A Marca do Medo é o novo filme da Hammer, a lendária produtora inglesa de filmes de terror que realizou muitos clássicos do gênero nos anos 1970 e foi ressuscitada recentemente, tal qual um monstro de Frankenstein, mas sem o mesmo brilho. Afinal, para cada Deixe-me Entrar (o remake, não o original sueco), ela faz uns três A Inquilina.
O novo longa é mais um dessa segunda categoria de filminhos safados, que não assustam ninguém e apenas requentam uma trama manjada e o monte de clichês que isso acarreta. Embora neste caso em específico, a sua premissa até cause algum interesse, podendo dar pintas de que tomaria um caminho diferente. O que, claro, acaba não se cumprindo.
Baseado em uma (suposta) história real, o filme se passa em 1974, quando um pesquisador da Universidade de Oxford e seus assistentes tentam ajudar a jovem Jane, que se diz atormentada por uma entidade sobrenatural sua vida toda. O tal professor, contudo, acredita que é um problema psicológico que se manifesta fisicamente através de um dom telecinético de Jane e pretende provar isso, além de curá-la.
A galera se manda para uma casa de campo sinistra para monitorar Jane e grande parte da ação é vista através das filmagens de Brian, jovem cameraman contratado para registrar o experimento, deixando a produção com um visual metade convencional, metade found footage vintage.
A sinopse, apresentada dessa maneira, realmente parece interessante. Mas acredite, com quinze minutos de filme essa ilusão já passou. A produção também tenta ser daquelas que mostram muito pouco, sem exageros. Uma porta abrindo sozinha aqui, um objeto caindo acolá, deixando o clima de terror mais para a ambientação.
Também não funciona, e no fim acaba descambando para aquele terror mais mainstream, com reviravoltas e maior uso de efeitos especiais mais chamativos, praticamente renegando toda a estética construída até então.
Não chega a ser uma porcaria, é bem realizado em termos de produção e técnica, os atores são bons e não me torrou a paciência, o que é sempre um bônus. Contudo, é o tipo de película de terror da qual já devo ter visto mais de cem, só para chutar baixo. E essa, como a esmagadora maioria, não tem nada que a destaque de seus pares.
Para quem viu poucos exemplares do gênero, pode até ser que este A Marca do Medo possa funcionar. Mas se você está no DELFOS, vou presumir que você possui muito mais repertório. Neste caso, recomendo procurar algum outro programa melhor. Este não vale a pena.