Cara, já faz mais de dez anos que o universo Lego chegou aos games com Lego Star Wars. Eu ainda me lembro o quanto gostei do jogo e sua interpretação fofinha para o universo de George Lucas.
De lá para cá, muitos jogos com a mesma marca foram feitos. Muitos mesmo. Vários outros Star Wars, alguns Indiana Jones, Harry Potters e até com heróis da DC e da Marvel. Mas a fórmula se manteve a mesma, e tanto tempo depois se mostra muito estagnada.
Lego Marvel’s Avengers é, por um lado, uma continuação direta de Lego Marvel Super Heroes, de 2013. É uma continuação pelos seus personagens terem basicamente o mesmo visual e os comandos e habilidades serem basicamente os mesmos. Por outro lado, se Lego Marvel Super Heroes era uma história original com os heróis da Marvel, aqui temos uma adaptação direta dos filmes da MCU, especialmente das duas partes de Os Vingadores.
AVENGERS ASSEMBLE
A narrativa aqui é um tanto curiosa. Lembro que nos jogos antigos de Star Wars tinha um tutorial, mas depois você escolhia seguir a história de qualquer um dos filmes inclusos. Aqui o negócio é mais linear, mas isso não significa que a história é contada linearmente.
O jogo começa com a cena de abertura de Vingadores: Era de Ultron, (inclusive, aquele plano sequência que passa por todos os membros ficou uma fofura em versão Lego), e depois volta para o primeiro filme e a partir daí as fases seguem a história de Os Vingadores linearmente, com um pequeno interlúdio do primeiro filme do Capitão América.
É uma opção estranha, ainda que seja compreensível do ponto de vista do gameplay, pois isso permite que o jogador já comece controlando todos os Vingadores, uma vez que seguindo a história do primeiro filme isso demoraria muito para acontecer.
Terminando o primeiro filme, rolam os créditos, o que dá a impressão que o jogo acabou. Porém, a partir daí ele segue em frente com o segundo filme e abre algumas fases extras que contam resumidamente a história de Thor 2, Capitão América 2 e Homem de Ferro 3 (uma fase para cada filme).
Depois disso, tem algumas áreas onde você pode brincar de mundo aberto, incluindo áreas que simplesmente repetem o que já existia em Lego Marvel Super Heroes.
Em outras palavras, ao contrário do anterior, este não é exatamente um jogo de mundo aberto. É um jogo de fases linear, mas que, ao ser terminado, permite brincar de fazer sidemissions ou pegar colecionáveis em algo parecido com mundo aberto.
No mundo aberto você também pode comprar outros personagens e depois pode refazer as fases com eles no modo free play, permitindo que você use as novas habilidades para pegar colecionáveis que perdeu da primeira vez.
ADAPTAÇÃO
Apesar de o gameplay da série estar cansado há tempos, não dá para negar o charme intrínseco a recontar um filme com bonequinhos fofinhos e patetas. Cá entre nós, eu achava mais charmoso nos primeiros jogos, quando eles não falavam, mas mesmo agora que são tagarelas ainda têm charme de sobra.
Aqui os diálogos são tirados diretamente dos filmes, mas os melhores momentos estão nas piadas visuais. Alguns dos atores dos filmes, como Cobie Smulders (Maria Hill) e Clark Gregg (Agente Coulson) gravaram novas frases especialmente para o jogo, que também conta com participação de Stan Lee, que faz um monte de pontas engraçadinhas e está em situações de perigo em cada uma das fases, exigindo habilidades específicas para ser salvo.
Curiosamente, as frases que os personagens falam durante o jogo parecem ter sido usadas em arquivos de áudio de baixa qualidade, pois é inegável quão inferiores elas ficam diante do restante do som.
NOSTALGIA
O gameplay é aquele mesmo de sempre. Basicamente, você fica destruindo o cenário na porrada para depois reconstruir as peças em forma de algo que ajude a avançar. Uma coisa que deixou o jogo consideravelmente menos aprazível em suas últimas iterações é o artifício de inimigos infinitos.
Nos mais antigos, você chegava em uma nova área, vinha inimigos, você matava eles e daí ficava livre para explorar e resolver os puzzles. Aqui (e em vários dos jogos Lego mais recentes), os inimigos não param de vir nunca, exigindo que você os ignore para avançar no jogo. Isso faz com que personagens como a Viúva Negra, capazes de ficar invisíveis, sejam extremamente úteis.
Outra coisa que também não é de hoje, mas merece ser falada, é a terrível tela dividida dinâmica. A ideia poderia parecer boa, fazendo com que cada um dos jogadores fique com sua tela na direção do cenário, mas isso não é funcional. A opção é escolher a tela fixa, mas isso faz com que mesmo quando os dois jogadores estejam na mesma tela, ela fique dividida, o que é um desperdício. Faltou uma opção esquema Toe Jam & Earl, que divida de forma fixa apenas quando os dois se separem. Ou então podia ser tipo o primeiro Lego Star Wars e manter os jogadores sempre juntos.
Aliás, ainda comparando com jogos antigos, eu me lembro de Lego Star Wars no Xbox 360 ter opção de jogar online, o que não está mais disponível. Por que será que tiraram isso?
Jogando de dois, também tem uma outra inconveniência além da tela, que é o fato de que dificilmente terá mais de dois personagens para controlar. Isso faz com que, caso os jogadores queiram inverter seus papéis, um precise sair do jogo, daí o outro troca o personagem e o primeiro volta. Isso poderia ser resolvido com os dois simplesmente apertando triângulo ao mesmo tempo.
Ainda assim, o gameplay absurdo do jogo tem seu charme. Por exemplo, em uma das primeiras fases, estou com Tony Stark e Pepper Potts quebrando tudo na casa deles. Daí chega o Coulson dizendo que aconteceu algo muito importante e urgente e logo depois da cutscene, os três voltam a calmamente destruir todos os móveis da casa. É algo tão longe da narrativa da história que não dá para não sorrir.
AVENGERS A…
Esta resenha foi escrita sob o ponto de vista de alguém que já jogou vários – mas não todos – os jogos da série Lego. Desta forma, a fórmula já está desgastada, bem como a graça de ver personagens famosos em versões de tijolinhos.
No entanto, se você nunca jogou algo da série, ou se ainda não cansou dela, o que temos aqui é um jogo divertido e charmoso, ótimo para jogar em dupla com crianças.
Pensando simplesmente na série Lego, talvez Lego Marvel Super Heroes seja mais apropriado para fãs da editora, uma vez que tem personagens como o Homem-Aranha ou o Wolverine, que não dão as caras por aqui. Eu recomendaria o anterior para Marvetes em geral, e este especificamente para os fãs dos filmes – que eu sei que também são muitos.
TODAS AS RESENHAS QUE TEMOS SOBRE O MARVEL CINEMATIC UNIVERSE:
– Homem de Ferro – Onde tudo começou.
– Homem de Ferro 2 – Agora com ainda mais Tony Stark.
– O Incrível Hulk – Até por favelas cariocas o gigante esmeralda passou.
– Thor – E não é que o deus do trovão é meio fanfarrão?
– Capitão América: O Primeiro Vingador – Apresentando a última peça que faltava na fase 1.
– Os Vingadores – The Avengers – O filme de super-heróis mais esperado da história.
– O Hulk de Ang Lee – Não faz parte da história, mas, ei, é o Hulk!
– Homem de Ferro 3 – Has he lost his mind? Can he see or is he blind?
– Thor: O Mundo Sombrio – A fanfarronice está de volta.
– Capitão América 2: O Soldado Invernal – O Sentinela da Liberdade está de volta. E dessa vez é pessoal.
– Guardiões da Galáxia – Somos como o Kevin Bacon.
– Vingadores: Era de Ultron – Toninho Stark e seus superamigos estão de volta.
– Homem-Formiga – Encerrando a fase dois da Marvel nos cinemas.