Quando eu vi os primeiros vídeos de Azuran Tales: Trials, constatei que se tratava de um plataforma em 2.5D e, portanto, decidi analisá-lo. Quando chegou o código de review, veio junto com aquele velho discurso de “os jogos hoje em dia são fáceis demais, então resolvemos fazer um jogo difícil”. Isso fez com que eu me arrependesse imediatamente de ter escolhido escrever uma análise Azuran Tales Trials.

ANÁLISE AZURAN TALES TRIALS

Já abordamos este tipo de discurso por aqui. É uma falácia dizer que os jogos hoje em dia são fáceis demais, uma vez que, com a influência absurda de Dark Souls, nunca a dificuldade média foi tão alta quanto nesta geração. Ao repetir este discurso truezão, Azuran Tales: Trials ganhou minha antipatia imediata.

Análise Azuran Tales Trials, Azuran Tales: Trials, Tiny Trinket, Delfos

Porém, Azuran Tales: Trials aborda a dificuldade de forma que a From Software e outras desenvolvedoras metidas a truezonas poderiam se influenciar: ele toma muito cuidado para não ser frustrante.

ANDE PARA A DIREITA, PULE, DÊ PORRADAS

Mas antes falemos sobre o gameplay em si. Azuran Tales: Trials é um jogo linear de ação dividido em 16 fases. Alguns estágios são concluídos em cinco minutos ou menos. Outros levam mais de meia hora.

gameplay é bem simples, e a mesma estratégia funciona para praticamente todos os inimigos. Basta rolar atrás deles e encher de porrada. Quando ele virar para você, role para o outro lado, e repita até vencer. Isso não significa que é fácil evitar a morte, uma vez que os vilões batem forte. Mesmo com a saúde totalmente upada, é comum morrer com um ou dois ataques.

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Há literalmente dúzias de chefes, mas quase todos serão vencidos com esta mesma estratégia.

Tecnicamente, o jogo se destaca negativamente. O visual é feio, os cenários são quase sempre iguais, e as músicas envolvem melodias de 10 segundos que ficam repetindo ad infinitum.

Problemas técnicos são comuns. Ao longo da campanha, seu personagem vai atravessar chãos, chefes se tornarão invulneráveis sem motivo, ataques que você acertou não vão registrar e, o mais grave, portas que deveriam abrir não se abrirão. Alguns desses paus são benignos. O cachorrão acima, por exemplo, ficou parado e eu pude simplesmente bater nele até que morresse. Outros são mais graves, e exigem reiniciar a fase do início, o que é um problema se você estiver em uma das mais longas, que duram mais de meia hora.

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Este é o único ponto da campanha que brinca com o fato de ser 2.5D.

Ainda assim, ele consegue a façanha de ser divertido. Nada nele realmente se destaca, e tudo demonstra que é o primeiro jogo dos criadores. Mas por ser um jogo de ação bem “mindless“, acaba entretendo bem. Eu sinto falta de jogos mais focados na porradaria, ainda que seja em um gameplay bem simples, como é o caso aqui.

VOLTEMOS À DIFICULDADE E FRUSTRAÇÃO

Azuran Tales: Trials é difícil. Eu devo ter morrido mais de 200 vezes durante sua campanha. Porém, ele é estruturado com respeito ao tempo do jogador. Ao morrer, você perde metade dos dinheiros e fragmentos que estiver carregando (usados para upgrades) e volta para o checkpoint. Porém – e aqui está a sacada – os inimigos que você já derrotou não ressuscitam. E os que te mataram, com exceção dos chefes, não recuperam vida. Isso faz toda a diferença.

Assim como em Bioshock, desde que você acerte um golpe no desafeto em cada vida, vai conseguir avançar eventualmente. Então não existe aqui aquela chatice de ficar horas preso em um mesmo checkpoint, sem perspectiva de avançar.

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Corre, meu!

A exceção são os chefes. Estes, com raras exceções, recuperam a vida quando te matam. Mas todos têm um checkpoint literalmente na mesma sala do combate, e não há loadings para tentar de novo. Assim, as tentativas se misturam sem interrupção alguma no gameplay, minimizando a frustração ao máximo.

Azuran Tales: Trials tem vários aspectos de um jogo relativamente amador, ou pelo menos feito por iniciantes. Porém, ele conseguiu algo que desenvolvedores como a From Software parecem incapazes de conseguir: é um jogo difícil que respeita meu tempo. Provavelmente eu morri mais vezes ao longo de sua campanha do que no próprio Sekiro, mas em nenhum momento eu fiquei com raiva do jogo.

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Não dá para negar que Azuran Tales: Trials é quase um jogo nada. Dito isso, é um raro representante de jogos de ação simples e diretos. Se você está a fim de simplesmente andar para a direita porrando uns monstros, é uma das suas poucas opções.

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Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-azuran-tales-trials-reviewDisponível: Windows e Switch<br> Analisada: Switch<br> Desenvolvedora: Tiny Trinket<br> Gênero: Plataforma 2D com porrada<br> Lançamento: 24 de junho de 2019<br>