Como você vai conferir na nossa análise Panzer Dragoon: Remake, tem algo muito errado com este lançamento. Não que seja um jogo ruim. Não é. Há, porém, um erro absurdo de posicionamento e análise de valor, que torna comprá-lo simplesmente uma pílula difícil de engolir.
ANÁLISE PANZER DRAGOON: REMAKE
Panzer Dragoon: Remake é um remake do clássico jogo de Sega Saturn, lançado em 1995. Ele era o resultado dos experimentos da indústria da época com o que era possível ser feito com gráficos 3D, então chamados de “vetores” ou “poligonais”. Basicamente, era uma versão mais fantasiosa do clássico After Burner (este simulava gráficos 3D com pixels). Outro jogo semelhante da época era o também tremendão Star Fox. E sabe do que mais? Eu adoro isso!
O salto de diversão de um jogo de navinha tradicional, em 2D, como R-Type, para um 3D, como Star Fox, era enorme. E hoje é um estilo praticamente morto. Todo jogo 3D de navinha ou avião hoje em dia envolve muito mais navegação e complexidade. Não temos mais esse estilo em que o estágio avança sozinho e você fica mirando nos inimigos.
Assim, acompanhei com muito interesse o desenvolvimento deste Panzer Dragoon: Remake, e fiquei feliz quando foi lançado, de surpresa, no dia 26 de março. Porém, após jogá-lo… bem, eu me diverti. Mas se você esperava um remake moderno, com saves, maior duração ou, vá lá, pelo menos gráficos decentes, prepare-se para se decepcionar.
A jogabilidade semelhante a After Burner foi mantida. Segure o botão para tiros teleguiados ou martele para tiros rápidos. Uma atualização recomendada nisso seria deixar um botão para os mísseis e permitir que o outro mantivesse tiros constantes quando segurado. É o que foi feito, por exemplo, nos After Burners mais recentes, e não tem porque não implementar aqui. A pegada exclusiva de Panzer Dragoon é que é possível atacar inimigos que estejam dos lados ou atrás do dragão, mas nesses casos você apenas mira, não dá para desviar.
CONTROLES MODERNOS, MAS SÓ ISSO
A principal atualização feita pela turma da MegaPixel foi no controle. Você pode jogar da mesma forma que ele funcionava no Saturn, com mira e movimento no mesmo direcional. Porém, tem uma opção de controles modernizados que o transformam em um twin-stick shooter. Isso possibilita desviar de tiros enquanto você mantém a mira no desafeto, o que torna o jogo inteiro muito mais agradável.
A modernização pára por aí, no entanto. Os gráficos foram refeitos, mas parecem de um jogo indie de baixo orçamento. E, sinceramente, não estão muito melhores do que eram antes. No Saturn, o visual era de uma superprodução, mas é claro que envelheceu bastante desde então.
Além disso, resolveram manter a mira em quatro quadrados que literalmente estraga o jogo. Panzer Dragoon foi lançado em uma época em que gráficos poligonais eram experimentais. Então é fácil entender o motivo das quatro miras: ela visa mostrar o caminho do tiro. Quanto mais longe o inimigo estiver, menor é o quadrado que você deve usar para mirar. Isso na prática, porém, só confunde, tornando o jogo muito mais complicado do que o necessário. Especialmente porque, na maior parte das vezes, a mira “real” é o quadrado menor e, justamente por ele ser menor, é o mais difícil de enxergar. E isso na minha TV de 65 polegadas, imagina jogando no modo portátil do Switch!
Além disso, ao invés de colocar uma seleção de fases, optaram por manter o esquema original, com continues limitados e campanha linear. Para completar, o jogo, que mantém as fases do original, dura apenas 40 minutos.
COMPETIÇÃO
Nada disso é exatamente um problema muito grave. Há algo a ser dito quanto à fidelidade em relação à proposta original. Mas aí entra o posicionamento. Panzer Dragoon: Remake não é vendido como um remaster. A palavra “remake” está no título. E ele custa 25 fuckin’ dólares.
Como base de comparação, o Crash Bandicoot original foi lançado um ano depois de Panzer Dragoon, em 1996. Seu remake traz gráficos de uma superprodução moderna e três jogos completos. E era vendido no lançamento a 40 dólares. Ok, o Crash Bandicoot original já era mais longo que Panzer Dragoon. E tudo bem. E a franquia é muito mais popular do que esta, o que sem dúvida se reflete em um orçamento maior. E tudo bem.
Porém, Panzer Dragoon: Remake não existe no vácuo. Dado o trabalho que foi feito aqui, ou seja, novos controles e uma pequena atualização gráfica, vendê-lo a 25 dólares enquanto os três Crash Bandicoot, totalmente modernizados para a geração atual, saem por 40, chega a ser ofensivo.
E é uma pena. Eu sou um dos órfãos dos jogos de navinha 3D, e acho que um remake de Panzer Dragoon tem, sim, seu valor. Mas a opção de incluir apenas um jogo, e atualizá-lo de forma tão marginal, tinha que ser refletido no preço. Eu valorizo o trabalho do povo da MegaPixel Studio, mas espero que eles aprendam com o erro deste na hora de lançar o já anunciado remake de Panzer Dragoon II Zwei. Porque, dessa forma, simplesmente não dá para recomendar a compra.