Retrorealms é um programa que visa ser uma entrada para jogos retrô licenciados. Até o momento, dois deles estão disponíveis. Um baseado na série Halloween, e outro em Ash vs. Evil Dead. Quando eu fiquei sabendo do projeto e vi vídeos dos dois, eles pareceram tão legais que fiquei muito animado para jogar. Quando vi que os dois foram desenvolvidos pela WayForward, mais ainda. Infelizmente, a WayForward de 2024 não é mais a mesma.
Dos dois, Halloween era o que eu mais queria jogar. Afinal, já joguei com o Ash antes. Além disso, não me lembro de outro jogo single player baseado em slashers te colocar para controlar o assassino. Parecia uma receita para algo no mínimo divertido. Apesar de rodarem no mesmo programa, os dois jogos são vendidos separadamente, ou em um pacote que combina ambos. Este pacote combinado custa cinco centavos de real a mais do que se comprar separadamente.
RETROREALMS
Os dois jogos são bastante parecidos em gênero com os Castlevanias de Nintendinho. Você vai para a direita em fases lineares de plataforma, com um ataque corpo a corpo e uma arma à distância que usa munição e pode ser trocada de acordo com os itens que você encontra. Controlar Ash e Michael Myers é exatamente igual. Os dois têm os mesmos golpes, upgrades e habilidades.
Talvez a principal diferença seja que segurar o botão de ataque faz Myers atacar deslizando para frente, enquanto Ash dá um tiro da sua escopeta. Os dois games têm a mesma quantidade de fases e os mesmos inimigos, apenas usando skins relacionadas ao filme em questão. A história é diferente, mas parte da mesma premissa: um demônio pegou algo importante para o “herói” e você quer recuperar.
NARRATIVA E MECÂNICAS
Narrativamente, Ash vs. Evil Dead é comédia, enquanto o Halloween é mais sério. Dá para jogar com personagens trocados e histórias diferentes. Por exemplo, usar o Michael Myers no Ash vs. Evil Dead e vice-versa. Também tem dois personagens de DLC, Kelly da série de TV, e Laurie Strode dos filmes. Mas como a história é apresentada via textos, com barulhinho de máquina de escrever e tudo, sinceramente não faz muita diferença.
Outra mecânica que junta os dois é que as fases têm dois layouts. Você pode usar sua energia roxa para olhar dentro do mundo dos demônios. Este é mais difícil, mas ocasionalmente só dá para progredir por ele. Além disso, boa parte dos itens e colecionáveis estão escondidos neste mundo.
RETROREALMS: HALLOWEEN
Eu joguei primeiro o Halloween e ele não me empolgou de cara. Apesar do visual bacaninha, ele me lembrou jogos bem genéricos da época do Nintendinho, sem nada muito especial. Ele logo se mostrou extremamente difícil também. Talvez não tanto pela dificuldade em si, mas por causa dos checkpoints. Morrer te coloca de volta no início da tela, assim como no clássico Ninja Gaiden. Só que as telas são bem mais longas do que costumavam ser no Nintendinho, então dá para perder muito progresso com um pequeno erro.
Halloween também é extremamente quebrado. Durante minha campanha, a música simplesmente parou de tocar e não voltou mais. Toda fase tem três abóboras colecionáveis, e deveria mostrar a ordem delas quando você as coleta, mas isso também parou de aparecer. O jogo já era fraco e frustrante, mas estes problemas técnicos o tornaram ainda mais chato.
RETROREALMS: ASH VS. EVIL DEAD
O Ash vs. Evil Dead é muito melhor do que o Halloween. O level design é menos punitivo, e apenas isso deixa o jogo bem mais divertido. Fiquei com a sensação de que os jogos foram pensados para você jogar primeiro este, já que ele é mais fácil. Ao terminar a campanha, o Halloween durou duas horas para mim, enquanto Evil Dead durou 90 minutos. A quantidade de fases e chefes é a mesma, então acredito que a diferença na duração se dá a eu ter morrido muito mais controlando Myers.
Dito isso, a última fase do Ash vs. Evil Dead é muito pior. Os inimigos são os mesmos nos dois jogos, e incluem um mosquitinho que, quando te pica, inverte o direcional do controle. Isso nunca é legal. Mas no jogo do Ash, estes mosquitinhos aparecem em um level design de plataforma radical, com esteiras e elevadores. Cheguei a pensar que nunca conseguiria passar da última fase.
FALANDO EM ALGO QUE NUNCA É LEGAL
E já que o assunto do momento são coisas que nunca são legais, adivinha só: os dois jogos terminam com uma batalha final que envolve dois chefes seguidos, sem checkpoint e sem renovação da sua vida. Ô, delícia. Só que não. Curiosamente, apesar de ter ficado com a impressão de que Evil Dead foi pensado para ser jogado primeiro, a última fase dele é bem mais difícil, e o chefe final muito mais épico. Não é bom, propriamente dito, é apenas mais épico.
A sensação de acabar os dois, no entanto, foi a mesma. “Finalmente acabou, nunca mais quero ver esta porcaria na minha frente”. Evil Dead é bem melhor, mas ainda não é um bom jogo. Eu daria a ele 1,5 Alfredos, enquanto Halloween levaria 0,5. A média, portanto, fica: