Na última reunião do DELFOS, eu comentei: “se o Alan Moore fica sabendo do uso que o Brasil está fazendo das máscaras de Guy Fawkes, ele rolaria no túmulo. No túmulo que ele usa para dormir enquanto adora um deus dragão que ele sabe que não existe”. Agora, graças ao Uol, que conversou com o barbudão pelo telefone, podemos tirar a dúvida.
“Desejo o melhor para os protestos no Brasil. Acho que o que estão fazendo é maravilhoso e espero que isso progrida para uma vitória. Mas a HQ não é a forma que eu me conecto com esses protestos”, contou o gênio dos quadrinhos. “Há 30 anos eu estava apenas respondendo à situação da Inglaterra da minha perspectiva. Não eram premonições do que aconteceria no futuro”.
Questionado sobre a máscara, no entanto, nosso amigo não escondeu a mágoa que guarda da AOL-TIME-WARNER-DC: “Acho que não tenho muito a dizer a respeito [da máscara em relação ao protesto], porque eu sou apenas o criador da história V de Vingança. E eu não tenho uma cópia de ‘V’ em casa, isso foi tirado de mim por grandes corporações. Não tenho nenhuma associação a esse trabalho há alguns anos e podem existir consequências em falar sobre ele”.
Alão credita a criação da máscara ao parceiro da HQ David Lloyd, que hoje ganha milhões vendendo seu símbolo da resistência em shoppings ao lado de camisetas com o rosto de Che Guevara. Provavelmente vendo o paradoxo nisso, prefere tirar o seu da reta e evita falar sobre a máscara em si.