A cabine de hoje estava marcada para as 10h, mas só foi começar às 10h30, horário-padrão das cabines matutinas da Sony. Então eu pergunto: por que não mantiveram as 10h30 desde o princípio? O filme nem era tão grande assim pra justificar uma cabine mais cedo, e aí os caboclos mais desligados não chegariam atrasados, como aconteceu. Pessoas… É impossível gostar delas.
Quem também não gosta de gente é Mark Zuckerberg, criador de uma das mais populares redes sociais do mundo, o Facebook, e que, graças a essa pequena contradição, ganhou rios de dinheiro. E também enfrentou dois processos simultaneamente. E essa, meu amigo delfonauta, é a sinopse de A Rede Social, filme que conta todo o processo de criação do Facebook e as tretas que inevitavelmente isso desencadeou.
Temos aqui um ótimo protagonista, e em momento algum você vai gostar dele, porque embora Mark não seja fã de seres humanos, ele próprio é um babaca e o roteiro faz questão de frisar isso já a partir da primeira cena. Imagine o Sheldon, mas retire toda a falta de noção que o torna um personagem engraçado, o que sobra? Um imbecil que se acha muito superior aos outros. Este é o Mark Zuckerberg cinematográfico.
Fica até um pouco difícil de acreditar que, por mais genial que fosse, alguém iria querer fazer qualquer coisa com esse cara. Ainda assim, o brasileiro Eduardo Saverin (interpretado aqui por Andrew Garfield, o futuro Homem-Aranha) se considerava amigo dele, foi co-fundador da empresa (ele criou um algoritmo importante para o funcionamento do site e investiu todo o capital inicial) e em troca foi impiedosamente sacaneado. Sério, dá até dó do cara.
Outro mostrado como um grande filho da mãe (além de paranoico e com mania de perseguição) é Sean Parker, o criador do Napster, e também é um dos sócios do Facebook. Segundo o filme, seria ele o estopim da separação nada amigável entre os dois sócios e amigos.
Sei que estou falando muito da história, mas não há como ser diferente. Essa é toda a graça do filme, ele se concentra na narrativa e só. Devo dizer que, mesmo eu não dando a mínima pra esse tipo de coisa (nem tenho Facebook), achei a trama muito interessante e a condução da narrativa é excelente, em nenhum momento deixando o ritmo cair.
Sim, alguns personagens parecem ter suas características exageradas, às vezes beirando o maniqueísmo, mas em outros momentos é possível ver os verdadeiros sentimentos que movem os personagens, e isso ajuda a remediar um pouco esse exagero.
O que é engraçado é que, por ser um filme basicamente centrado na história, se alguém perdesse os créditos de abertura e não visse David Fincher creditado como diretor, jamais se tocaria de que é um filme dele. Não há absolutamente nada de seus maneirismos visuais nesse trabalho, pois ele optou por uma visão mais direta ou até genérica, se preferir. Você jamais percebe a mão do diretor, exceto pelas atuações (todos estão ótimos). Há quem ache isso bom. Eu, particularmente, gostaria que ele fosse um pouco mais ousado visualmente, como em seus trabalhos anteriores.
Para quem usa essa bagaça de Facebook e se interessa por histórias de negócios da internet, esse filme é para você. Para quem gosta de uma boa trama cheia de inveja, trairagem e ressentimentos, também é mais que recomendado. Uma boa diversão.