O que leva alguém a fazer um filme de terror genérico? Grana? Ah, tá. Faz sentido. Eu também faria um em troca de alguns poucos milhões de dólares. No caso, este Uma Chamada Perdida não só é um terror genérico, como é mais um na longa lista de remakes de filmes orientais. E já que estamos falando de filmes orientais, a semelhança do dito-cujo com O Chamado permeia toda a projeção. Dá até para argumentar que o filme original, por si só, é também um remake do filme da menina do poço.
Saca a sinopse e diz aí se você não concorda comigo: morre uma fulana. Daí, uma miguxa da fulana recebe uma ligação da presunta no seu próprio celular. Quando ela vai ouvir a mensagem, ouve sua própria voz em um momento de pânico. Ah, e a mensagem vem datada de algum momento no futuro próximo. Quando esse momento chega, a miguxa morre (não sem antes ficar vendo uns manequins malvados) e, logo depois, cospe uma bolinha de gude (o filme chama de balas, mas para mim aquilo é uma bolinha de gude). Daí, um ciclano recebe uma ligação da miguxa que tinha acabado de apresuntar e o ciclo se repete. Pronto, agora cabe à protagonista e a um policial que ela acabou de conhecer descobrir porque diabos tudo isso está acontecendo.
Cá entre nós, essa sinopse até podia soar interessante há uns 10 anos, pré-Chamado, mas hoje a gente ouve isso e pensa apenas em genérico. E tome sustos com aumento de trilha sonora e um monte – e eu realmente quero dizer um monte – de cenas de comédia não-intencional. Ou você consegue definir de outra forma uma mão fantasma que aparece do nada e puxa um gato para um lago, onde o pobre bichano faz seu último “glub”? E esse é apenas um exemplo, pois não quero estragar a surpresa do pobre delfonauta que vai torrar seu rico dinheirinho nessa porcaria. Afinal, essas cenas estúpidas acabam sendo o que o filmeco tem de mais divertido.
Vale a pena assistir? Nem. Mais vale reunir alguns amigos na sua casa, alugar O Chamado, atribuir um personagem para cada um de vocês, apertar mute e recriar diálogos que nada tenham a ver com a trama. Com certeza vai ser bem mais divertido.