Análise Audica, Harmonix, PS VR, VR

Acredito que ninguém discutirá comigo quando eu digo que a Harmonix é a realeza dos jogos de ritmo. Caso o nome não cause lembranças, eles são os criadores de Guitar Hero e, quando a Activision ficou com o nome, eles foram e melhoraram sua própria fórmula com Rock Band. Nesta análise Audica, você vai conhecer o mais novo jogo deles, que mantém o alto padrão pelo qual a desenvolvedora ficou conhecida no gênero.

ANÁLISE AUDICA

Audica é um “jogo de tiro” em VR. As aspas estão aí porque ele na verdade não é isso. Mas a forma mais prática de se explicar em palavras seu gameplay é que este consiste de atirar em pratos que vêm voando em sua direção. Só que os pratos atingidos fazem a batida das músicas e geram lindas e coloridas explosões de neon. Jogar Audica é como brincar de tiro ao alvo dentro de uma discoteca. O melhor mesmo para entender como o jogo funciona é assistindo a um vídeo de gameplay. Se liga:

Você tem uma arma em cada mão e suas cores (customizáveis) representam se os pratos devem ser destruídos com tirinhos da esquerda ou da direita. Alguns pratos exigem segurar o gatilho por alguns segundos até explodirem.

Aumente a dificuldade e o gameplay fica consideravelmente mais complexo, exigindo que você estapeie bolas que vêm na sua direção, segure a arma horizontal ou verticalmente ou até que faça um desenho específico na tela enquanto segura o gatilho.

É tudo bastante intuitivo, simples o suficiente para qualquer pessoa – mesmo alguém que nunca brincou com VR – pegar e se divertir. Tem também um teto de habilidade absurdo, com as dificuldades mais altas colocando tantas coisas na tela que você provavelmente vai precisar enxergar em bullet time para conseguir vencer.

ASSIM COMO GUITAR HERO

A progressão é bem semelhante aos Guitar Hero clássicos. Você pode jogar qualquer música no equivalente ao quickplay, ou então seguir a campanha. Nesta, as músicas são divididas em cinco grupos e, para desbloquear o próximo, é necessário conseguir uma determinada quantidade de estrelas no anterior. As estrelas funcionam exatamente como em Rock Band, com sua performance sendo classificada em até cinco estrelas de acordo com sua pontuação.

A pontuação também é o que você espera. Acerte 10 notas seguidas, e você ganha um multiplicador, até um máximo de 4X. A novidade é que errar uma nota não te coloca de volta na pontuação simples. Cada nota perdida tira um multiplicador. Isso evita aquela frustração tradicional do Rock Band/Guitar Hero de você ter uma longa sequência, perder uma notinha e demorar um tempão para voltar a pontuar. Mas, é claro, as estrelas foram adaptadas para este novo funcionamento, então não espere que a coisa seja mais fácil: é apenas menos frustrante.

A campanha ainda trás modificadores para algumas músicas. Alguns são legais (suas armas mudando de cor durante a faixa) mas outros são terríveis, como precisar mover os braços por 500 metros para seu placar contar.

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Ele tem o polimento e o capricho esperados de uma desenvolvedora com a experiência da Harmonix, e um visual neon brilhante cheio de explosões que parece saído de um título da Housemarque. O mais importante é que ele é muito divertido e viciante. Quando decidi que já tinha jogado o suficiente para escrever este review, eu fiquei por um tempo falando para mim mesmo “só mais uma música”. Quando vi, já tinha passado mais de 40 minutos.

TRILHA SONORA

A trilha de Audica é, em sua maioria, composta de faixas eletrônicas instrumentais. Tem alguns nomes grandes do gênero, como David GuettaDeadmau5. Porém, admito que não tenho conhecimento suficiente do estilo para dizer se há tantos clássicos aqui quanto nos primeiros Guitar Hero.

Embora eu não seja um grande fã de música eletrônica, as faixas funcionam bem no jogo. As batidas fortes e as cores brilhantes, tudo em VR com fones de ouvido, contribuem para uma sobrecarga dos sentidos, que deixa o jogo bastante impressionante. Não se deixe levar pelas imagens desta matéria (capturas do PS VR ficam muito ruins): Audica é bonito e estiloso.

Se destaca no tracklist uma música da banda de metal inglesa Dragonforce, aquela que ganhou fama por ter a música mais absurdamente difícil do Guitar Hero 3. Eu gosto bastante de Dragonforce e seu metal virtuoso fanfarrão, então desnecessário dizer que foi a que mais gostei no jogo. Mas é fato que eles estão bem deslocados em uma trilha composta quase totalmente de música eletrônica instrumental.

DIVERSÃO POR CENTENAS DE HORAS

Audica é bem semelhante a Guitar Hero em muitas coisas. É fácil para qualquer pessoa pegar, jogar e se divertir. Dá para jogar uma campanha inteira em uma tarde, mas é o tipo de jogo que brilha na repetição. Aumentar a dificuldade do beginner para o standard, assim como no Guitar Hero, deixa o jogador muito mais conectado com a música, e portante a diversão aumenta exponencialmente. Imagino que o mesmo aconteça nas dificuldades mais altas, mas eu ainda não sou bom o suficiente para jogar nelas.

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Embora eu esteja comparando bastante Audica com os trabalhos antigos da Harmonix, é fato que um potencial jogador de hoje vai imediatamente lembrar do Beat Saber. Tanto Audica quanto Beat Saber são jogos de ritmo de altíssimo polimento e qualidade, e qual você vai preferir vai provavelmente se resumir se você gosta mais de brincar de espadinha ou de tirinho. Fãs mais hardcore de jogos de ritmo sem dúvida vão tirar muito proveito de ambos.

Meu único problema com este é justamente ele ser em VR. Não que ele faça mal uso da tecnologia, pelo contrário. Mas é que jogar algo em VR, pelo menos para mim, não é uma experiência casual. Eu preciso mexer nos cabos do PS4, montar o headset, liberar espaço na sala. Não é tão simples quanto pegar os controles e começar a jogar. E este é o tipo de jogo que funciona muito bem quando você tem alguns minutos para matar e quer uma diversão rápida. E isso, na minha experiência, não é compatível com as barreiras que o PS VR apresenta.

Passe por elas, no entanto, e temos aqui um dos melhores e mais divertidos jogos que você pode curtir com seu PS VR.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-audica-harmonix-reviewDisponível: Windows e PS4 (VR apenas)<br> Analisada: PS4<br> Desenvolvedora: Harmonix<br> Editora: Harmonix<br> Lançamento: 7 de março de 2019 (Windows) e 5 de novembro de 2019 (PS4)<br> Gênero: Ritmo com tirinhos<br>