Na geração passada de consoles, tivemos Mega Man 9 e 10, que traziam de volta a série clássica, mas também vinham com os mesmos gráficos do Nintendinho. Particularmente, me pareceu um retrocesso, especialmente depois das versões bonitonas que tivemos no Super Nintendo e no Playstation. Mega Man 11, disponível para Xbox One, PS4, Switch e Windows, vem para corrigir isso. Agora temos um bonito visual cartoon em 2.5D.
MEGA MAN 11
Não foi apenas o visual que recebeu uma boa incrementada. Mega Man 11 traz várias novidades de gameplay, incluindo um excelente mapeamento dos botões do controle. Por exemplo, cada arma adquirida recebe uma posição em um círculo e você pode escolher qualquer uma delas a qualquer momento empurrando a alavanca direita naquela direção. Bem mais prático e eficiente do que a tradicional seleção esquerda/direita (que também está presente aqui para os puristas).
O mais marcante, no entanto, são as gears. São dois superpoderes ativados com o RB e o LB, que afetam consideravelmente o jogo. Uma delas faz tudo se mexer em câmera lenta, uma boa ajuda para os momentos de plataforma mais cascudos.
A outra dá aquela turbinada gostosa nos seus ataques. Cada arma que o Mega Man pode usar tem dois ataques, o normal e o turbinado. E pelo menos uma delas fica literalmente overpower com a gear ativada.
Outra novidade bacana é que você pode usar seus parafusos não apenas para comprar os itens de sempre, mas também para adquirir upgrades. O mais eficiente deles carrega automaticamente sua arma padrão, permitindo usar o super tiro sem precisar segurar o botão.
Tudo isso junto afeta consideravelmente o gameplay, aumentando o senso de progressão e tornando Mega Man 11 de fato uma aventura moderna do robozinho. Dito isso, o título segue exatamente aquela fórmula já conhecida.
MODERNO, MAS OLD-SCHOOL
Você sabe como funciona um Mega Man. Escolha uma das oito fases, vença o chefe no final e adquira sua arma. Cada chefe é fraco para uma arma específica, ou seja, embora a ordem seja livre, há uma ordem de menos resistência, e cabe a você descobrir. Ou, claro, procurar na internet.
Depois de vencer todo mundo, vem a fortaleza final, aquela coisa toda. Tudo exatamente como estabelecido no clássico de 1987. Embora esta seja uma fórmula forte, seria interessante ver a Capcom criando em cima dela, ao invés de apenas repetí-la. Esta era uma oportunidade, por exemplo, de aumentar a duração do jogo. Mega Man 11 durou na minha primeira jogada cerca de três horas, mas a julgar pelas conquistas, é possível terminá-lo em menos de 60 minutos.
O lado bom é que também não há enrolação. Cada tela é cuidadosamente planejada, e você não vai perder um segundo explorando em busca de porcarias inúteis. Claro, há itens, mas são para recuperar vida, munição ou comprar upgrades. Nada que esteja lá só para brincar com nosso TOC.
Infelizmente, há também algumas decisões que estão lá sem motivo algum. É o caso, por exemplo, das vidas limitadas. E você sabe, isso é simplesmente incompatível com um adulto que tem pouco tempo para jogar (e acredito que este é o principal público de Mega Man 11).
ALGUMAS CONCESSÕES
Graças ao Dr. Light, a Capcom sabe disso e criou opções de dificuldade, incluindo uma com vidas infinitas. Porém, não dá para customizar a dificuldade como acontece em Shadow of the Tomb Raider. Eu, por exemplo, gostaria de curtir Mega Man 11 em toda sua dificuldade, como foi originalmente planejado. Mas não tenho paciência nem tempo para perder todo meu progresso em uma fase ao morrer nela três vezes.
Resta a mim jogar no very easy que me poupa da limitação de vidas, mas enche o jogo de facilidades. Por exemplo, cair em um buraco não mata mais. Um passarinho automaticamente te salva ao cair, algo que normalmente consumiria um item.
Os chefes, claro, também ficam bem mais fáceis. Alguns deles eu venci em apenas 10 segundos. E a imensa maioria ficou tão fácil usando a arma da ventania que eu terminei o jogo sem ter a menor ideia de quais armas são recomendadas para quais chefes.
“Mas, Corrales, você está jogando Mega Man 11 errado!”, exclama meu amigo delfonauta. E eu concordo. Sem precisar me preocupar com buracos e matando todos os chefes rapidamente, eu não estou usufruindo de tudo que Mega Man 11 tem a oferecer. Mas a outra opção seria aguentar a frustração de repetir as fases centenas de vezes porque morrer três vezes me faz começar tudo de novo. Nenhuma das opções é ideal, mas pelo menos desta forma eu consegui ver o jogo inteiro em um intervalo de tempo que eu poderia investir, ainda que em uma versão mais kid-friendly.
LEVEL DESIGN
Embora eu tenha curtido Mega Man 11, eu admito que me diverti mais com Mega Man 10. Este dá bons passos rumo à acessibilidade e à modernidade da franquia, mas Mega Man 10 tinha um level design mais interessante.
Por outro lado, os chefes aqui presentes, e suas armas, estão entre os melhores da série. Mega Man tinha uma máxima de que as armas especiais basicamente só eram úteis para os chefes. Pois não mais. A imensa maioria delas aqui é muito legal, e podem ser usadas estrategicamente em vários mini-chefes ou mesmo contra inimigos comuns.
Mega Man 11 traz novidades que dão um fôlego novo à série, mas o level design menos inspirado dificilmente fará alguém considerar este o melhor Mega Man. Dito isso, é uma ótima adição à longeva série, e vai agradar em cheio a seus fãs antigos.