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A primeira vez que ouvi falar de Beowulf foi no jogo Fighting Masters, de Mega Drive, que tinha um personagem com o mesmo nome. Pouco depois, fiquei sabendo que o nome vinha de um poema clássico, o mais antigo épico existente na língua inglesa e constantemente estudado nas escolas da Inglaterra e dos EUA.
A história não apresenta nenhuma novidade. É basicamente o mito do herói e, se você gosta de Star Wars, Harry Potter ou de Senhor dos Anéis e não se importa em ver tudo de novo, é praticamente certo que vai gostar da história de Beowulf. Como a história é bem básica, não vou me estender nela. Basta dizer que é aquele esquema “um grande mal assola um reino e apenas um homem pode acabar com ele”.
Agora que tiramos a história do meio do caminho, vamos falar do que realmente importa aqui. O diretor Robert Zemeckis é, provavelmente, o meu cineasta preferido. Cacilda, o cara fez De Volta Para o Futuro e Uma Cilada Para Roger Rabbit, dois dos melhores filmes da história. Sinceramente, ele poderia ter se aposentado por aí, mas ainda foi em frente e fez Forrest Gump. Até quando se aventura no lamacento terreno dos filmes de natal, ele se dá bem. Ok, Náufrago é chato pra burro, mas vamos tentar ignorar essa mancha na carreira dele, certo? Afinal, ele fez De Volta Para o Futuro e Roger Rabbit.
E se a direção do Robertão já é garantia de qualidade, quando vemos que o roteiro é do Neil Gaiman, a ponta mágica do triângulo dos grandes escritores nerds (completado pelo testosterônico Frank Miller e pelo filosófico Alan Moore), chega a ser até covardia, certo? Pois se o roteiro não apresenta nenhuma novidade, a narrativa é boa o tempo todo, sem momentos mornos e com cenas de ação excelentes. A luta final, que coloca o herói Beowulf contra um dragão é linda e emocionante – aliás, me lembrou bastante do jogo Shadow of the Colossus, com seu jeitão Davi e Golias.
Já que falamos na beleza, o visual também é digno de nota. A Lenda de Beowulf é uma animação em computação gráfica, com designs realistas. Embora a direção de arte seja sempre primorosa, muitas vezes a técnica se mostra um tanto irregular. Em alguns momentos, você poderá jurar que está vendo um “filme filmado”. Em outros, no entanto, a coisa fica mais artificial do que em jogos de videogame como Gears of War.
Completando o aspecto visual, o filme ainda é em 3-D (embora eu ache que isso vai depender do cinema em que você for assistir, então escolha bem) e, ao contrário de pérolas como esta, isso não é o principal elemento do filme. Você não vai ver personagens cuspindo na sua cara ou apontando armas para você. Tudo que acontece está inserido na história, não existem gags 3-D, se é que você me entende. E isso é positivo, pois coloca o lado 3-D depois do lado filme, que é o que realmente importa.
Aliás, quero fazer uma reclamação generalizada. Você já reparou que sempre que algo é divulgado como 3-D na mídia, vemos coisas saindo da tela? Você alguma vez já viu algo saindo da tela? Eu não! O que eu vejo é uma certa profundidade nos personagens e nos cenários e isso é legal, mas em nenhum momento eu tenha a impressão de que algum personagem está pertinho de mim.
Voltando ao 3-D, os óculos que recebemos na sessão de imprensa são muito superiores àqueles com celofane azul e vermelho tradicionais, já que é um material de melhor qualidade, que não afeta as cores e cansa menos a vista. De qualquer forma, é um tanto desconfortável, pelo menos para mim, que não uso óculos.
Aliás, ao contrário do que pode parecer, já que se trata, basicamente, de um desenho em 3-D, Beowulf definitivamente não é um filme para crianças. Tem várias cenas com violência explícita (incluindo tripas) e muitas referências sexuais que podem incomodar os papais mais puritanos. O curioso é que, mesmo assim, a versão que assisti foi a dublada, para meu desespero. Pelo menos sou obrigado a admitir que a dublagem está acima da média e, se conta com algum global no elenco, ele não se destacou negativamente como costuma acontecer.
A música, como em todo filme de Zemeckis, ficou a cargo do Alan Silvestri, responsável pela maravilhosa trilha de De Volta Para o Futuro e pelas belíssimas melodias de Forrest Gump, mas que dessa vez não se destacou e fez canções apenas corretas.
No final das contas, A Lenda de Beowulf é um ótimo filme, porém sem grandes novidades. Talvez tivesse um impacto maior se tivesse sido feito há alguns anos, antes da moda do mito do herói no cinema. Ainda assim, sem dúvida merece ser assistido em uma boa sala, de preferência em 3-D. Fala sério, só a cena da luta com o dragão já vale o ingresso.
Curiosidades:
– O elenco conta com Crispin Glover, o George McFly de De Volta Para o Futuro, fazendo a voz do monstro Grendel. O estranho é que, pelos documentários presentes no DVD do longa da família McFly, tive a impressão de que Zemeckis tinha brigado feio com Glover. De qualquer forma, minha verdadeira curiosidade está relacionada a como o nome do cara aparece no release: Crispin Hellion Glover. De onde saiu esse Hellion? Será que o cara anda ouvindo muito Judas Priest ou W.A.S.P.?
– Esta cabine foi feita no Shopping Eldorado, provavelmente por causa da hypada sala 3-D (que, aliás, é bem legal). Depois da sessão, eu fiquei mais tempo procurando a saída do shopping do que para chegar aqui no Oráculo de DELFOS. O curioso é que, na minha cabeça, eu peguei as mesmas escadas para descer do que para subir, mas saí em lugares completamente diferentes, o que fez com que eu me sentisse naquela sala de Hogwarts que tem as escadas que se mexem.
– Aliás, já que estamos falando do local onde a sessão se realizou, eu não consigo entender porque a Cinemark tentou uma mudança de posicionamento tão grande. Depois de mais de uma década se esforçando para colocar a marca como os piores cinemas de São Paulo, com as cadeiras mais desconfortáveis e os layouts de sala mais burros, eles decidem reformar o cinema do Eldorado para virar um lugar super legal e extremamente luxuoso. Realmente, a reforma deu certo, as cadeiras estão bem confortáveis e a qualidade das salas novas é mesmo boa. Ainda gosto mais do cinema do Shopping Frei Caneca, mas o Cinemark Eldorado finalmente se tornou freqüentável. O difícil vai ser dissociar a marca Cinemark dos terríveis cinemas dos Shoppings Higienópolis e Santa Cruz.