não eficiente por parte do jogo.
ARREGANDO
Daí eu resolvi mudar para o easy. O jogo não permite mudar a dificuldade no meio da campanha, então precisei reiniciar, outro problema que me incomodou bastante. No entanto, foi a melhor coisa que eu fiz. No easy, todas suas armas têm uma mira laser, o que diminui consideravelmente os problemas técnicos. Ao invés de depender da mira “física”, a ação virou um caso de aponte o laser e atire, o que resolveu minha principal reclamação. Por que limitar a mira laser à menor dificuldade, e não simplesmente a uma opção de menu? Seja qual for o motivo, isso faz com que jogar Immortal Legacy no easy seja a única forma recomendável.
Embora isso torne a ação prazerosa e divertida, os problemas de tracking voltam a aparecer em alguns puzzles. No da imagem acima, por exemplo, você precisa usar um guindaste para tirar as caixas do caminho. É algo simples que se torna extremamente complexo por causa dos controles.
A maioria dos colecionáveis também fica preso dentro de uma caixinha com aquele joguinho em que você deve levar a bola até o centro. Neste caso, até funciona bem, mas a repetição disso acaba enjoando.
O fato é que, depois que mudei para o easy, os problemas com os controles se tornaram mínimos ou, pelo menos, infrequentes. E isso possibilitou que eu realmente me divertisse com Immortal Legacy.
ANDE E ATIRE
Jogos de ação lineares são raros nos games em geral, e eu gosto deles. Os poucos que existem estão no VR, mas mesmo assim a maioria acaba muito rápido ou é muito simples. Não é o caso deste. Embora tenha problemas com história, ritmo e controles, Immortal Legacy é um jogo completo.
Diria, inclusive, que é um dos jogos de ação mais elaborados da plataforma, ao lado do também exclusivo Farpoint. É uma pena, aliás, que não haja suporte para o Aim Controller aqui. Isso provavelmente resolveria boa parte de suas falhas e deixaria sua ação ainda mais satisfatória.
Immortal Legacy não é um jogo que vai entrar para a história, mas se você é um fã de games de ação lineares e procura uma aventura do gênero para VR, é uma boa pedida.