Eles mataram sua família. Big mistake! Agora ela está com desejo de matar e fazer justiça com as próprias mãos. Este é o fio condutor de oito em cada dez filmes de ação. Inclusive o de A Justiceira, que chega esta semana aos nossos cinemas.

E assim como esse mote já é mais manjado que fazer um carro explodir atirando no tanque de gasolina, este novo longa é igualmente desprovido de novidades. Na realidade, ele sequer faz o feijão com arroz de sempre com um gostinho a mais. Prefere apenas se ater ao mundano, sendo apenas genérico e só.

Riley North (Jennifer Garner) tem sua filha e marido assassinados a mando de um chefão do tráfico de drogas. Os responsáveis se safam da justiça legal e Riley desaparece por cinco anos para, no melhor esquema Bruce Wayne, adquirir habilidades especiais muito específicas. Só que, diferente do Batimão, essas habilidades envolvem despachar os meliantes para a terra dos pés juntos, coisa que ela passa a fazer com gosto quando retorna depois dos tais cinco anos.

Delfos, A Justiceira, CartazComo sugere o título nacional, o longa até poderia ser algo como uma espécie de versão feminina do Justiceiro. Afinal, para quem já foi a Elektra, isso seria fichinha. Porém, se contenta sendo apenas um filme nada, que você assiste numa boa, mas que some instantaneamente do seu cérebro assim que as luzes se acendem.

A JUSTICEIRA

E o pior, não só é o desperdício da chance de ser realmente a história de uma Justiceira estilo Frank Castle, como ele sequer faz o óbvio. Caramba, todos os envolvidos diretamente na morte da família dela são mortos fora das câmeras! O grosso do filme é ela atrás do chefão da gangue.

Caraca, como assim não é mostrado o momento de satisfação da vingança contra os responsáveis diretos? O que deveria ser parte importante da narrativa acaba virando mero detalhe. E de quebra, elimina possíveis boas cenas de ação no processo.

Eu imaginava que isso era por conta dele ser de censura baixa. Ele evita sempre que possível mostrar sangue. Logo, seria um recurso para não mostrá-la torturando os caras e tal. Só que aí fui conferir e a censura estadunidense do negócio é R (no Brasil, é 14 anos), que é alta! Então por que essa economia de sangue e de assassinatos em frente às câmeras?

Delfos, A Justiceira

Vai saber, só sei que essa opção é bem estranha e o que sobra são uns tiroteios bem pouco inspirados, que não empolgam e também não chateiam. Em suma, a típica descrição de um filme nada.

A Justiceira poderia ser bem melhor, mesmo com uma história pra lá de batida. Mas nunca sai do campo do extremamente genérico. Desta forma, só aqueles muito apreciadores do gênero para dar uma chance a ele, e mesmo assim, na televisão. No cinema certamente há coisas mais marcantes em cartaz.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
critica-a-justiceiraTítulo: Peppermint<br> País: EUA/Hong Kong<br> Ano: 2018<br> Gênero: Ação<br> Duração: 101 minutos<br> Distribuidora: Diamond<br> Data de estreia: 18/10/2018<br> Direção: Pierre Morel<br> Roteiro: Chad St. John<br> Elenco: Jennifer Garner, John Gallagher Jr. e John Ortiz.