Pelo quanto custa fazer um jogo realmente moderno, com atores, captura de movimento e cutscenes cinematográficas, a gente vê muitos lançamentos retrô atualmente. Porém, poucas vezes na minha vida adulta eu joguei algo que me divertiu como se estivesse no meu quarto jogando Mega Drive, sentado no chão em frente a uma TV CRT de 20 polegadas. Bem-vindo a Anomaly Agent.

REVIEW ANOMALY AGENT

Anomaly Agent, Phew Phew Games, Delfos, Plataforma

Antes de resolver cobrir Anomaly Agent, eu o estudei um pouco, como sempre faço. Parecia um jogo com potencial, mas não esperava nada demais. Inclusive a primeira impressão não foi muito positiva. A abertura foca no combate, que parece ser durão e repetitivo. Porém, não demora para o jogo começar a abrir.

Não que seja mundo aberto ou algo assim. É um game de ação e plataforma 2D linear, em fases. O que digo de abrir é aumentar as possibilidades. Misturar combate com plataforma e com várias mecânicas como portais, pulos duplos e outras coisinhas tipicamente de games. As mecânicas isoladas são simples, mas o game combina uma grande quantidade delas para cozinhar um prato que é mais do que a soma de suas partes.

ANÁLISE ANOMALY AGENT

Anomaly Agent, Phew Phew Games, Delfos, Plataforma
Delícia!

A real é que Anomaly Agent apresenta uma variação deliciosa entre suas fases. Ele começa extremamente familiar, te apresentando como um agente com a missão de capturar algumas anomalias. Você, gamer esperto, logo vai pensar que cada fase termina numa batalha contra um dos chefões. Mas a coisa é muito mais criativa do que isso, tanto no gameplay quanto na sua história.

É verdade, a história de Anomaly Agent, embora seja totalmente contada por textos, é genuinamente engraçada e divertida. Na sua jornada, você vai encontrar uma ótima seleção de personagens peculiares, como o bartender que exige que todos em seu bar dancem. Logo, você vai combinar pulos duplos com combate e com desviar de armadilhas. Eu diria que o timing aqui é até melhor do que o mais recente Prince of Persia, que é muito mais combate do que plataforma.

AUDIOVISUAL

Anomaly Agent, Phew Phew Games, Delfos, Plataforma
O visual detalhado de alguns inimigos é muito engraçado!

Graficamente, Anomaly Agent não é nada demais. Porém, ele transborda estilo na proporção e animação dos bonecos, e um estilo que muito me apetece. Muito legal também é o visual detalhado de alguns personagens mais importantes, que mostram o personagem que normalmente é um emaranhado de pixels em um desenho mais tradicional. Praticamente toda vez que um desses desenhos aparecia eu esboçava um sorriso.

E daí tem a trilha sonora, que sem exagero algum, se tornou uma das minhas coleções de chiptunes preferidas. Neste aspecto, eu sinceramente não tenho do que reclamar. Todas as músicas são animadas, empolgantes e cantaroláveis, lembrando as melhores trilhas sonoras dos 8 e 16-bit.

AGENTE ANÔMALO

Anomaly Agent, Phew Phew Games, Delfos, Plataforma

Jogar Anomaly Agent foi um enorme prazer, com um gostinho de infância que não me lembro de ter sentido nenhuma vez nesta onda de jogos retrô. Ele me causou a sensação deliciosa de passar um sábado à tarde com uma fita de Mega alugada, sem as frustrações e pentelhações da época, como ficar anotando passwords para continuar jogando.

Se tenho uma reclamação é com sua dificuldade. Acho que ele deveria dar uma diminuída. O modo médio do jogo é o equivalente ao que seria um hard na época do Mega Drive, então o easy é o equivalente ao médio. Tem bastante espaço para o jogo ser mais fácil aqui, e assim ser mais acessível para todo mundo. Do jeito que está, acredito que muita gente vai empacar no último chefe, ou mesmo antes disso.

Anomaly Agent, Phew Phew Games, Delfos, Plataforma
Os gráficos são simples, mas o jogo transborda estilo.

Mesmo assim, em 2024 praticamente todos os games que existem são difíceis paca, então pelo menos aqui você tem a opção de diminuir a dificuldade a qualquer momento para algo ainda difícil, mas mais palatável. E para mim, particularmente, a dificuldade no fácil é mais ou menos como eu gosto, mas sei que, especialmente em games de plataforma, tem muita gente sem as mesmas habilidades que eu. Anomaly Agent é um game fácil de recomendar mesmo para gamers mais modernos, mas se você, como eu, já jogava joguinhos eletrônicos nos anos 90, vai ter um delicioso gostinho de infância. Só faltou mesmo a mãe trazer um misto quente no meio da tarde.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
review-anomaly-agent-diversao-retro-com-gostinho-de-infanciaDisponível: Switch, Xbox One, Windows<br> Analisada: Xbox One (rodando no Series X)<br> Desenvolvedora: Phew Phew Games<br> Editora: Naisu<br> Lançamento: 24 de janeiro de 2024<br> Gênero: Ação e plataforma 2D<br>