Busca Implacável 3

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Se Liam Neeson hoje é um dos heróis de ação mais populares e prolíficos do cinema, muito disso é culpa da série Busca Implacável, cujo primeiro exemplar mostrou todo o talento do ator irlandês para despachar meliantes com máxima eficiência. Pois eis que ele está de volta na pele de Bryan Mills para a terceira parte da franquia.

Desta vez o roteiro deixa de lado o mote do sequestro dos filmes anteriores (porque senão a coisa ia ficar um tanto repetitiva) e investe em outro clichê provado e comprovado do gênero. Agora Brian cai numa armação e passa a ser perseguido pela polícia por um crime que não cometeu.

Aí você já sabe, só tem um jeito de ele sair dessa enrascada: fugir dos gambés enquanto conduz sua própria investigação. E quando ele finalmente descobrir e pegar o sujeito que armou para ele, o cara vai desejar nunca ter nascido. Afinal, Brian está numa Busca Implacável por justiça. Hell yeah!

Verdade seja dita, este terceiro exemplar novamente nem chega perto da tremendice do longa original, mas ao menos é superior ao segundo, que eu não achei lá grandes coisas. Contudo, é apenas pouca coisa melhor, o que acaba por torná-lo um tanto decepcionante.

A coisa mais legal da primeira película era o protagonista parecer um personagem de game beat ‘em up controlado por um moleque de 14 anos. Ele andava em uma única direção limpando a tela, sem despentear o cabelo. Se ele tomou dois socos e um corte de faca no primeiro filme inteiro, foi muito.

Aqui ele já é mais humano e menos eficiente. Talvez seja a idade, mas ele apanha pra caramba, o que o torna uma sombra do personagem pintudo que foi outrora. Pô, o clima absurdo de filme de ação dos anos 80 era a coisa mais legal que ele tinha, e desde o segundo longa resolveram maneirar bastante nisso.

Para piorar, também há um monte de cenas onde ninguém leva tiros e nenhum traseiro é chutado. Para que fazer isso? Avançar a história? Isso se faz com helicópteros explodindo e não com diálogos. Se ao menos essas falas envolvessem ameaças de morte, mas até nisso pegaram leve…

Se o ritmo já não é mais tão frenético, as cenas de ação em sua maioria são bem genéricas, sem nada de especial. E o fato de não mostrarem sangue deixa alguns momentos do longa bem estranhos pela forma como filmaram determinadas cenas. A mais ridícula delas envolve um tiroteio com um cara de cueca. E tem uma outra, do presunto no apartamento do herói, que você só descobre o que aconteceu quando um personagem explica a causa da morte numa cena posterior. Algumas borrifadinhas de sangue falso teriam resolvido essas duas cenas como mágica e não iam traumatizar nenhum pré-adolescente. Maldito PG-13!

A única sequência realmente legal e estilosa é a de Brian pegando um avião (você vai saber quando assistir). Se usassem ela como a tônica do filme todo, poderia render algo realmente bacana, mas ela acabou sendo mesmo a exceção num trabalho pouco inspirado.

De qualquer forma, Busca Implacável 3 ainda é assistível e não torra a paciência, desde que se baixe bastante sua expectativa. Particularmente, não o achei bom o suficiente para recomendar que seja visto no cinema, mas se você gostou do segundo, cujo nível de qualidade é bem parecido, então certamente vai gostar deste aqui também.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
busca-implacavel-3País: França<br> Ano: 2014<br> Gênero: Testosterona Total<br> Duração: 109 minutos<br> Roteiro: Luc Besson e Robert Mark Kamen<br> Elenco: Liam Neeson, Forest Whitaker, Famke Janssen, Maggie Grace, Leland Orser e Dougray Scott.<br> Diretor: Olivier Megaton<br> Distribuidor: Fox<br>