Destroy All Humans! é um título forte. Tão forte, aliás, que eu diria que o título é responsável pelo sucesso que a obra alcançou. Eu mesmo só me interessei por ele por causa disso. E agora ele ganhou um remake e, na nossa análise Destroy All Humans Remake, eu vou contar tudo!

Destroy All Humans! e eu

Em 2005, quando Destroy All Humans! saiu, eu estava voltando a me interessar por games depois de um bom tempo afastado. Havia recém-comprado um PS2 e, quando ouvi falar de Destroy All Humans!, fiz questão de comprá-lo, por acreditar que seria muito divertido. Com esse título, eu imaginava que seria um jogo de ação explosivo, algo como um Contra 3D. Eu estava errado.

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Esta imagem é do Destroy All Humans de 2005, rodando no Xbox One via retrocompatibilidade.

Logo o jogo se revelou algo bem aberto que, apesar de ter missões, não apresentava fases propriamente ditas. Apenas mapas com objetivos sem graça que pareciam sidemissions e que raramente envolviam destruição. Eu joguei um pouco, mas logo encheu o saco e fui para outras coisas.

Em 2020 eu tenho muito mais paciência para jogos que não são focados na ação. Mais do que isso, eu já sabia de antemão que Destroy All Humans NÃO é um jogo de ação. Assim, aproveitei o lançamento do remake para dar uma nova chance a ele. Será que dessa vez eu curti? Bem…

ANÁLISE DESTROY ALL HUMANS REMAKE

Destroy All Humans 2020 é um remake com um trabalho considerável. Comecemos pelos gráficos. Todo o visual foi refeito, com uma estética cartoon que o diferencia do estilo mais “realista” (dentro dos limites da época) da versão original. As cores são muito mais vivas. Os personagens têm traços mais exagerados. Isso combina mais com o humor do jogo, que sempre foi – e continua – bastante afiado.

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Os humanos agora são bem mais cartunescos, e as cores, mais vivas.

Em matéria de estilo, esse novo Destroy All Humans! tem um visual que lembra Ratchet & Clank, o que muito me agrada. Mas é só no estilo mesmo, já que tecnicamente ele é bem mais simples. Na verdade, apesar de as cores vivas darem um visual agradável, não dá para dizer que os gráficos são realmente bons. Certamente ele não se compara a outros remakes recentes de jogos cartunescos, como Spyro.

Mas as novidades dessa vez não se resumem aos gráficos. Os controles foram totalmente repaginados. De certa forma, foram simplificados, mas curiosamente isso acabou deixando o jogo mais complicado. No original, você segurava o L, e aparecia na tela um menu com suas habilidades. Aqui, elas ficam na tela o tempo todo, com ícones difíceis de interpretar. Assim, o hud novo ficou consideravelmente poluído e menos acessível.

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O hud novo tem informação demais e é, sinceramente, bem feinho.

O complicado é que Crypto, o ET que você controla, tem muitas habilidades diferentes, que são explicadas logo no início da campanha, uma depois da outra. Assim, demorou um bom tempo para eu me acostumar com tudo o que dava para fazer, e constantemente me via obrigado a entrar no tutorial do menu para refrescar a memória.

Uma novidade legal é que não há mais limitação para seus poderes mentais, então dá para usar telecinese à vontade.

MAIS NOVIDADES

Uma coisa que me chamou atenção é que, apesar de os atores serem os mesmos, algumas frases estão ligeiramente diferentes. E é algo tão sutil que eu só percebi porque joguei um pouco da versão original de Xbox via retrocompatibilidade antes de escrever este review. Não sei dizer se regravaram algumas/todas as frases, ou se usaram sobras gravadas na época da criação original.

Provavelmente o maior salto de qualidade e acessibilidade nesse novo Destroy All Humans é que cada objetivo cumprido salva um checkpoint. No jogo original, morrer ou falhar exigia reiniciar a fase. Aqui, você só reinicia o último objetivo. Admito que, sem isso, eu jamais teria a paciência de jogar até o final.

Mais importante do que isso, no entanto, é uma nova missão. Chamada de The Wrong Stuff, ela foi originalmente cortada. Agora, para esse relançamento, ela foi recriada e reincorporada à campanha, sendo assim talvez o principal fator de venda para quem é fã do original.

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Eu adoro estes desenhos que abrem as fases.

A missão em si é bem semelhante às outras. Não é melhor, nem pior. Aliás, este é o principal problema de Destroy All Humans, tanto o original quanto o remake. O level design simplesmente não é muito legal.

LEVEL DESIGN

Destroy All Humans é um jogo de mundo aberto em missões. Basicamente, tem uma meia dúzia de mapas diferentes, e cada missão envolve uma pá de objetivos genéricos, que normalmente você vê em sidequests de jogos como Assassin’s Creed. Quase todos eles envolvem stealth e escolta.

O próprio Crypto reclama disso, dizendo que quer causar explosões, e que está cansado de escoltar coisas. Eu lembro bem dessa época nos videogames, em que os jogos tiravam sarro do fato de que os jogadores odiavam missões de escolta, mas por algum motivo não paravam de fazer isso.

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Ah, a fase do caminhão…

Tem uma missão específica, em que você precisa acompanhar um caminhão através do deserto enquanto centenas de inimigos tentam destruí-lo. Pelo bico dourado do papagaio de Satanás, delfonauta! Essa parte foi uma das piores coisas que eu joguei EM ANOS! O caminhão tinha a durabilidade de um papel molhado, e a munição que o Crypto é capaz de carregar parecia não ser suficiente para destruir todos os inimigos a tempo. Eu devo ter ficado 40 minutos preso em um só checkpoint e, quando passei, já estava literalmente a ponto de desistir. E essa não é a única missão de escolta, é só a mais chata.

A campanha ainda termina em uma absurda sequência de chefes terríveis, batalhas extremamente longas e sem checkpoints durante elas, mesmo nesta nova versão. É o tipo de jogo que deixa um gosto amargo na boca para quem chegou até o fim, sendo bem mais recomendável evitar jogar a última missão.

HITMAN DO ESPAÇO

Destroy All Humans funciona bem melhor quando foca no stealth. Crypto é capaz de copiar a imagem de qualquer NPC, ler as mentes dos humanos e até controlá-los. Se disfarçar de mendigo e fazer um guardinha começar a imitar uma galinha é algo realmente engraçado.

Esse esquema de disfarces e as missões que te colocam para explorar áreas restritas dão ao jogo um ar de Hitman simplificado. Aqui não há tanta estratégia, em geral basta se disfarçar e andar até o objetivo, mas é divertido fazer isso, ler os pensamentos e usar os poderes mentais do Crypto em geral.

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Uma coisa legal de fazer é ser perseguido pela polícia, assumir o disfarce de um policial e sair correndo na direção oposta.

E eu realmente gosto do humor dele, que tem um jeitão que mistura dois dos melhores exemplos de humor nonsense que existem: Monty Python e Douglas Adams. Tem até umas piadas mais “adultas” que poderiam arriscar uma classificação indicativa mais alta. As atuações também são excelentes, em especial do próprio Crypto, que é tão mau que quase dá a volta e fica bonzinho.

E, claro, há também alguns pontos em que você deve controlar o disco voador, esses sim em geral focados em destruição.

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SIM! Destrua todos os humanos!

A real é que o combate e a ação de Destroy All Humans! simplesmente não são tão legais. Muito porque suas melhores armas são extremamente limitadas (mesmo após upgrades que aumentam sua capacidade) e é difícil conseguir mais munição. Para isso, você deve “transmogrifar” o cenário (basicamente, martele X), mas as coisas que podem ser transmogrifadas são bastante limitadas e, quando você acha uma, ela quase não dá munição. Ou pior, dá munição para uma arma diferente do que a que você deseja.

UMA GRANDE PISADA NA HUMANIDADE!

Destroy All Humans! nunca foi um grande jogo, mas ele conseguiu, de alguma forma, alcançar um status cult. Isso se deve, acredito, à sua temática e ao seu humor, que são muito legais. Porém, seu gameplay já era fraco em 2005. É uma pena que esse aspecto não tenha sido modernizado também. Eu diria que mesmo quem curtiu o jogo antes pode ter bem menos paciência com tanta missão de escolta hoje em dia. Se você já não curtia, não vai ser essa nova versão que vai mudar sua opinião. Porém, se nunca jogou, e quer aumentar seu repertório gamer, pode valer uma jogada.

CURIOSIDADE:

A desenvolvedora original de Destroy All Humans chama Pandemic Studios. Nome apropriado para a época atual, não?