O Conto dos Contos é um filme de fantasia. Contudo, diferente da maioria de seus congêneres, este não é voltado para crianças ou mesmo para o público adolescente. Seu público-alvo é mesmo o pessoal adulto. Por isso ele tem toques de sangue, nudez e sexo. Mas calma, não é tão legal quanto isso pode levar a crer.
Na realidade, ele apresenta três histórias totalmente independentes, baseadas nos contos do escritor Giambattista Basile e presentes em sua obra Pentamerone. Segundo sua página na Wikipédia, trata-se do primeiro livro em língua latina a citar um ogro. Aposto que sua vida nunca mais será a mesma após esta informação.
Enfim, temos o conto da rainha que não consegue engravidar (Salma Hayek). Ela quer tanto um bebê que está disposta a fazer qualquer coisa e a pagar qualquer preço para isso. Depois há a história de um rei cafajeste (Vincent Cassel), que se apaixona pela dona de uma bela voz, sem saber que se trata de uma idosa.
Por fim, temos a narrativa de um rei (Toby Jones), sua pulga de estimação e sua bela filha, que está chegando à idade de se casar. De alguma forma, tudo isso acaba se juntando, mas o pretendente escolhido acaba passando longe do ideal.
O filme seria bem legal se fosse muito mais curto e feito com muito mais energia. As três histórias possuem elementos fantásticos / bizarros / surpreendentes para prender a atenção e são de fato bem interessantes. Porém, elas são filmadas de forma tão burocrática e morna que toda essa atenção inicial rapidamente se dispersa.
E ele dura uma eternidade, excessivos 133 minutos. Não que seja modorrento, nem sequer é isso, é apenas longo demais sem necessidade. Tivesse limado uma meia hora, poderia ter ficado muito mais dinâmico e melhor. Talvez a melhor solução fosse cortar uma história inteira.
Eu optaria por excluir a do rei e a pulga, que demora a ser apresentada e é a menos interessante das três, embora, ironicamente, tenha o melhor final, que confere um clímax um pouco mais movimentado para o desfecho da película. Ainda assim, ela demora muito a engrenar.
Visualmente o filme é bacana, com um visual caprichado, especialmente na primeira história, quando um rei (John C. Reilly) tem de matar um monstro marinho para ajudar a rainha a engravidar. Seriam os típicos preceitos de um filme nada, não fosse pelo agravante de sua longa duração causar uma dose de tédio, o que o deixa um degrau abaixo dessa categoria.
Para fãs do gênero fantasia, pode ser que O Conto dos Contos tenha predicados suficientes para agradar, desde que se vá sabendo de antemão de sua metragem grande e de que ele não parece ter sido comandado com muita energia. Se o climão geral morno não te assusta, vá em frente. Mas se essa não é sua praia, certamente há opções bem melhores em cartaz.