Oito meses após o explosivo lançamento de Destiny 2, aterrissa entre nós a segunda e última expansão do season pass: A Mente Bélica. O DLC traz uma porção de novos conteúdos, incluindo mais armas, mais inimigos, mais mapas, mais assaltos e mais desafios, assim como mais gente acusando a Bungie de não oferecer conteúdo suficiente. Mas, antes de discutirmos as acusações e chegarmos a um veredicto, analisemos os fatos.

UMA MINICAMPANHA

A nova campanha de Destiny 2 é tão curta que por pouco não acaba antes mesmo de começar. Ela é composta por quatro missões e tem uma duração média de duas horas (um pouco mais, se seu nível de poder estiver abaixo do recomendado).

A história gira em torno de Ana Bray, uma cientista da Era Dourada e heroína lendária da Fenda do Biquíni Crepúsculo. Ao investigar as calotas polares de Marte em busca de conexões com seu passado, a moça se depara com criaturas da Colmeia enterradas sob o gelo. E, para detê-las, será necessário contar com a ajuda de Rasputin, a tal mente bélica do título – ou algo assim, já que o enredo é um bocado confuso. Esta é basicamente a sinopse da narrativa, mas a história não chega a ir muito além dela.

A Mente Bélica, Delfos
Não olha assim que eu me apaixono.

Apesar de curtinha, a campanha diverte. A última missão, em especial, traz um confronto de contornos épicos, colocando você para enfrentar um deus-verme gigante. O maior problema dessa minicampanha, como eu disse, é sua ênfase no “mini”.

A narrativa termina justamente quando começa a engrenar. O gancho final, particularmente interessante, é de deixar qualquer jogador ansioso para saber o que acontecerá em seguida. E todos sabemos que provocar ansiedade no jogador é crime previsto em lei. Ponto para a acusação.

PROTOCOLO AGRAVAMENTO

Que a comunidade de Destiny 2 adora reclamar, ninguém discorda. Os protestos mais constantes apontam para a falta de variação nas atividades pós-campanha e o baixo nível de dificuldade do jogo em geral. Mas parece que a Bungie quis matar dois Cabais com um tiro só, e para isso lançou uma atividade que não é apenas desafiadora, mas ligeiramente impossível.

A Mente Bélica, Delfos
Prepare-se para morrer. Muito. Mesmo.

O Protocolo Agravamento é um evento público que acontece em Marte. Para acessá-lo, é obrigatório antes terminar a campanha de A Mente Bélica. Uma vez ativado, o Protocolo irá lançar sucessivas ondas de inimigos para cima dos jogadores, aumentando progressivamente a dificuldade. São sete ondas ao todo, cada uma com um chefe a ser enfrentado no final.

Perguntei para amigos de clã e jogadores hardcore de grupos do Whatsapp quão longe eles tinham chegado nessa atividade. Aparentemente, ninguém conseguiu ir além da terceira onda, o que me leva a crer que a ânsia da comunidade por desafios maiores foi satisfeita. Ponto para a defesa.

RECICLAGEM

Não estivesse a Bungie envolvida com mídias digitais, diria eu que se trata de uma empresa extremamente preocupada com soluções ecológicas e ambientalmente sustentáveis. A quantidade de skins, mapas e criaturas reaproveitadas nessa expansão, assim como na anterior, é de fazer inveja aos centros de reciclagem de qualquer metrópole.

Os inimigos da vez, por exemplo, são variações da Colmeia cobertas com gelo, enquanto algumas armas e equipamentos “novos”, como Regime SUROS, Simulador de Dormência e Guerreiro Eterno são, na verdade, itens do primeiro Destiny, disponibilizados agora a título de nostalgia.

A Mente Bélica, Delfos
Este chefe é um dos poucos inimigos não recauchutados da expansão.

E nem mesmo os Assaltos escaparam da reciclagem. Assim como ocorreu em A Maldição de Osíris, os dois Assaltos adicionados em A Mente Bélica são repetecos dos melhores momentos da campanha. Com o agravante de que, dessa vez, existe um terceiro Assalto disponibilizado apenas para o Playstation 4.

Chamado de Terminal Intuitivo, é o único Assalto realmente inédito desde o lançamento de Destiny 2, e acabou por deixar de fora uma boa parcela dos jogadores. Sendo assim, após muito deliberar, o júri decide que esta é uma tremenda sacanagem com quem joga em outras plataformas. A acusação comemora.

MAPAS PARA O CRISOL, INCURSÃO E OUTRAS DELÍCIAS

A Mente Bélica adiciona dois novos mapas para o Crisol e um novo Antro de Incursão, o Pináculo Estelar. Infelizmente, não consegui experimentar este último, já que não tenho nível suficiente para enfrentar o desafio – algo que espero remediar futuramente. Assim que conseguir jogá-lo, portanto, volto aqui para contar o que achei.

A expansão também aumenta o nível dos jogadores para 30, e o nível de poder máximo para 385, elevando assim os níveis recomendados para atividades como Assalto Heroico e Anoitecer. Foi adicionada ainda uma nova área ao planeta Marte, denominada Hellas Basin.

A Mente Bélica, Delfos
Um bom lugar para passar as férias pipocando geral.

Ao refletir sobre o acréscimo dos mapas PvP, a nova localidade em Marte, o aumento de níveis e a terceira parte da Incursão Leviatã, esta corte decide mandar um salve para a defesa, que se agita na tribuna.

TEMPORADA 3

A chegada da nova expansão dá início à temporada três de Destiny 2 – a última do ano um. E com ela veio também a atualização 1.2.0, disponibilizada para todos os jogadores, tenham eles adquirido A Mente Bélica ou não.

Vale destacar que a atualização oferece mais conteúdo que o próprio DLC, trazendo melhorias em habilidades e armas exóticas; mudanças no PvE e no Crisol; alterações em atividades como Assaltos, Incursões, Vanguarda, Desafio dos Nove e Bandeira de Ferro; adição de 100 slots no baú de cada jogador; inserção de uma roda de emotes e modificações no inventário e no funcionamento do Eververso, além de atualizações para recompensas de clã e uma porção de correções que abrangem diversos aspectos do jogo, incluindo o áudio.

A Mente Bélica, Delfos
Agora é possível designar um gesto para cada botão do D-pad.

Não bastasse tudo isso, os mapas PvP de A Mente Bélica também estarão disponíveis para todos, exceto em partidas privadas. Ufa! Acho que não esqueci de nada, mas você pode conferir por si mesmo neste comunicado oficial.

Fica difícil definir se essa postura da Bungie, de oferecer mais conteúdo gratuito do que para quem comprou o DLC, é legalmente válida ou não para este tribunal.

Por um lado, claro, parece um desincentivo para quem pensa em adquirir a expansão. Por outro, é justo que mesmo as pessoas que não a tenham possam se beneficiar de atualizações e benefícios constantes – afinal, elas já pagaram pelo jogo-base. Assim, com meu senso crítico abalado pela dualidade da situação, declaro oficialmente encerrado este julgamento.

O POVO VS. BUNGIE

Pelos poderes a mim concedidos por este Supremo Tribunal Delfiano, declaro o réu meio culpado das acusações, mas também meio inocente. Está claro que a Bungie não agiu de má-fé em sua nova empreitada, haja vista a sempre excepcional qualidade de suas produções e a quantidade de atualizações liberadas para todos os jogadores.

Porém, não está totalmente isenta de culpabilidade, como podemos observar pela ostensiva reciclagem de conteúdo presente em sua mais nova expansão, sem falar na ousadia de terminar a campanha justamente quando ela atinge seu ponto alto.

A Mente Bélica, Delfos
Por mais momentos tremendões como este.

Fica assim decidido que o réu deverá oferecer campanhas maiores em suas próximas expansões, porque é isso o que a gente quer, e se possível pelo menos uma nova raça inimiga – ou, vale sonhar, um novo modelo de Guardião.

Além disso, a Bungie deverá se comprometer a continuar oferecendo assistência e melhorando progressivamente o jogo de tiro mais pica desta e de outras galáxias, sob pena de a comunidade reclamar muito no Twitter e fóruns afora – ainda que, a despeito das reclamações, continue a jogar Destiny como se não houvesse amanhã.

Pela presente resenha outorgo e valido minhas considerações, diante da ilustre presença dos leitores-testemunhas e sob os olhos vigilantes dos Guardiões internet afora.