É uma novidade para mim resenhar uma coletânea de uma banda que eu anteriormente não conhecia. Na verdade, eu não conhecia a banda Nympho, mas me lembro do nome de seu vocalista e guitarrista Criss Sexx da época que eu lia revistas de música. Lembro de ele ter tido resenhas de seus trabalhos nas seções de demos e, embora não me lembre das resenhas em si, seu nome artístico acabou me chamando a atenção, o suficiente para eu lembrar dele quando o CD do Nympho chegou aqui na redação.
A banda Nympho tem dois CDs lançados, V.I.P. e Alone In The Dark. Este Not That Innocent traz cinco faixas inéditas e 13 previamente lançadas, somando 18 músicas. É um CD bem lotado e a boa notícia é que ele é muito bom.
O estilo da banda é aquele Hard Rock festeiro, totalmente focado nos anos 80, com letras safadinhas e um clima alegre, perfeito para servir de trilha sonora para strip teases. E o delfonauta sabe que Hard Rock é meu estilo de rock preferido. Em outras palavras, farofa é comigo mesmo.
O Hard Rock costuma ser diferente em várias partes do mundo. Na Europa, trata-se de um som mais classudo e romântico, enquanto no Brasil costuma ser mais pesado e com influências fortes de rock progressivo, tal qual Dr. Sin e Rei Lagarto.
Pois o Nympho faz aquele Hardão tradicional, que fez muito sucesso na Califórnia nos anos 80. Ou seja, o mais divertido possível. Pense em bandas como Poison e Bon Jovi (o Bon Jovi mais roqueiro do início de carreira, não aquele mais romântico dos anos 90 em diante). Inclusive, a voz do Criss Sexx tem um timbre muito parecido com o de Jon Bon Jovi.
Os trabalhos já começam empolgantes com Flush Your Heart Away. Dá para imaginar um estádio cheio de gente cantando de forma empolgada o refrão “hey, hey, hey, I’ll flush your heart away!”. É o tipo de música tão absurdamente pegajosa que você sai cantando junto ainda na primeira audição.
A segunda faixa, Not That Innocent, é a que dá nome ao disco e é ainda mais pegajosa que a primeira. Ela tem uma pegada meio You Give Love a Bad Name do Bon Jovi, incluindo aquela tradicional parte depois do solo de guitarra em que a banda para de tocar e fica só o coral e a bateria, perfeito para acompanhar com palminhas e cantar junto.
O CD continua animado com Burnout Heart. Essa é aquela típica música de Hard Rock que não é exatamente pesada, mas não chega a ser uma balada. Pense em algo como Dance The Night Away, do Van Halen. Esse estilo, aliás, é um dos mais utilizados pelo Nympho neste álbum, pois tem várias músicas nessa linha e eles mandam muito bem no gênero. Particularmente, gostei muito de como o vocalista fala Burnout Heart no refrão, uma excelente interpretação do sujeito.
Doin’ Fine é a próxima, e é claro que não poderia faltar uma balada entre as inéditas de uma banda de Hard Rock. Afinal, como todos sabemos, as baladas são o que possibilita a pegação generalizada que é o motivo pelo qual essas bandas existem.
Cá entre nós, em matéria de baladas eu gosto mais das feitas pelas bandas de heavy metal, em especial grupos como Savatage e Blind Guardian. As de hard nunca me animam tanto, mas Doin’ Fine é bonitinha, especialmente no final, que conta com um belíssimo coral a cappella que, veja só, acaba até lembrando o próprio Savatage ou – talvez mais próximo das influências do Nympho, Beatles.
A última das inéditas é uma cover de Money and the Magic, de Gerry Laffy, que eu achei a mais fraquinha das cinco novas presentes nesta coletânea. Eis a original:
A partir da sexta faixa, entramos nas músicas previamente lançadas, e elas ainda são bem legais. Rock Me Hard, por exemplo, tem um interlúdio que lembra bastante a clássica Perfect Strangers, do Deep Purple, e a combinação do teclado épico com o solo de guitarra soa muito bem, só é uma pena que essa parte dure tão pouco.
Algumas dessas músicas estão em versões diferentes das que foram anteriormente lançadas. Por exemplo, Dreams Are Not Enough popa em uma versão acústica, enquanto Alone in the Dark marca presença na versão do videoclipe.
Nesse meio do CD, temos algumas músicas que não são tão legais quanto os altíssimos pontos altos supracitados. É o caso de faixas como Ressurrection, Green Lights Go e a balada Say It.
Felizmente, o álbum termina novamente com força total, pois as três músicas que o encerram são danadas de boas. Wasted Generation é rápida e pesada, lembrando os melhores momentos do Skid Row. E a batida dela, meu amigo, é muito legal. Embora a música em si tenha me remetido a Skid Row, a bateria tem uma energia bem semelhante à de clássicos como Shout at the Devil, do Mötley Crüe.
Spider Sarah é a próxima, e é tão legal quanto seu nome. Seu refrão, que diz “Go, Spider Sarah”, é deveras empolgante e quero ver você se aguentar para não cantar junto.
Por fim, High School Lovers já me ganhou no seu título. Quem não se lembra com carinho – ou, em alguns casos, com ódio mortal pelo primeiro coração partido – da namoradinha do ensino médio? Esta faixa fala deste momento tão marcante da vida e faz isso com melodias deveras empolgantes.
Uma boa comparação que podemos fazer do Nympho com uma banda mais conhecida seria com o Hammerfall. O Hammerfall surgiu para prestar homenagem ao heavy metal alemão dos anos 80. O Nympho faz a mesma coisa com o hard rock californiano dos anos 80.
Eles fazem isso muito bem. Não reinventam a roda e não tem nada aqui que você já não tenha ouvido antes. Mas essa não é a proposta. A proposta é fazer música divertida e empolgante, perfeita para cantar junto e acompanhar com palmas. E simplesmente não dá para botar defeito neste aspecto. Eles fazem o que se propõem, e fazem isso muito bem. Desta forma, Not That Innocent é um álbum altamente recomendável para qualquer pessoa que foi assistir a Rock of Ages no cinema e, assim como eu, teve que se segurar para não sair cantando junto todas as músicas.
CURIOSIDADE:
– Esta é a primeira resenha de CD que eu escrevo desde esta do Dynahead. É bom estar de volta às origens depois de tanto tempo. =]
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