Quem faz parte da minha geração certamente cresceu assistindo aos desenhos do Pica-Pau na televisão em suas inúmeras reprises. Ele se tornou uma das animações mais populares da TV tupiniquim, virou memes, nome de comunidade no Orkut e tudo mais. Contudo, aquele era o personagem raiz.
Os tempos mudaram e a amalucada ave ganhou novas animações sem o brilho das antigonas. Isso porque vivemos em tempos mais coxinhas, e tudo de inapropriado (e consequentemente, divertido) que os cartuns velhos tinham, foi limado em favor de um humor mais sem sal e condizente com o politicamente correto.
Fico pensando que se as crianças de hoje vissem um desenho do Pica-Pau psicopata (aquele com as pernas mais grossas), suas cabeças explodiriam. Inclusive, um dos meus desenhos favoritos dele vem dessa fase ainda mais insana: o rachador.
Mas estou me desviando do assunto. Pica-Pau finalmente foi parar nas telas do cinema, misturando live action com o protagonista totalmente animado por computador. Pena que é o Pica-Pau Nutella de hoje em dia.
Um sujeito sem consciência ambiental vai com a namorada e o filho para o meio do mato construir uma casa em sua propriedade para revendê-la por uma fortuna. Só que lá é o território do Pica-Pau, e ele não está a fim de ter vizinhos. Enquanto faz amizade com o filho do cara, vai atrapalhando os planos da construção, criando altas confusões.
EM TODOS ESSES ANOS NESSA INDÚSTRIA VITAL…
O filme é bem infantil e bobinho, com um roteiro bastante esquemático desse tipo de produção. Ainda que o personagem do pai do moleque até não siga o desenvolvimento mais óbvio, o que acaba sendo algo bom, o andamento da história no geral sim vai por caminhos bem comuns.
Quando a ave está causando na construção, o longa até reproduz algumas gagues clássicas do desenho, tipo o pássaro cortar uma escada ao meio, derrubando o sujeito de cima dela. Mas é pouco, e tudo centrado mais num humor físico típico de… bem, de desenho animado!
Só que Pica-Pau sempre teve também, junto dessas situações típicas de animações, um lado mais sacana e amalucado que passou bem longe dessa produção. Também é estranho ver o filme em versão dublada com uma voz bem diferente da que estava acostumado de minha infância. Provavelmente o dublador original já deve ter morrido, mas poderiam pelo menos ter encontrado um cara com uma voz mais similar. Teria ajudado a despertar mais simpatia.
A essa altura você já sabe que temos uma atriz brasileira no elenco. Thaila Ayala interpreta a namorada do cara que quer construir a casa no campo. É o típico papel da esposa troféu cheia de frescura que vira uma das vítimas favoritas das pegadinhas do pássaro.
Não consegui identificar se ela mesma se dublou em português, mas ela some na metade do filme. Dirão as más línguas que mesmo assim ela já teria falado mais em meia película que o Rodrigo Santoro em todos os seus anos em Hollywood…
Enfim, Pica-Pau: O Filme é anódino e esquecível. Talvez sirva para você apresentar o icônico personagem para uma criança pequena. Só que é muito melhor você fazer o serviço direito e mostrar logo os desenhos antigos e clássicos. Aí sim, a diversão é garantida.