The Thing Remastered é o mais novo trabalho de remasterização da Nightdive. E toda vez que a Nightdive remasteriza algo eu presto atenção. Nem sempre quero jogar, pois eles remasterizam muita coisa que não me interessa. Porém, eles sempre fazem um trabalho tão bacana que eu ao menos coloco no meu radar para decidir se quero ou não jogar.
The Thing Remastered é um caso de jogo que eu queria jogar. Dito isso, é também um jogo de PS2 que simplesmente não envelheceu bem. Ele é bastante complicado e exigente, mas é também bem obtuso, a ponto de que você pode chegar ao final sem saber que era capaz de fazer algumas coisas.
Review The Thing Remastered
Apesar de ser um TPS, The Thing é bem tático. Durante quase toda a campanha, você é acompanhado por NPCs. Cabe a você administrar todos eles, e por administrar, eu quero dizer realmente cuidar de todos os pormenores. Eles são programados para desconfiar de você e para não pegarem nenhum item do chão. Você deve armá-los, tomar decisões que os faça confiar em você e mantê-los com munição suficiente antes que eles achem que você é um inimigo, e resolvam usar o que têm de munição em você.
Ter amigos por perto é uma mão na roda. Médicos te mantêm com a saúde no máximo desde que você use seus medkits neles quando necessário. Engenheiros abrem portas e operam máquinas, e pode ser um empecilho real se você chegar a um ponto que necessite de um sem um.
O Enigma de Outro Mundo 2
A história de The Thing Remastered acontece imediatamente após o filme de John Carpenter. Você faz parte de uma equipe enviada para descobrir o que aconteceu ali. É a típica premissa de videogame, bem semelhante a Dead Space, mas funciona.
Sua equipe não chega a ser descartável (vide o caso de precisar de um engenheiro para abrir uma porta essencial), mas ao longo da história você conhece e se separa de várias pessoas. Porém, até a história determinar que vocês seguirão por caminhos separados, é vital manter todos vivos e colaborando.
Mas sim, mais de uma vez seus companheiros ficarão loucos ou infectados, e no caso deste último você pode revelar isso com um exame de sangue, ou esperar dar a louca nele de vez. É interessante, sem dúvida, mas é muito trabalhoso, com uma interface invasiva e incômoda.
Uma interface invasiva e incômoda
Dá muito trabalho fazer qualquer coisa com sua equipe. Dar armas e munição, as interações mais básicas, são longas e cansativas. Por exemplo, se você está com a munição cheia e tem um monte de balas no chão, não dá para mandar o NPC pegar. Você precisa dar os seus próprios itens e daí pegar o que estiver no chão. Este processo eventualmente te deixará com menos munição do que você deu. E não dá para pegar munição de volta, a não ser que você desarme totalmente o caboclo, a custo de sua confiança.
Inclusive se você deu uma tosca pistolinha e quer fazer um upgrade e dar um rifle ou uma escopeta, você precisa antes tirar a arma e a munição. E daí dar a arma melhor não vai recuperar a confiança para o nível que estava antes.
Frio e loucura remasterizados
Além disso, tem a loucura. Algumas situações e cenários fazem os carinhas começarem a reclamar. Você pode dar adrenalina para melhorar temporariamente, ou então tirar ele dali. O problema é que os caras são muito burros, e ficam presos em portas e paredes com frequência. Mais de uma vez eu precisei ficar esbarrando num NPC até ele passar pela porta e ficar mais calmo, pois ele se recusava a fazer isso sozinho.
Parece bastante inconveniente, né? Por fim, tem o frio. Sempre que você está ao ar livre tem limite de tempo. Você precisa encontrar abrigo antes de o fio começar a te matar. Isso no começo parece muito chato, mas no final das contas acaba sendo menos irritante do que o microgerenciamento do esquadrão.
O trabalho da Nightdive em The Thing Remastered
Falei bastante sobre o jogo, e admito que não gostei muito dele. Dito isso, a remasterização está excelente. O jogo roda a 4k e 120 fps nos consoles mais poderosos, e é extremamente estável na performance. Uma única vez o jogo fechou sozinho, o que foi chato, mas foi um problema pontual. A iluminação também parece ter sido retrabalhada, com efeitos de luz e sombra modernos que seriam muito impressionantes (e impossíveis) no PS2.
Acredito que não fazia parte da proposta, mas a Nightdive poderia ter tornado o jogo melhor com algumas melhorias de qualidade de vida. Waypoints que guiassem o jogador, menus retrabalhados, coisas simples assim. Acredito que com estas pequenas mudanças eu me sentiria mais confortável recomendando The Thing Remastered.