O trabalho de crítico de cinema é mesmo bem legal em 98% do tempo. Vemos os filmes de graça e antes de todo mundo. Os outros 2% são a parte ruim, quando saímos de nossas aconchegantes camas de manhã (eu sempre digo que o ser humano não foi feito para acordar antes do meio-dia) para ver uma porcaria como A Caverna.
São filmes como esse que tornam o gênero terror injustiçado, considerado inferior. Para cada O Exorcista e O Iluminado, surgem dezenas de filmes sobre criaturas horrendas cujo único propósito é dilacerar rostinhos tão bonitos quanto inexpressivos. Para quem se inicia na fina arte de assistir aos filmes de horror, no começo essas obras podem ser muito divertidas. A graça é tentar adivinhar quem vai morrer e em que ordem. Mas depois de uns 20 filmes absolutamente iguais, só resta o tédio. Logo, as verdadeiras jóias do gênero tornam-se poucas dentre inúmeros exemplares cujo único propósito parece ser pegar poeira nas prateleiras das locadoras.
Aliás, A Caverna é um típico filme que você aluga quando vai à videolocadora mais próxima e descobre que já assistiu a todos os lançamentos. Para não perder a viagem, decide dar uma chance àquelas fitas (agora DVDs) cujas capas não têm nenhum nome famoso e cheiram a “filme b”. É uma aposta. Na maioria das vezes é dinheiro jogado fora, mas de vez em quando uma pequena pérola é descoberta. No caso de A Caverna, o que vale mesmo é a primeira opção.
A tripinha de história é a seguinte: uma caverna (ahá!) é descoberta na Romênia. Um grupo de experientes mergulhadores é chamado para liderar a expedição, já que grande parte dela está inundada. Mal eles entram no lugar, acontece um acidente e a entrada é obstruída, forçando-os a achar outro lugar para sair. E é aí que eles vão se deparar com uns monstrões famintos por carne humana. A partir daí, você já sabe, é aquela velha história dos humanos lutando pela sobrevivência, enquanto vão sendo eviscerados um de cada vez pelas criaturas.
Lembra muito um Eclipse Mortal (aquele filme onde o careca Vin Diesel combatia uns monstros durante um eclipse em outro planeta) de segunda categoria, sendo que este já era um filme de segunda categoria. Daí dá pra se ter uma idéia do que é apresentado. Fazendo uma matemática básica, podemos considerar A Caverna um filme de quarta categoria.
No elenco, o nome principal é Cole “quem?” Hauser, que por sinal também fez Eclipse Mortal. E vale citar ainda a presença de Daniel Dae Kim, o Jin da série Lost. O resto do elenco é formado por um bando de desconhecidos que merecem continuar assim.
Tirando a chatice e previsibilidade do filme, há ainda duas coisas que incomodam. A primeira são as aparições dos bichos, sempre em cenas picotadas para que nunca se vejam eles por inteiro. Dá uma certa dor de cabeça esses movimentos irritantes de câmeras e a edição acelerada. Eu sou a favor de se mostrar logo as coisas ou não mostrar de jeito nenhum. Esse meio termo não funciona. A outra é mais uma dúvida minha: como os mergulhadores conseguem falar debaixo d’água com os reguladores de oxigênio enfiados em suas bocas? Melhor deixar pra lá…
Assim, A Caverna é mais um exemplar que vem para somar – e não para acrescentar qualidade – ao gênero já apinhado de monstros assassinos. Com produções como essa, não é de se espantar que os filmes de horror continuem sendo subestimados. A única solução seria se os produtores desses filmes começassem a serem dizimados por uma criatura horrenda. Ei, até que não é má idéia! E quer saber? Isso até rende um filme!
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Madrugada dos Mortos
O Grito
O Massacre da Serra Elétrica
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