Isso está se tornando comum. Estou falando de ficar sabendo de um lançamento bacana para Windows e simplesmente não querer esperar até – ou se – ele sair para console. Foi o caso do tremendão Trepang2, e é o caso deste delicioso Boti Byteland Overclocked.
ANÁLISE BOTI BYTELAND OVERCLOCKED
Boti Byteland Overclocked é um fofo e delicioso plataforma 3D em fases. Seu mundo, design dos personagens e habilidades lembra MUITO Astro’s Playroom, aquele game fantástico do Astro Bot que vem pré-instalado em todo PS5. Inclusive, este acontece dentro de um computador/videogame, com cada fase se passando em uma peça, como processador ou placa de vídeo. Até nisso ele é semelhante ao game de apresentação do PS5.
Boti, o robozinho protagonista, é capaz de pular, planar e socar os inimigos. Ele é acompanhado por duas moças, Zero e Um, que vão fazendo comentários parar evoluir a história ou simplesmente piadinhas, como quando dizem que a placa de vídeo só serve para mostrar imagens bonitas. A história não é especialmente importante, mas o mundo é bacana e os personagens falam de verdade.
EXTREMAMENTE ATRAENTE
Há muitos pequenos detalhes que atraem logo de cara. As caixinhas que servem para você quebrar, por exemplo, têm “zip” escrito nelas. E ao quebrá-las, elas soltam bytes, que dublam de dinheirinho para comprar upgrades ou melhorar seu hub. Outro destaque legal é o primeiro chefe, que é um cavalo de tróia. Adorável.
Boti Byteland Overclocked não é um coletaton, mas como em todo plataforma, você passa boa parte do tempo explorando e pegando coisinhas. Ocasionalmente, você precisa usar seus bytes para abrir passagens e avançar na fase, mas nunca a exigência foi maior do que eu tinha, e acredito que em geral dá para acumular o dinheiro necessário nos arredores da parte trancada.
BYTELAND É UM LUGAR LINDO
Boti Byteland Overclocked tem um mundo muito interessante e belo, mas não é especialmente variado. Apesar de independente, temos aqui um jogo bem técnico, de rivalizar com o próprio Astro’s Playroom em visual. Curiosamente, na versão de PC não há muitas opção de customização. Dá para ativar/desativar ray tracing, escolher entre três qualidades gráficas e mudar a resolução.
Com meu note com uma RTX3070 ligado na TV, eu consegui jogar em 4K com tudo ligado a 60fps mais ou menos 70% do tempo. Era comum ele cair na casa dos 50 com alguma frequência, e muito raramente ia abaixo disso. Apesar de ser um estilo visual que não costuma ser muito pesado, o uso que ele faz de ray tracing é bastante extenso e frequente, a ponto de rivalizar com Marvel’s Spider-Man Remastered neste aspecto.
Simplesmente não há muito a se estender para falar do gameplay. O jogo é delicioso, muito bonito e tem boa performance. Especialmente, é um típico jogo de plataforma 3D, gênero que a essa altura você com certeza conhece e já sabe se gosta ou não. O mais importante é que, embora ele não reinvente a roda, suas fases são bacanas e toda a campanha é uma delicinha de jogar. Ele tem apenas oito fases, mas elas são mais longas do que você espera, durando em média 45 minutos cada. Ou seja, a campanha tem duração comum do gênero, e certamente tem muito mais sustância do que Astro’s Playroom.
BOTI BYTELAND OVERCLOCKED E O GRANDE PORÉM
E daí chegamos ao grande porém. Boty Byteland Overclocked sai hoje, em 15 de setembro. Eu recebi o código de review em 17 de agosto, muito antes do lançamento. Esta análise reflete o estado do game em 23 de agosto e, infelizmente, este não é bom.
Eu encontrei um monte de problemas de variados tamanhos. Há os inconvenientes, como ele mostrar os botões do controle do Playstation mesmo eu jogando com um de Xbox. Outro é que ele só tem neste momento três achievements, e as descrições parecem ser os nomes dos arquivos (um deles é literalmente Achi02_name_Clock_Up). Mas tem muita coisa mais pentelha rolando. Em determinada fase, abri uma porta e morri do outro lado. O checkpoint era antes da porta, e ela se manteve aberta. Porém, eu não conseguia passar por ela. Era como se estivesse fechada. Tive que fechar o jogo totalmente e restaurar o save para resolver o problema. Em outro momento, o jogo travou meu computador totalmente, e nem com Ctrl+Alt+Del eu conseguia fechá-lo ou mudar de janela.
PARA O ALTO E AVANTE
Eu tive a impressão que quanto mais longe ia na campanha, piores ficavam os problemas. Não sei se é o caso de que eles foram limpando os bugs em ordem de gameplay, mas é como me senti. No final da campanha, a coisa estava tão precária que qualquer probleminha eu literalmente achava que não ia mais conseguir progredir.
A última fase em especial foi uma bagunça, com um monte de erros e, quando consegui concluir, a cutscene final tocou sem mostrar personagens nem legendas, apenas as vozes. Daí voltou pra tela título enquanto passavam os créditos, eu carreguei meu jogo e os créditos continuaram passando. Bizarrice tamanha.
MESMO ASSIM EU QUERIA MAIS
Você sabe que eu tenho muito mais experiência em analisar games de console, e não me lembro de ter pego um nessas condições antes. Mas também é bem raro ter acesso a um game um mês antes do lançamento. Eu acredito que boa parte dos problemas que encontrei, especialmente os que quebram o jogo, não vão mais existir no lançamento.
Nas últimas semanas, o game recebeu literalmente dezenas de patches, que colocaram os achievements (com alguns, mas não todos, destravados retroativamente) e certamente corrigiram vários outros problemas. Mas por via das dúvidas, vale esperar um pouco. Talvez para ter a experiência mais polida possível, valha esperar o lançamento para consoles no início de 2024 (onde eu certamente gostaria de jogá-lo de novo).
Então na minha versão de review há problemas. Porém, MESMO ASSIM eu me diverti horrores com Boti Byteland Overclocked. A nota que ilustra esta resenha, de quatro dragões vermelhos e meio, levou tudo que digo aqui em consideração – INCLUSIVE os problemas. O jogo é simplesmente bom desse jeito. Sendo completamente polido e funcionando direitinho, seria um candidato fácil a nota máxima e jogo do ano. Infelizmente, este não foi o game que joguei, mas espero e acredito que seja o que você vai jogar.