Sete anos após A Máscara do Zorro, chega esta continuação. Não consigo deixar de pensar por que tanta demora. O primeiro filme era bem legal, fez dinheiro e, no entanto, só agora saiu A Lenda do Zorro. O fato é que, com ou sem demora, a nova aventura do justiceiro mascarado é tão divertida quanto a primeira. Para um maior divertimento com o novo filme, é recomendável refrescar a memória reassistindo ao primeiro. Dada a dica, vamos à resenha.
A nova história se passa 10 anos após os eventos mostrados no primeiro filme. A Califórnia está prestes a se tornar o 31º estado dos EUA, então Zorro está meio ocupado tentando manter a ordem em seu povoado. Don Alejandro De La Vega (Antonio Banderas), assumiu as posses e o sobrenome do Zorro original (no primeiro filme, interpretado por Anthony Hopkins). Casado com Elena (Catherine Zeta-Jones, de O Terminal e Doze Homens e Outro Segredo), os dois têm um filho, Joaquin, praticamente uma cópia do pai, com talento nato para se meter em confusão.
Acontece que Elena não está nada feliz com Alejandro. Ele lhe prometeu que iria aposentar sua persona de vigilante e dar mais atenção ao filho, mas até agora não cumpriu com a palavra. Por outro lado, o pequeno Joaquin, que desconhece a vida dupla do pai, pensa que ele é só um nobre bobalhão sem tempo para ele. As coisas esquentam tanto na casa da família De La Vega que, em determinado momento, Elena diz a Alejandro que se ele sair para mais uma missão, é melhor não voltar. Dá para imaginar a cena? O Zorro escorraçado de casa pela esposa!
Ao mesmo tempo em que precisa resolver a situação com sua família, Alejandro tem que lidar com um novo vilão, Armand (Rufus Sewell, o malvadão de Coração de Cavaleiro), um conde francês com planos nefastos (como todo bom malfeitor) para os EUA. Qual a surpresa de nosso herói ao descobrir que sua amada está arrastando asa para o sujeito! Chega, se eu contar mais posso estragar alguma surpresa.
Bom, o filme é bem divertido. Mistura bem altas doses de ação com humor. É impossível, ao ver Antonio Banderas de espada em punho e falando com aquele sotaque espanhol, não lembrar imediatamente do Gato-de-Botas em Shrek 2, personagem dublado por ele. Descontado esse humor acidental, ele e Catherine têm uma boa química juntos e os dois apresentam um bom timing cômico. Para se ter uma idéia, até o cavalo do Zorro protagoniza duas ou três piadas!
Quanto à ação, as coreografias das lutas de espada são muito boas. A primeira cena de ação do filme, que começa no vilarejo e termina em uma ponte em construção, é muito legal. Este é mais um filme que evita ao máximo o uso de efeitos de computação, privilegiando um realismo (dentro do possível) maior. Agora, não espere ver sangue. Embora a película esteja cheia de duelos de espada, ninguém espeta ninguém. Destaque também para o som. O filme é cheio de explosões no talo. Verdadeira prova de resistência para os tímpanos.
Mas não espere por nenhuma inovação. O filme segue à risca velhas fórmulas, mas o faz com competência. Seu objetivo é ser uma mera obra de entretenimento, sem grandes pretensões. Neste papel, cumpre seus objetivos com louvor.