Estranho um filme de criança ganhar uma continuação seis anos depois, não? A essa altura, os pimpolhos que se divertiram com o primeiro Deu a Louca na Chapeuzinho, de 2005 no cinema já são adolescentes interessados em identidades falsas ou o que quer que a juventude esteja fazendo hoje em dia.
Mas o primeiro filme era legal. Sua reimaginação do conto da Chapeuzinho Vermelho trazia novas cores e risadas a uma história que todos conheciam de cor e salteado. Esta continuação? Bem… leia a resenha.
Um tempo depois do primeiro filme, a Chapeuzinho Vermelho e toda sua turma fazem parte de uma organização que visa levar finais felizes para todo mundo. O problema é que a Vovozinha, ao tentar salvar João e Maria da Bruxa, acabou sendo raptada também. Agora cabe à Chapeuzinho e ao seu comparsa Lobo Mau resgatar a velhinha e as crianças.
Se o primeiro servia como uma continuação direta da história original, este já a abandona completamente, e se torna um Missão: Impossível para crianças, protagonizado por personagens modernizados de contos de fadas.
O lado bom é que, quando se foca nisso, as piadas funcionam. Por exemplo, o Gigante é dono de uma boate chamada Pé-de-Feijão. Em outra cena, eles têm que invadir uma casa e o Lobo Mau começa a soprá-la. Admito, todas as cenas como essas me fizeram rir. E tem várias delas.
O problema é quando ele começa a usar piadas desgastadas ou simplesmente repetir cenas de outros filmes. Uma coisa é fazer uma referência, outra bem diferente é refazer uma cena com seus personagens. Isso dá ao desenho uma cara de filmes como Deu a Louca em Hollywood. Pena, pois o humor do primeiro era bem mais refinado.
O visual também não ajuda. Ele já parecia velho e simples em 2005 e não melhorou nem um pouco nessa continuação. O problema não é o design dos personagens, que é bonitinho, mas a parte técnica mesmo. É visível que foi feito com menos dinheiro do que a maior parte das animações de hoje em dia. E, se nos idos de 2005, ele não conseguia competir com a Pixar, hoje chega a perder até se comparado a jogos de videogame AAA, como Killzone 3, por exemplo.
Mas o pior de tudo acaba sendo a “inspiração”. Obviamente, falo de Shrek. No primeiro isso já era claro, mas aqui chega a um ponto que eu não estranharia se rolasse um processo por parte da Dreamworks.
Deu a Louca na Chapeuzinho está para Shrek como Dante’s Inferno está para God of War. Em outras palavras, até tem algum charme e pode trazer alguma diversão, mas por não trazer nada de novo à fórmula e ser absurdamente inferior à sua “inspiração”, acaba dando mais vontade de voltarmos ao original do que de continuar até o final.
CURIOSIDADES:
– A voz brasileira da Maria é a mesma do Baby Sauro. Eu fiquei esperando a projeção inteira ela falar um “não é a mamãe” ou “precisa me amar”.