Eu simplesmente adorei o Destiny 2: Baunilha. Disse na minha resenha que ele era “o melhor que jogos de alto orçamento podem oferecer“. E mais, o elegi como o melhor game de 2018 na minha tradicional listinha anual. Destiny 2: Renegados chegou nos últimos dias com o objetivo de expandir e melhorar algo que já era quase perfeito. Esta é nossa análise de Destiny 2: Forsaken.
DESTINY 2: RENEGADOS
Quando Destiny 2 saiu, minha sensação era a de que a Bungie tinha ouvido e atendido as reclamações da comunidade sobre o primeiro jogo. Ele era muito mais justo, e era muito mais rápido e divertido conseguir os loots mais cobiçados. Isso que tornou o jogo tão legal, e a possibilidade de ganhar equipamento exótico em simples eventos públicos me levava a fazer mesmo estas atividades que eu tradicionalmente apenas ignorava.
Para minha surpresa, os jogadores que reclamavam que o jogo era muito injusto antes agora reclamaram que era fácil demais conseguir as coisas. O resultado é que Destiny 2: Renegados trouxe o shooter da Bungie de volta para o funcionamento do primeiro.
Para você ter uma ideia, em toda minha campanha de Forsaken, eu não consegui um único equipamento exótico. Além disso, antes era relativamente fácil subir o nível das suas armas preferidas. Agora ficou consideravelmente caro. Resultado, eu acabei guardando todo meu equipamento favorito, como o canhão de mão Sunshot, para usar coisas sem graça como pulse rifles azuis.
E quando eu encontrava algo do qual gostava, ela logo ficava inutilizada por armas piores de nível mais alto. Tirei a imagem acima depois de terminar a campanha. Esta foi uma das armas que mais gostei, mas para infundí-la precisaria de duas masterwork cores (consegui três ao longo da campanha inteira) e 25 seraphites (não consegui nenhuma na campanha inteira e não faço ideia de como conseguir). Resultado, infundir não é mais uma opção.
Eu acho difícil entender porque os jogadores queriam este tipo de mudança, mas compreendo perfeitamente a opção da Bungie em atendê-los. Afinal, o interesse dela é que as pessoas continuem jogando. Neste aspecto, eu não sou um fã hardcore de Destiny. Eu gosto de jogar a campanha, brincar com as armas mais legais e daí parar e ir jogar outra coisa. Jogos como serviço e grinding definitivamente não são para mim e, portanto, Destiny 2, pós-Renegados, foi um passo atrás considerável em minha opinião. E o mais chato é que a versão original, como ele era em 2017, sumiu completamente. Por ser um jogo online, é impossível jogá-lo em qualquer forma que não sua forma atual. Definitivamente neste caso não dava para agradar a todos. Mas falemos da campanha.
OH, MEU DEUS! MATARAM O CAYDE!
Felizmente, em matéria de level design e gameplay, Destiny 2 continua fantástico. Renegados conta uma história bem básica de vingança. Cayde-6, o personagem preferido de 11 entre 10 jogadores, é assassinado logo no início, e todo o resto envolve o seu guardião caçando e matando todos os responsáveis, desafiando a própria Vanguarda, que opta por não se envolver.
Por um lado, se você vai matar um personagem importante, só faz sentido ter como vítima alguém de quem os fãs gostam. Por outro, Cayde realmente era o personagem mais marcante de Destiny, e sua ausência vai fazer uma falta considerável.
Fãs especulam que ele vai voltar. Afinal, se trata de um robô, e o nome Cayde-6 dá a entender que existiram cinco versões anteriores. A opinião geral é que a Bungie queria parar de pagar o preço do famoso ator Nathan Fillion, que dublava o personagem e, trazendo-o de volta em uma nova versão, poderia pegar alguém mais barato.
Curiosamente, não chamaram Nathan Fillion para fazer esta última aparição do personagem. A cargo da voz de Cayde ficou o dublador arroz de festa Nolan North, que já tinha também substituído Peter Dinklage como a voz do Ghost. Porém, se para o Ghost ele mudou completamente o personagem, em Forsaken, North fez sua melhor imitação de Nathan Fillion, e de fato ficou muito parecido.
No vídeo abaixo, você confere um pedacinho da primeira fase da campanha, e um dos últimos momentos de Cayde-6 cheio de vida. É também curioso que, neste trecho, você pode ouvir Nolan North (como Ghost) conversando com Nolan North (como Cayde). Caso não seja familiar com Destiny, o nome de quem está falando aparece no canto superior direito da tela.
SEUS BASTARDOS!
Apesar de ser uma história de vingança e de ser a despedida de um de seus personagens mais queridos, não espere que Renegados seja pesado ou deprimente. Pelo contrário, ele mantém aquela linha de “diversão de sábado à tarde” estilo Star Wars. Até a cena de morte de Cayde traz bastante humor, e é uma despedida digna deste personagem que nos arrancou tantas risadas.
A campanha de Forsaken não é muito longa. Tem seis missões tradicionais e mais algumas aventuras. Basicamente, depois da introdução, cada uma das fases te coloca no encalço de um dos barões e, é claro, elas terminam com uma épica boss battle contra um deles.
Renegados traz uma novidade que todo mundo queria e que, desde o lançamento da franquia em 2014, nunca havia sido feito: uma nova facção de inimigos. E sim, estou ignorando completamente os Taken, que eram só uma reskin dos que já conhecíamos.
A bola da vez são os Scorn, e estes de fato são uma raça totalmente nova, criada a partir dos Fallen, velhos conhecidos dos fãs.
Tem também uma nova arma bastante diferente das outras. Trata-se do arco, que é bastante forte, semelhante a um canhão de mão. A diferença é que antes de atirar, você precisa segurar o botão por um segundo para carregar a flecha. Você ganha um arco – e apenas um – durante a campanha. Quando ele popou, era muito mais forte do que minhas outras armas. Por isso, eu o usei durante um bom tempo, mas ele eventualmente ficou obsoleto e tive que substituí-lo por outras de nível mais alto. E na impossibilidade de infundí-lo, ou de pegar outros, acabei aposentando o estilo totalmente.
Os chefes são também mais elaborados do que os que víamos antes na série, trazendo fases e momentos específicos para serem atacados. O lado negativo é que eles são todos meio parecidos e as batalhas são longas demais, fazendo com que se tornem cansativas, especialmente para quem estiver jogando sozinho. A mais marcante é uma que você persegue – e luta contra – montado em um pike, algo que, salvo engano, nunca tinha sido feito em Destiny.
Apesar de as fases em si serem excelentes, a tentativa de agradar os jogadores que queriam mais grinding afetou até mesmo a campanha.
O GRINDING
Em busca de aumentar o tempo de jogo, você não pode ir de uma fase para a outra. O jogo sempre te obriga a fazer algo no intervalo. Logo no início, por exemplo, você deve cumprir cinco contratos antes de poder continuar. Se você é familiar com Destiny, se lembra que os contratos são aquelas atividades genéricas que, idealmente, são cumpridas em segundo plano. Coisas como colecione cinco plantinhas ou mate 50 inimigos do tipo X. São úteis para você ganhar prêmios e XP enquanto faz estas coisas em uma atividade bacana. Mas parar o jogo para ter que ficar caçando plantinhas é simplesmente um saco.
Curiosamente, a Bungie optou por travar uma boa parte da sua expansão atrás de uma parede de grinding que apenas seus jogadores mais hardcore vão aceitar fazer. Depois de terminar a campanha principal, você recebe uma sequência de objetivos chatos que, se cumpridos, liberarão o acesso a uma área totalmente nova. De fato, em Destiny 2: Forsaken, a Bungie demonstra estar focada em jogadores que têm muito tempo – e muita paciência para atividades repetitivas. E este definitivamente não sou eu.
OUTRAS MUDANÇAS E NOVIDADES
O sistema das armas também foi completamente refeito. Agora é possível equipar três armas que usam o mesmo tipo de munição. Mas não, não dá para equipar qualquer uma em qualquer slot, como deveria ser. Só que agora a coisa ficou bem mais confusa. Tem o slot de primárias, o de energia e o de pesadas. Só que algumas das armas de energia usam munição primária, por exemplo. Eu gostava de equipar uma metralhadora como primária e um canhão de mão na secundária, mas fazer isso agora torna a munição de cor verde totalmente inútil para mim, o que não é ideal nem estratégico.
Uma novidade bacana é o novo modo de PVP. Chamado Gambit, ele fica totalmente separado do Crisol, e é uma forma competitiva bastante criativa. Basicamente, você e seu time ficam totalmente separados do outro time, lutando contra inimigos controlados pela IA. Os inimigos soltam itens que devem ser coletados e levados para o banco. Se você morrer, perde tudo que está carregando. Deposite vários de uma vez e você bloqueia o banco adversário e manda um perigoso inimigo para o outro time. É tipo um Tetris versão FPS, e bastante divertido.
Eventualmente, um portal aparece e, passando por ele, você pode invadir o campo inimigo. O invasor terá 30 segundos para causar o maior estrago possível antes de ser puxado de volta. Como as pessoas tendem a invadir quando estão com o super cheio, encarar um invasor é bastante perigoso.
DESTINY 2: FORSAKEN
Eu ainda considero Destiny 2 o melhor que os games de alto orçamento oferecem. Nenhum outro FPS (gênero que anda rareando nos últimos anos) traz um gameplay tão bom ou tem um audiovisual tão caprichado. Quatro anos depois de sua primeira aparição, Destiny ainda é um dos jogos mais bonitos que você pode encontrar.
Embora ele continue com estas características, eu não gostei das mudanças feitas por baixo do capô. Agora Destiny voltou a ser um jogo em que você é impedido de brincar com as armas ou atividades mais bacanas a não ser que esteja disposto a investir horas e horas em atividades arrastadas e repetitivas.
E tem também a ausência de matchmaking, problema antigo, que literalmente trava boa parte do conteúdo para milhares de jogadores. Pessoas adultas simplesmente não conseguem juntar seis amigos para jogar ao mesmo tempo e fazer a raid.
Para qualquer outro jogo, isso tudo seria um suicídio. Neste caso, parece ser justamente o que os fãs queriam. Em questão de opinião, não existe um certo ou um errado. Para mim, este novo funcionamento ficou consideravelmente pior e menos recompensador. Mas eu não tenho muito tempo para jogar, e exijo o máximo de diversão no menor tempo possível de meus jogos.
Destiny 2 agora é um time sink, como era o primeiro. Você pode fazer a campanha e abandoná-lo, mas se quiser jogá-lo para sempre, isso é possível, e vai te recompensar com as armas e desafios mais bacanas do jogo. Coisas que eu, e tantas outras pessoas, simplesmente não vamos ter saco para ver, por mais que tenhamos vontade.