Sabe uma coisa que eu estou curtindo na biblioteca do Switch? Tem vários jogos da Nintendo lançados em gerações passadas que eu não joguei, pois tive poucos consoles da Big N. Assim, estou tendo a possibilidade de desfrutar dessas franquias mais “novas” (ou mesmo clássicas que não tive oportunidade de jogar antes) pela primeira vez. É o caso de Splatoon e Zelda, por exemplo, mas também do que falaremos hoje, na nossa análise Luigi’s Mansion 3.
IF THERE’S SOMETHING STRANGE IN YOUR NEIGHBORHOOD
A série Luigi’s Mansion dá ao irmão mais novo do Mario uma chance de brilhar. E, tadinho, estava na hora. Ainda que, dado seu sofrimento neste jogo, ele provavelmente optaria por deixar as aventuras para o brother.
Tudo começa quando Luigi recebe um convite para passar uma temporada grátis em um hotel de luxo. Absolutamente nada suspeito nisso. Eu mesmo já joguei fora três convites desses só hoje (eu não curto praias, amigos do Parrot Cay). Obviamente, ele chama toda a galera e, quando a coisa se revela uma armadilha, todo mundo some. Todos? Não, pois o encanador bigodudo favorito de todos vai – relutantemente – salvar o dia.
ANÁLISE LUIGI’S MANSION 3
Como eu nunca tinha jogado um Luigi’s Mansion antes, tudo aqui foi novidade para mim. Este é o primeiro jogo da Nintendo que eu jogo com um clima mais quieto e atmosférico, com músicas e efeitos sonoros mais sutis, mas ainda tremendões. Mais legal ainda foi o combate. Eu já joguei muita coisa com combate excelente, mas fazia muito tempo que eu não experimentava uma forma diferente de vencer inimigos.
Há duas classes de inimigos aqui. Os animais (como ratos e aranhas) são pequenos obstáculos, que podem ser diretamente aspirados. Os fantasmas são o prato principal. Normalmente quando eles aparecem, as portas são fechadas e só dá para progredir após vencê-los.
Aí entra a novidade do gameplay da série: para vencer o fantasma básico, é necessário cegá-lo com a lanterna e depois prendê-lo no seu aspirador. Daí, bata ele de um lado para o outro como o Hulk fez com o Loki até a saúde da alma penada acabar. A variação não vem tanto dos tipos de fantasmas – que na verdade são bem poucos – mas dos acessórios que eles usam.
Por exemplo, um deles pode usar óculos escuros, tornando-o invulnerável à luz da sua lanterna. Assim, antes de chupá-lo (você pensou besteira que eu sei) é necessário dar um jeito nos óculos. Eu achei bem interessante, tornando necessário reparar nas roupinhas dos inimigos e criar estratégias apropriadas.
E tem bastante combate, bem mais do que eu esperava. Ainda assim, Luigi’s Mansion 3 está mais para um jogo de puzzles e exploração.
IF YOU’RE SEEING THINGS RUNNING THROUGH YOUR HEAD
E este aspecto é ainda mais interessante que o combate. A variação de cenários deste hotel é simplesmente absurda, tornando a exploração sempre um prazer. As primeiras horas são bem o que você espera de um hotel: recepção, quartos, lojas, etc.
Cada andar é uma fase (completa com um chefe), e algumas são simplesmente absurdas. Não existe absolutamente nenhuma justificativa para ter um estúdio de cinema em um hotel, a não ser para fazer um videogame interessante e gostoso de jogar. E sabe o que mais? Eu sou muito a favor disso!
Os puzzles usam de forma bem criativa as habilidades do Luigi, que consegue chupar e soprar com seu aspirador, usar luz negra, luz normal e até jogar desentupidores que podem ser aspirados para derrubar paredes. E, claro, há a sempre presente companhia do Gooigi.
O Gooigi é uma versão do herói feita de meleca, e ele consegue fazer tudo que o protagonista consegue. Exceto pisar em água, o que o dissolve imediatamente. Para compensar, ele consegue atravessar grades, bueiros e passagens estreitas, dando acesso a áreas que o Luigi sozinho não é capaz de acessar. Dá até para um segundo jogador entrar no jogo e assumir controle do Gooigi.
E daí tem o que eu mais gostei – e que costumo sempre elogiar nos jogos da Nintendo. Os chefes.
I AIN’T AFRAID OF NO GHOSTS
É curioso que há apenas uma meia dúzia de inimigos comuns, mas cada andar do hotel tem um chefe único, tanto em visual quanto em mecânicas. Aliás, o visual é um grande destaque. É um mais simpático que o outro. Absolutamente todos conseguiram colocar um sorriso no meu rosto quando apareceram pela primeira vez.
Temos músicos, diretores de cinema, dinossauros. Rola até um kaiju! E são todos deveras engraçadinhos, o que me leva a pensar porque diabos o Luigi tem tanto medo se os fantasminhas são tão fofinhos.
As batalhas com os chefes merecem um paralelo com as de Shadow of the Colossus. Não pelo tamanho, embora haja alguns grandões, mas pelo seu funcionamento. Em todas, você deve analisar o design do chefão e do cenário e buscar por formas de deixá-lo vulnerável. Em geral, uma vez que você descobre, basta repetir algumas vezes – o que é bem fácil. O desafio – moderado, é verdade – é solucionar o problema.
O último ponto que quero comentar é o visual impecável e o humor gerado por ele.
AN INVISIBLE MAN SLEEPING IN YOUR BED
Luigi’s Mansion é daqueles jogos tão absurdamente lindos que é difícil acreditar que ele está rodando no console menos poderoso da geração. Claro, o visual cartunesco típico da Nintendo exige menos do que o realista utilizado como padrão nos games de alto orçamento. Mas ainda assim, o capricho aqui beira o inacreditável.
Cada animação, cada expressão, cada movimento, poderia estar em uma animação hollywoodiana de alto orçamento. Sim, a coisa é nível Pixar. Se a Nintendo fizer um desenho com seus personagens em CGI, não vejo ele sendo ainda mais caprichado do que o que temos aqui (provavelmente seria igual).
Destaque absoluto para o Luigi, que passa o jogo inteiro morrendo de medo. Ele tem apenas uma emoção no jogo inteiro, mas é incrível a profundidade que os artistas da Next Level Games deram para o herói. Sim, ele sempre está com cara de medo, mas são caras diferentes a toda hora.
Há várias cutscenes em que um fantasma aparece devagarzinho por trás do herói, e mesmo sendo uma piada que se repete várias vezes, a animação era sempre engraçada.
Complete isso com vozes que acrescentam muito ao humor. Na tradição da Nintendo, o grosso da história é contado por textos (o que é uma pena), mas o Luigi e os outros personagens soltam algumas frases. Por exemplo, ao abrir uma porta nova, Luigi coloca a cabecinha do outro lado e solta um “hello?”. É adorável. E, mais uma vez, a quantidade de animações diferentes que o pessoal fez para o simples ato de abrir uma porta é um tremendo testamento do polimento que encontramos aqui.
Eu venho nos últimos meses jogando alguns jogos que têm me feito sofrer muito. Porém, uma coisa que falei para uma amiga quando comecei a jogar Luigi’s Mansion é que jogos da Nintendo são sempre um prazer. E sem dúvida foi muito agradável finalmente conhecer esta franquia clássica, mas que eu nunca tinha jogado.