Dentro do gênero comédia, o mote do primeiro encontro entre um pai e o pretendente da sua filha é bastante explorado. Bem como também o fato de que eles são muito diferentes um do outro, ou simplesmente seus gênios não batem. Vai falar que você não lembrou agora de um monte de comédias com esse tema? Eu lembrei de Entrando Numa Fria, para ficar em um só exemplo.
Pois bem, Tinha Que Ser Ele? é mais uma a explorar este filão, incluindo o lance das personalidades opostas. Saca só: Bryan Cranston é o pai em questão, um sujeito todo certinho e careta. Daí ele descobre que sua filha universitária está namorando e vai até a Califórnia junto do resto da família para conhecer o sujeito.
E o sujeito em questão é um milionário do ramo de games e aplicativos que fala absolutamente tudo que pensa sem o mínimo de filtro (mas tem bom coração) e é extremamente boca suja. O cara xinga tanto que eu, também um grande apreciador de falar palavrões (ou “realçadores de sentença”, como foram brilhantemente definidos num episódio de Bob Esponja), imediatamente me identifiquei com ele. Enfim, ele é como um crianção inconveniente e com todo o dinheiro do mundo.
É óbvio que o pai não vai com a cara dele e a coisa só piora quando o truta revela sua intenção de pedir a mina em casamento. Daí você já sabe, altas confusões do barulho acontecerão e esses dois carinhas muito loucos vão se desentender feito cães e gatos!
Brincadeiras à parte, o fato é que este parece mesmo um filme destinado a passar na Sessão da Tarde (quer dizer, hoje não por conta da linguagem chula, mas antigamente até poderia passar substituindo os palavrões mais cabeludos por “droga”), visto que é inofensivo e você certamente já o assistiu antes, embora tenha lá sua graça.
Ele marca o retorno de Bryan Cranston às comédias, gênero pelo qual era conhecido antes de ter o papel de sua vida em Breaking Bad, então é até estranho que ele tenha sido tão mal-aproveitado, servindo principalmente como escada para os outros personagens, e limitando-se a fazer algumas caretas.
Já James Franco repete o papel que costuma fazer bem nas comédias da sua turminha, o do sujeito sem-noção meio lesado, com cara de quem acabou de acordar. Embora aqui, verdade seja dita, ele não é um maconheiro, e sim um sujeito deveras animado e sem “semancol”.
Obviamente, desde os primeiros minutos de projeção já dá para saber o que vai rolar até o final, mas tudo bem, todas as histórias deste tipo costumam acabar do mesmo jeito. Algumas piadas são boas, muitas não funcionam, e muito do filme depende muito do carisma e da química dos dois protagonistas, que funciona bem, mas também não é nada de outro mundo.
Em suma, Tinha Que Ser Ele? é uma comédia razoável, que consegue arrancar umas risadas, mesmo tratando de um tema batido. Contudo, pela qualidade dos dois protagonistas, merecia algo mais caprichado. Funciona, desde que você não tenha grandes expectativas. E também não é algo que necessariamente precise ser assistido na telona do cinema. Visto em casa, já está de bom tamanho.