Marcelo Camelo e Mallu Magalhães já namoram há um bom tempo. No entanto, até que demoraram para estender esta parceria para o lado musical. Começou de forma tímida, com Mallu participando da música Janta, de Camelo. Depois este produziu o disco mais recente de Magalhães (Pitanga, de 2011).
Até que, por fim, ambos formaram a Banda do Mar, junto do baterista português Fred Ferreira, que lança agora seu primeiro disco, homônimo. E este caiu como uma gata surpresa aos meus ouvidos, visto que, honestamente, não esperava absolutamente nada desta bolacha.
Devo dizer que nunca tive vontade de ouvir as músicas solo da Mallu Magalhães e Marcelo Camelo, desde o último disco do Los Hermanos (banda da qual eu gosto), 4, de 2005, até seus discos solo, andava um mala, com seu violão e sua voz frágil em músicas minimalistas e quebradas de uma Bossa Nova torta feita sob medida para agradar o povinho cabeça de centro acadêmico de faculdade. Um porre.
Por isso mesmo, desde os acordes iniciais de Cidade Nova, faixa que abre o disco, já fica bem claro que a pegada da Banda do Mar é bem diferente. Até mais próxima do Los Hermanos (mas sem o nariz empinado), porém numa onda muito mais despretensiosa, feliz e muito Pop.
É um disco que parece ter sido feito todo para tocar no rádio e animar festas, embora também tenha alguma melancolia contida nas letras, que também faz com que ele desça bem se escutado sozinho, com as luzes apagadas. Cai bem nos dois espectros extremos.
Camelo e Mallu vão se revezando nos vocais entre as faixas, com Marcelo cantando sete canções e Magalhães cinco. E são as canções dela as mais Pops, grudentas e agradáveis do disco. Mais Ninguém, Muitos Chocolates, Mia, Me Sinto Ótima e Seja Como For são todas hits em potencial.
Suas faixas vão misturando pitadas de Folk, Rock, um bom trabalho de percussão e guitarras influenciadas pela Surf Music. Não à toa, Mais Ninguém foi escolhida como a primeira música de trabalho.
Já as faixas de Camelo, além da já citada Cidade Nova, são Hey Nana, Pode Ser, Dia Clarear, Faz Tempo, Solar e Vamo Embora e todas dialogam diretamente com seus projetos anteriores.
Ora lembram os momentos mais leves e descontraídos do Los Hermanos, ora pendem mais para o estilo adotado no último disco da banda dos barbudos e em seus álbuns solos. Seu DNA de MPB moderninha está inconfundivelmente lá, mas os arranjos estão todos voltados para uma sonoridade mais Pop e praiana.
São suas faixas que contrapõem um aspecto melancólico, mais de fim de tarde, às canções doces e mais iluminadas de Mallu Magalhães, tornando o tracklist equilibrado e conferindo uma boa unidade ao trabalho de estreia. Desta forma, o álbum de estreia da Banda do Mar acaba virando um dos trabalhos mais coesos e redondos que ouvi este ano.
Mostra os dois compositores em perfeita integração e leves, felizes, em canções preparadas para agradar bastante gente, muito mais que seu público costumeiro. Quem acompanha a carreira dos dois artistas, certamente irá gostar do novo projeto. E para quem nunca foi com a cara deles, esta é a oportunidade perfeita para lhes dar uma nova chance, pois o Pop beirando a perfeição da Banda do Mar tem tudo para agradar.