Lembra do final de Rejeitados Pelo Diabo, quando os três protagonistas – SPOILER, mas convenhamos… – recebem uma saraivada de tiros? Achou que eles tinham morrido, né? Pois é, tudo que você viu antes era mentira! Depois de toda aquela furação, os três bandidos foram levados a um hospital, onde receberam um caríssimo tratamento e se recuperaram totalmente. Agora o Estado pode fazer seu trabalho, julgá-los e condená-los à morte. Direito não faz sentido!
Quando Os 3 Infernais começa, os assassinos do filme anterior estão presos há dez anos. Os dois homens estão no corredor da morte, e Baby, a moçoila, está para ter seu pedido de condicional avaliado.
A prisão não é capaz de segurá-los, no entanto, e eles (ou alguns deles) acabam escapando. Agora estão livres para fugir da justiça e simplesmente ver o mundo pegar fogo.
A CASA DOS 1000 CORPOS
Eu tenho uma relação curiosa com o trabalho do Rob Zombie. Um dos primeiros discos de rock que eu comprei foi justamente um do White Zombie, mas admito que eu não o ouvi tanto quanto outros que adquiri na mesma época.
Daí ele virou diretor, e suas influências de filmes B e terror de baixo orçamento claramente falam comigo. Se você já leu alguns textos do DELFOS, sabe o quanto eu gosto destes gêneros. Porém, apesar de ter assistido a vários filmes do Beto Zumbi, eu nunca tinha visto um do qual gostasse.
Lembro-me, inclusive, do trauma que fui obrigado a encarar em anos de terapia quando, na cabine de Halloween 2, constatei que os primeiros 40 minutos do filme eram apenas um pesadelo. Fala sério, isso não se faz.
Eu não havia assistido a Rejeitados Pelo Diabo, contudo. E decidi fazê-lo em preparação para ver Os 3 Infernais.
REJEITADOS PELO DIABO
Não tem como evitar: há um tremendo absimo de qualidade entre Rejeitados Pelo Diabo e os outros filmes do diretor. Este é simplesmente muito bom, uma pérola em uma filmografia bem fraca. O filme mistura muito bem ingredientes comuns a filmes B, como o humor e a violência, a ponto de lembrar bastante longas de diretores consideravelmente mais talentosos, como Robert Rodriguez ou Tarantino. E isso me deixou consideravelmente animado para assistir a esta continuação. Talvez o ex-cantor do White Zombie se dê melhor com filmes B mais narrativos, do que com o gênero terror propriamente dito.
E é realmente por aí. Apesar do título, Os 3 Infernais não é um filme de terror, mas um filme B que é quase uma road trip. Pense em Um Drink No Inferno sem vampiros, o que é exatamente a mesma forma que eu descreveria Rejeitados Pelo Diabo.
Os 3 Infernais aprontam muitas crueldades, mas como a história é contada do ponto de vista deles, não dá medo. Ocasionalmente, dá até para soltar uns sorrisos constrangidos.
Mantendo a comparação com a dupla Rodriguez/Tarantino, aqui temos momentos com diálogos estendidos, nos quais você fica apenas esperando o popô acertar o ventilador. Você sabe que isso vai acontecer. A questão é quando, e como.
OS 3 INFERNAIS
Apesar de ser um bom longa, e consideravelmente superior ao grosso da filmografia de Zombie, Os 3 Infernais não é tão legal quanto Rejeitados Pelo Diabo. Ele se arrasta um bocadinho, e inclusive dá a sensação de ser mais longo do que realmente é.
Ele tem um ar de Exterminador do Futuro 3. E com isso quero dizer que é uma continuação desnecessária, que dá um retcon em uma história que tinha sido fechada de forma redondinha, só para continuar a franquia. E isso não é legal.
Dito isso, Os 3 Infernais é bacana e divertido, e certamente vai entreter admiradores do cinema B, mesmo que, como eu, não sejam tão fãs da obra do diretor.