Se você está no DELFOS, muito provavelmente você gosta de música e de cinema. E, se você gosta dos dois, é quase certo que você também é um fã de filmes sobre música, certo? Então, direto da terra da melhor sitcom de todos os tempos, chega aos cinemas tupiniquins este Apenas Uma Vez.
Divulgado como sendo um romance/musical, o dito-cujo não é uma coisa nem outra. Sim, temos aqui muita música e a história de um caboclo que conhece uma cabocla. Só que os dois não se unem em um amor caboclal. Embora seja possível sentir um princípio de amor entre os dois, isso em nenhum momento é desenvolvido e, para todos os efeitos, eles são apenas amigos – e continuam assim até o final do filme, já que nenhum deles toma qualquer atitude para mudar isso.
Acontece que a amizade entre os dois é completamente focada no interesse que ambos têm por música. Por isso, do ponto de vista da azeitona, não temos aqui um musical daqueles que tiram o Cyrino da cama às três da manhã, pois em nenhum momento os personagens começam a cantar do nada, acompanhados por corais formados pelas pessoas que por acaso estavam na rua naquele momento. Sim, existem muitas músicas, muitas mesmo, mas estão todas dentro do contexto de que os personagens são músicos. Ou seja, eles sempre estão tocando as músicas, muitas vezes até mesmo compondo as dita-cujas. Em outras palavras, se este é um musical, filmes como Rock Star e Letra e Música também são.
Para falar a verdade, não existe muita história por aqui. O principal mesmo são as canções. E, meu amigo, elas são simplesmente lindas. Embora meu gosto musical seja predominantemente elétrico e distorcido, ultimamente tenho adquirido bastante gosto por músicas acústicas, em especial levadas ao violão e ao piano (deve ser a idade) e é justamente isso que temos aqui. Belas melodias vocais cimentadas por belas bases nos instrumentos supracitados.
Eu fui ao cinema querendo me emocionar com um romance. Ao invés disso, me emocionei com as canções. Vá assistir, mas vá sabendo que o melhor que ele tem a oferecer são as músicas, não a história. E essas realmente valem a pena.
Curiosidade:
– Na primeira vez que os protagonistas tocam juntos, o cara fala para a mina algo como “This is in C”, que é corretamente traduzida na legenda como “Esta é em Dó”. Nesse momento, alguém atrás de mim fez uma crítica na linha de “Pô, ele fala que a música é em Si e eles traduzem como Dó”. Fala sério, não dá orgulho da imprensa brasileira?