Permita-me começar esta análise BloodRayne ReVamped com uma historinha do início dos anos 2000. Os jovens daquela época costumavam passear no shopping, e eu era um deles. Eu costumava ir ao cinema com alguma namorada, e até a sessão começar, a gente ficava perambulando, entrando em lojas e olhando produtos, mesmo sem ter intenção de comprar nada. Às vezes eu acabava comprando. Aliás, foi assim que adquiri quase toda minha coleção de DVDs de filmes.

Um que eu nunca cheguei a comprar, mas namorei muito foi BloodRayne. Pois é, naquela época dava para comprar jogos de PC em lojas culturais, os mesmos lugares em que se compravam CDs de música e DVDs de filmes (como o comércio cultural mudou, não?). E o BloodRayne sempre me chamou a atenção. Eu pegava a caixona na mão, ficava olhando as figuras e imaginando como era o jogo. Eu nunca cheguei a comprá-lo, mas ele sempre ficou na minha memória, e eu sempre tive vontade de consertar isso. Minha oportunidade chegou com BloodRayne ReVamped, que a Ziggurat Interactive relançou para os consoles da geração passada em 18 de novembro de 2021.

ANÁLISE BLOODRAYNE REVAMPED 1+2

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Os dois BloodRaynes foram relançados ao mesmo tempo, ambos com versões para PS4, Xbox One e Switch. Eu solicitei códigos para ambos, com os planos de fazer um texto completão sobre toda a série, como fiz para Crysis Remastered Trilogy. Porém, nossos amigos da Ziggurat optaram por fornecer apenas o primeiro jogo. Até onde sei, ao contrário de Crysis, os dois BloodRaynes ReVamped estão sendo vendidos separadamente, sem opção de comprar todos juntos com desconto.

Eu fiquei um pouco decepcionado a princípio. Afinal, queria jogar ambos e, se não fosse para cobrir, dificilmente conseguiria o tempo para tal. Porém, pouco depois de começar a campanha de BloodRayne ReVamped, pensei comigo mesmo… há males que vêm para bem.

O COMBATE DE BLOODRAYNE

BloodRayne é, primordialmente, um hack and slash. A protagonista Rayne pode usar também armas de fogo, que são miradas automaticamente, mas o grosso do combate é com armas brancas. E aí está o principal problema. O combate simplesmente não é gostoso. Falta crocância. Falta poder. E, principalmente, falta impacto.

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Por “falta poder”, não entenda que a protagonista não é poderosa. Ela é. BloodRayne é uma baita power fantasy. Porém, seus ataques mal parecem conectar com os inimigos. No final das contas, este é um hack and slash em que usar armas de fogo é mais útil e, principalmente, mais divertido. Mas se você só atirar, a munição logo acaba, e você fica preso nos ataques corpo a corpo até coletar mais.

É possível apertar quadrado para chupar qualquer personagem humanoide. Isso recupera sua vida e, se você não soltar, literalmente chupa o desgraçado até ele morrer.

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Ser chupado até morrer não é uma das piores mortes que consigo imaginar.

Para evitar que você saia por aí chupando todo mundo, o jogo usa as táticas que você espera. Tem inimigos que, se “chupados até morrer”, se transformam em um adversário não chupável e mais poderoso. Isso coloca uma certa tática no combate. Você chupa essa galera para recuperar vida, mas tem que focar em interromper a chupação e finalizá-los na porrada ou tiros.

O LEVEL DESIGN DE BLOODRAYNE REVAMPED

level design é curioso. Em cada um dos três atos, você tem uma lista de objetivos/alvos. Algumas das fases envolvem simplesmente seguir um caminho linear. Outras são um pouco mais abertas. Seus sentidos de vampira mostram onde seus alvos estão como uma bola azul, que dá para ver através das paredes. Você deve descobrir como chegar neles e matar todas as bolas que estão naquela área antes de continuar para a próxima.

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A bola azul representa um alvo ou seu próximo objetivo.

O jogo segue a rotina típica da época. Como em Max Payne de PS2, BloodRayne é dividido em telas relativamente curtas, dando a possibilidade de salvar sempre que você finaliza uma delas. Mas o caminho nem sempre é claro, em especial nessas “telas de caça”. Além disso, jogando a versão de PS4 no PS5, BloodRayne ReVamped tem a desagradável mania de travar, exigindo fechar o jogo e recarregar o último save.

ANÁLISE BLOODRAYNE REVAMPED, MAS NEM TANTO

Quando enviou nosso código de review, a assessoria pediu para que eu atentasse ao fato de que BloodRayne ReVamped não é um remaster, mas apenas um port do jogo original. Bom, de fato não há nada extra e o gameplay e controles não foram alterados. Inclusive, o layout dos botões é terrível, colocando o ataque principal no L1, acredita? Por outro lado, ele tem ReVamped no nome e claramente roda em resolução mais alta do que o original, então eu o consideraria um remaster sim.

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Os nazistas de 2002 já sabiam que a gente precisava cobrir nariz e boca com máscaras. Pena que os nazistas de hoje não são tão inteligentes.

Mas esse não é nem o problema. O problema é que BloodRayne simplesmente não é um bom jogo.

ENVELHECEU COMO UM PÃO

Seria fácil dizer que BloodRayne não envelheceu bem. Mas eu sinceramente não acho que é o caso. Ele saiu em 2002. Para eu ter uma base de comparação, busquei o ano de lançamento de outros hack and slashes antigos. Devil May Cry saiu em 2001. Ninja Gaiden é de 2004.

O primeiro Devil May Cry certamente ainda não tem o combate excelente pelo qual a série ficou conhecida. Mas já tem muito mais impacto do que BloodRayne. Caramba, Streets of Rage é de 1991 e já tinha mais impacto em suas porradas.

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Os inimigos de BloodRayne sequer se movimentam quando você os acerta.

Agora Ninja Gaiden, embora seja dois anos mais recente, tem um combate que até hoje é uma delícia. E eu sei porque ele também foi relançado em 2021. Mesmo se comparado com esses jogos antigos, BloodRayne deixa a dever, o que me faz pensar que nem em 2002 ele era realmente especial. Hoje, jogá-lo é um suplício.

E foi por isso que, quando comecei a campanha, achei bom não ter recebido um código para BloodRayne ReVamped 2. Já foi ruim fazer a campanha inteira de um deles, mesmo ela durando apenas seis horas. Acho que eu simplesmente não sobreviveria a jogar os dois. Minha saúde mental agradece.