Estava eu voando por entre nuvens em forma de peitos enquanto choviam tiras de bacon quando avistei um Tiranossauro Rex. Não deu outra, desci dos céus e acertei-lhe uma bela muqueta na fuça, fazendo-o explodir como resultado de meu poder descomunal. Nesse momento, Bono Vox começou a cantar em louvor e poucos segundos depois me toquei que era aquele CD do U2 que ninguém queria, mas mesmo assim “popou” do nada um belo dia no meu telefone, me despertando para mais um dia de trabalho.
E essa foi a melhor parte do meu dia, delfonauta, porque depois foi só azar. Assim que cheguei à cabine de À Beira-Mar a assessora já informou que a cópia digital havia dado um problema, mas que ele estava sendo resolvido. Contudo, o início da sessão iria atrasar. Eis que o tempo foi passando, passando, eu li um livro quase inteiro e o tempo continuou a passar. E não é que o atraso acabou sendo de duas malditas horas!? Para se ter uma ideia, ele estava previsto para começar às 10h30, porém as luzes só se apagaram às 12h30, quando teoricamente ele deveria ter terminado.
Com tudo isso, saí com o estômago colado nas costas de fome. A boa notícia é que até eu chegar em casa (obrigado, trânsito de São Paulo, sempre pronto para chutar um cara quando ele já está caído), demorou tanto que, quando finalmente consegui almoçar, já era tão tarde que contou também como janta. Menos pratos para lavar, já é alguma coisa…
Bom, mas e o filme? Bom, para completar a desgraça, ele também não foi a melhor coisa para se assistir com o humor que eu estava. A nova empreitada de Angelina Jolie na direção, agora assinando também o roteiro, junta novamente Angelina e o maridãoBrad Pitt na tela, o que não acontecia desde quando eles se conheceram em Sr. e Sra. Smith.
Os Pitts (afinal, nesta produção a atriz incorporou o sobrenome do marido nos créditos) são um casal em crise dando um rolê pelo litoral da França na década de 70, até que eles param numa cidadezinha com cara de cenário de cinema e se hospedam num hotel.
O personagem do Brad Pitt é escritor e quer aproveitar o visual do lugar para ver se acaba com seu bloqueio criativo. Já sua mulher é a típica Garota-Enxaqueca. Nada está bom, tudo está ruim. À medida que o filme avança, e eles começam a espionar um jovem casal recém-casado no quarto ao lado, vamos lentamente descobrindo porque a relação deles chegou a esse ponto, o que, para ser sincero, não é grande coisa.
O longa começa estiloso, com uma bela fotografia, trilha sonora cool e Angelina Jolie explorando bem o cenário paradisíaco. Mas logo esse deslumbre inicial passa e o que sobra é muito pouco. Não chega nem a ser uma enorme DR porque a mulher se recusa a se abrir com o truta, então fica aquela coisa de clima pesado que bem poderia se resolver com uma conversa que nunca acontece.
Particularmente, esse tipo de drama nunca foi do meu gosto, mas mesmo com a cabeça aberta, ainda foi duro de aturar. É aquele filme arrastado, sem muito a dizer, que poderia facilmente ser menor, e mesmo assim ainda seria enfadonho. Foi uma experiência bastante cansativa assistir a isso e a longa espera até o início não ajudou em nada, apenas acentuando ainda mais essa sensação.
Vale dizer, contudo, que além do visual bonitão, o casal de protagonistas está muito bem, e o filme inteiro é levado nas costas de suas interpretações, ainda que também não sejam performances de cair o queixo e clamar por carecas dourados. E isso conclui os pontos positivos da película.
À Beira-Mar até ameaça partir por um caminho mais diferentão no início, mas logo acaba caindo na seara das produções que parecem ter sido feitas com o propósito de angariar prêmios e só. Bonito visualmente e protagonizado pelo casal de ouro de Hollywood, porém vazio e chato. Ou seja, o pacote é chamativo, mas o conteúdo é quase inexistente. Deve ter coisa melhor em cartaz.