Diferente do Corrales, que teme a temporada de premiações como o diabo teme a cruz, eu até gosto de alguns Oscarizáveis. Todo ano tem alguma coisa que se salva. Assim como todo ano tem sempre também aqueles filmes inacreditavelmente chatos. É o caso de Se a Rua Beale Falasse.
É a história do casal Tish e Alonzo, moradores do Harlem nos anos 1970. Justamente quando eles ficam noivos e engravidam, Alonzo é preso, acusado de estuprar uma mulher porto-riquenha, um crime que ele não cometeu.
Enquanto Tish segue em frente com sua vida e decide ter o bebê, sua família faz de tudo para tentar provar a inocência de Alonzo e tirá-lo da cadeia. Aí você sabe, as questões raciais são abordadas em meio ao relacionamento do casal.
Um tema que a Academia gosta. Parece esquematicamente feito para ganhar alguns carecas dourados. E me deu um sono danado. Caramba, que filme chato. O engraçado é que há jeitos muito melhores de tratar desses temas raciais, e quem provou isso foi outro filme que está concorrendo a alguns Oscars na mesma edição da cerimônia.
Infiltrado na Klan, de Spike Lee consegue fazer esta discussão de racismo, preconceito e babaquice humana generalizada de forma muito mais divertida e certeira. Tanto que até entrou na minha lista dos melhores do ano.
Claro, ele é uma mistura de comédia com policial, algo que me atrai muito mais do que a combinação de drama com romance de Se a Rua Beale Falasse, o que só deixa o longa em questão comendo ainda mais poeira.
A seu favor, tem bons figurinos, boas atuações e só. Já seu ritmo e história que anda a passos de tartaruga me fizeram dar aquela tradicional “viajada” para lugares melhores nos recônditos de minha mente. Não importa, ia me esquecer de tudo quando ele acabasse mesmo.
Enfim, eu sinceramente não sei para quem indicar isso aqui. Afinal, se você curte Oscarizáveis que tratam de questões raciais, preconceitos e injustiças, há uma opção infinitamente superior disponível. Nesse caso, divirta-se a valer com Infiltrado na Klan e deixe este aqui pra lá.