Saiu semana passada, para Nintendo Switch e PC, Exit the Gungeon, um spin-off de Enter the Gungeon (2016), novo jogo da Devolver Digital.
A Devolver Digital é mais conhecida pela infame conferência da E3 de 2017. Com um humor certeiro, ela tirou sarro das empresas tradicionais na E3 e suas divulgações estapafúrdias. Muitos nem sabem, então, quantos jogos relevantes a publisher tem, como a série Shadow Warriors, My Friend Pedro ou Katana Zero.
Bem, infelizmente, ouso dizer que Exit the Gungeon não é um deles.
Exit the Gungeon: esta premissa é bem ridícula, mas quem se importa?
Exit the Gungeon é um bullet-hell roguelike em plataforma 2D. O gameplay é igual ao de Enter the Gungeon, com a diferença de que esse último tinha uma perspectiva top-down, igual aos primeiros The Legend of Zeldas.
A sinopse de Exit the Gungeon é uma das mais absurdas que eu já vi. Existe um revólver mágico que, quando usado, destrói o passado. O problema é que muitos utilizaram a arma e, agora, o dungeon está desmoronando e se refazendo a todo momento. Os quatro protagonistas de Enter the Gungeon, então, devem escapar.
O seu personagem tem uma única arma. Ela é abençoada para se transformar aleatoriamente em outra com a passagem de tempo (entre 15 e 30 segundos). As armas que surgem são normalmente mais poderosas e bem criativas, como uma que fica gritando “bullet, bullet, bullet”. Essa é a principal mecânica original de Exit the Gungeon, também presente em Enter the Gungeon.
Exit the Gungeon: infelizmente, não é divertido
Roguelikes e bullet-hells são normalmente divisivos porque são difíceis e têm as famosas fases randômicas. Porém, o consenso é que, na maioria das vezes, eles têm gameplay bem agradável. Rogue Legacy é um exemplo. Dead Cells é o ápice, um jogo que conseguiu sair do seu nicho e alcançar um público bem maior.
Eu tenho sérios problemas com o método de controle de Exit the Gungeon. Em jogos top-down, como o próprio Enter the Gungeon, ou plataformas no formato “esteira” (jogos no estilo de Contra, por exemplo) faz todo sentido controlar a movimentação com um direcional e a mira da arma com o outro.
Em Exit the Gungeon, na maior parte das vezes, a sensação é de estar brigando com o controle, ao invés de ser desafiado pelos inimigos. Para desviar dos projéteis, você precisa pular ou usar uma cambalhota, ao mesmo tempo em que atira nos inimigos. No modo portátil do Nintendo Switch, jogar Exit the Gungeon chega a ser até desconfortável.
O que reforça tanto essa impressão é o level design, um dos menos criativos que já vi. Como a proposta de fugir do dungeon é ascender níveis, para chegar a cada área, você deve passar por uma sequência de elevador, uma mini-fase, e outra sequência no mesmo elevador de novo.
Há um pouco mais de variedade no late-game, mas como este é um roguelike, com toda certeza você vai passar várias vezes pelo mesmo elevador, pelas mesmas áreas e por aí vai.
Exit the Gungeon: e cadê o multiplayer?
Sabe uma coisa que melhoraria o jogo em uns 50%, pelo menos? Se tivesse um modo co-op local e online, com mais três amigos para te ajudar a superar estes desafios.
Como um party game, este jogo teria um apelo bem diferente. Com certeza, o caos proporcionado por ter quatro jogadores na tela, além da diversão pelas armas malucas ao mesmo tempo, aumentaria a diversão – e tornaria o desafio mais razoável. Não tenha dúvidas, Exit the Gungeon é bem difícil.
Aliás, este jogo não tem modo easy. O que costumo argumentar é que um modo easy ou hard não é garantia de melhora no gameplay ou de que os jogadores vão permanecer no jogo até o final. Aqui, digo que isso é mais verdadeiro para mim do que nunca. Se o jogo fosse mais fácil ou mais difícil, a minha opinião sobre ele seria a mesma.
Exit the Gungeon: o problema não é o gênero, tampouco o jogo em si
Os gêneros roguelike e bullet-hell são muito legais. E Exit the Gungeon não é um jogo péssimo, por mais que eu não tenha gostado dele.
O problema é que tem muitas opções hoje em dia nesse gênero, e muitas delas, melhores. O próprio Enter the Gungeon me chama muito mais atenção do que este Exit the Gungeon. Além dele, se você quiser um bullet-hell twin-stick shooter, outra recomendação é Assault Android Cactus.
Ficou curioso de qualquer forma? Confira a página do jogo no site da loja Nintendo Brasil.