Yu Suzuki provavelmente é um dos grandes responsáveis pelos principais jogos da Sega. Sério mesmo, olhar a parte games developed da página dele na Wikipedia é basicamente espiar minha infância. Curiosamente, o cara considera que a grande obra dele foi o chatinho Shenmue. Como Shenmue 3 não trouxe os frutos esperados, o cara agora tenta reavivar os louros passados com Air Twister.
ANÁLISE AIR TWISTER: SPACE HARRIER + AFTERBURNER
A imagem acima deixa claro o que esperar, mas eu vou falar com todas as letras para quem não viveu os anos 80 e 90. Air Twister remete diretamente a Space Harrier. Nos cenários, nos chefes, até na heroína e em seus movimentos. Na jogabilidade, no entanto, ele puxa de outro jogo bacana do Suzuki: After Burner.
Air Twister é um on-rails shooter em que você controla uma mina voadora. Porém, o estilo After Burner vem na jogabilidade de lock-on. Ou seja, você passa a mira pelos inimigos e, apertando o botão de tiro depois disso, solta um teleguiado esperto.
Daí vêm os chefes e, aparentemente só para fazer uma referência a outro clássico da Sega, você monta em um animal alado. A jogabilidade permanece exatamente a mesma, então é apenas uma modificação visual. E é bacana, pois estas bestas alteradas são bem interessantes. Vão das bizarras, como um peixe com asas (Piranha 2: Assassinas Voadoras e seu desconhecido diretor mandam lembranças) até alguns bastante fofos, como um elefante com asas. É, todos têm asas, mas acho que já deixei isso claro, né?
EU AMO A ESTÉTICA DOS FLIPERAMAS
O principal ponto de venda de Air Twister, para mim, é como ele pega exatamente aquela estética dos fliperamas da qual eu sinto tanta falta. É tudo brilhante, colorido, cheio de detalhes. Vou dizer, graficamente Air Twister é muito mais simples do que, por exemplo, Alan Wake 2. Mas, meu camaradinha, é muito mais bonito. Se liga.
Aliás, como experiência audiovisual, Air Twister é perfeito. Não apenas é visualmente espetaculoso, mas tem uma das trilhas sonoras mais bonitas do ano. As músicas podem ser descritas como “rock opera” ou, para ser mais direto, elas lembram muito o estilo do Queen. E, meu, eu amo Queen, cê sabe!
Com a jogabilidade simples e gostosa e o tremendo espetáculo audiovisual que é, Air Twister parecia feito sob medida para mim. Infelizmente, ele não está satisfeito em ser um fliperama. Um jogo como Turtles In Time, que você joga até terminar, fica feliz e um tempo depois joga mais uma vez. Ele quer ter progressão. E daí o popô cai ladeira abaixo.
NÃO VENHA COLOCAR ROGUELIKE NOS MEUS ARCADES
Se você jogou After Burner Climax no PS3, deve fazer uma boa ideia de como a progressão de Air Twister funciona. Ela só é mais elaborada. Basicamente, quanto mais você joga o modo principal, mais fácil ele fica. Matar inimigos dá estrelas e as estrelas podem fazer você avançar casinhas na skill tree mais complexa que existe.
Você pode ganhar de tudo na skill tree acima. Novas músicas, novas peças de roupa. Mas o principal são mais vidas, novas armas e outros modos de jogo. Uma partida te dá algumas centenas de estrelas, então a ideia é que você insista o suficiente no jogo até conseguir avançar o suficiente na skill tree para o desafio ficar banal.
Dentre os outros modos de jogo (coisas como boss rush ou turbo, além de minigames independentes), há um modo arcade, em que dá até para escolher a dificuldade, mas você joga com armas e personagem padronizados, sem upgrades. Depois da minha primeira partida, eu fui direto nele, escolhendo o easy, mas infelizmente, ao contrário de jogar arcades em emuladores, você não tem vidas infinitas. Jogar no easy te dá um monte de vida, mas perdeu tudo é game over, sem choro, e sem ganhar estrelinha para avançar no progresso principal.
AIR TWISTER E EU
Sua primeira partida é sem opções. Então eu fui nela até levar game over, e só então fui introduzido aos menus e upgrades. Daí fui no arcade. Não consegui terminar. Dei uma olhada no tabuleiro, e tinha uma arma que eles recomendavam para iniciantes, mas eu precisava de algumas centenas de estrelas para chegar lá. Então joguei as três primeiras fases algumas vezes (não dá para morrer antes da terceira) para acumular os pontos necessários. Comprei a arma para iniciantes e comecei uma nova partida, já decidido que seria a última vez. Fui, e consegui terminar.
Sinceramente, se eu pudesse jogar Air Twister como um fliperama, com vidas infinitas, provavelmente o jogaria muitas vezes, pois gostei do jogo em si. A ponto de que, se fosse o caso, provavelmente concederia cinco Alfredos a ele. Mas não é o caso. Air Twister quer que você jogue um monte de vezes até terminar, o que simplesmente não é para mim – mesmo eu só tendo precisado jogar três vezes até conseguir vencer.
Tem até uma conquista para quem jogar mais de 100 horas. Considerando que a campanha dura 40 minutos, parece que o Yu Suzuki acha que criou um jogo com muito mais sustância do que o que joguei. Como jogo de 40 minutos, Air Twister é excelente. Mas ao sonhar em ser um jogo de 100 horas, ele foi perto demais do sol, e voltou com apenas três Alfredos.