O delfonauta me conhece. Eu sou totalmente a favor de retrocompatibilidade e de que jogos antigos fiquem eternamente disponíveis. Isso, contudo, não significa que é sempre uma boa jogá-los. Este é nosso review Star Wars Bounty Hunter.

Na época de outrora, os jogos de Star Wars eram todos feitos pela LucasArts, e eles vinham em vários gêneros. Star Wars Bounty Hunter é um TPS. Em muitos aspectos, ele me lembrou os primeiros Max Payne, mas se Max Payne já não envelheceu especialmente bem, que dirá de um jogo que nunca foi tão legal?

REVIEW STAR WARS BOUNTY HUNTER

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Apesar de não ser o TPS mais criativo da época, Star Wars Bounty Hunter era especial por permitir que a gente jogasse com Jango Fett. E ele usa bem o personagem. Você pode voar, atirar com uma boa variedade de armas e até caçar recompensas secundárias. Ele também traz uma história inédita, protagonizada pelo próprio Temuera Morrison, ator que fez o Jango na nova trilogia (e o Boba na recente série do Disney Plus).

A história coloca o caçador de recompensas na disputa por uma enorme recompensa postada pelo Conde Dooku. É o tipo de história padrão para este tipo de aventura, aquele esquema “um trabalho para ser o último trabalho”, manja? É até bacana, e as cutscenes são bem feitas para a época, ainda que hoje em dia não sejam especialmente bonitas.

NÃO É ESPECIALMENTE BONITO

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Este é um aspecto que pega forte aqui. Star Wars Bounty Hunter lembra muito aqueles jogos em 3D feitos antes de a indústria saber exatamente como dominar a técnica – o que só foi acontecer mesmo na geração posterior, do PS3. Assim, todos os problemas de videogames antigos ainda estão aqui. Câmera, controles, limite de vidas. Bounty Hunter parece querer antagonizar o jogador o tempo todo, mas a gente sabe que na época eles só não sabiam como fazer melhor.

A câmera é um exemplo. Você até pode mirar livremente, mas como era comum na época, dá para travar a mira e ela vai se alternando entre os inimigos conforme estes caem. O problema é que o combate envolve recuar e atirar o tempo todo e, se você aperta o botão de travar quando estiver recuando, a câmera não trava no inimigo, mas reseta atrás do personagem. Isso exige virar de volta para atirar no desafeto, que agora está atrás de você. Da mesma forma, coisas hoje banais, como olhar e mirar para cima e para baixo, simplesmente não funcionam direito aqui.

UM BOUNTY HUNTER TEM LIMITE DE VIDAS

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O tratamento que ele dá à morte é semelhante ao que a LucasArts deu a Dark Forces. Você tem cinco vidas por fase. Perder uma vida te retorna ao checkpoint sem reviver inimigos. O problema é que perder as cinco faz você voltar ao início da fase, e estas são muito longas, não raro passando dos 30 minutos.

É o tipo de mecânica que os jogos faziam na época para você não terminar rápido demais, e foi por causa desse tipo de coisa que eu parei de jogar videogame por um bom tempo. Mas Bounty Hunter me lembrou mais coisas que me fizeram parar de jogar.

LEVEL DESIGN

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Star Wars Bounty Hunter é um jogo de ação linear, o que em princípio eu adoro. Porém, embora normalmente só haja um caminho a seguir, este caminho raramente é claro. Você precisa encontrar grades a serem cortadas, por exemplo. Além disso, as portas não têm um visual diferente quando abrem, o que exige que você se aproxime de todas elas torcendo para alguma abrir. Os cenários também são muito parecidos, a ponto de você nunca saber se está indo ou voltando, sem ter certeza de por onde entrou em cada uma das muitas salas idênticas.

Os inimigos normalmente são infinitos. Você pode ter limpado totalmente um corredor, mas ao virar as costas, vai receber tiros por trás. Combine este caminho não claro a inimigos infinitos e você tem um gameplay irritante, que simplesmente não dá prazer algum em jogar.

CAÇANDO RECOMPENSAS

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Há uma mecânica de caça recompensas, que destaca inimigos específicos que podem ser capturados ou mortos. Porém, você precisa identificá-los antes de matá-los. Para isso, é necessário equipar o scanner no lugar da sua arma, o que te torna indefeso. Muitas vezes o alvo vem no meio de uma dezena de inimigos, então você precisa começar cada batalha escaneando um por um na esperança de que algum seja procurado. Hoje em dia provavelmente teria um botão dedicado do controle para o scanner, que poderia ser usado ao mesmo tempo que a arma.

A melhor coisa de Bounty Hunter, e talvez a única coisa em que ele é melhor do que Dark Forces, é a música. Nada de midi, ele usa as gravações reais da trilha dos filmes, e as torna dinâmicas, fazendo com que as músicas terminem naturalmente depois das cenas de ação. É bem bacana mesmo, e chega até a empolgar quando você está no meio de um tiroteio ao som da épica trilha de John Williams.

STAR WARS BOUNTY HUNTER

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Sinceramente, eu diria que Star Wars Bounty Hunter era um jogo bacana quando do seu lançamento original, em 2002. Porém, ele é bem uma relíquia típica da época. A geração do PS2 teve alguns jogos além do seu tempo que envelheceram muito bem. Mas a imensa maioria, mesmo os que eram então considerados bons, eram como este aqui. São jogos que tentavam ser especiais, e até tinham valor de produção alto, mas que pecavam em coisas que a indústria ainda não sabia fazer direito.

Na época, a gente suportava isso. Afinal, ou os jogos eram 3D com este monte de peculiaridades, ou eram do estilo 2D, que envelheceram muito melhor, mas que na época pareciam datados. Poucos eram os jogos 3D dessas primeiras gerações que realmente são bons de jogar hoje. Star Wars Bounty Hunter definitivamente não é um deles. Mas ei, pelo menos pelo valor histórico, vejo este relançamento com ótimos olhos. Só não vou recomendar que você o compre.