E aos 45 do segundo tempo, temos em Ghostrunner 2 a maior surpresa de 2023 para mim. Vou dizer, este é um jogo que eu peguei meio que por obrigação, e até pedi a versão de PC para poder trapacear. Tudo isso baseado exclusivamente na resenha do Yohan para o primeiro jogo.
Ele reclamou tanto da dificuldade e da repetição que, mesmo eu tendo o game em questão desde o lançamento, nunca me animei a jogar. E, se não fosse para cobrir o segundo para o DELFOS, talvez nunca tivesse jogado este também. E, olha, ainda bem que o fiz. Isso porque não ficava tão empolgado com um jogo desde Turbo Overkill.
ANÁLISE GHOSTRUNNER 2
De forma alguma quero dizer que o Yohan estava errado em sua análise. E talvez a dificuldade tenha sido consideravelmente diminuída nesta continuação. Sinceramente, não sei dizer no momento. E admito, o jogo ainda é muito difícil. O final de cada fase mostra quantas vezes você morreu nela, e meu contador sempre estava ao norte de 100.
Porém, ele toma muitos cuidados que tornam a dificuldade muito mais tolerante do que, por exemplo, em um soulslike. Para começar, quando você morre, volta do checkpoint imediatamente. Não é que tem uma tela de carregamento rápida, ou que ela fica alguns segundos preta. Você simplesmente vai da tela de morte para o checkpoint de forma instantânea.
Além disso, os checkpoints são extremamente frequentes, acontecendo literalmente a cada alguns segundos. Ocasionalmente, você precisa passar por desafios de plataforma que parecem um tanto longos quando está fazendo, mas se cronometrar vê que voltou pouca coisa em termos minutais. A combinação de ambas características faz TODA a diferença. Eu tentava 15, 20 vezes o mesmo checkpoint sem xingar e nem encher o saco, porque não voltava muito e não precisava esperar vários segundos sem jogar até acumular raiva.
MAS COMO É GHOSTRUNNER 2?
É estranho começar uma análise falando da dificuldade, mas lidar com ela estava no topo da minha lista e da falta de vontade de jogar. Então quando vi que conseguia jogar Ghostrunner 2 sem passar raiva foi uma revelação para mim. Isso porque temos aqui um plataforma 3D em primeira pessoa, com movimentação rápida e deliciosa.
Ghostrunner 2 me lembrou bastante do supracitado Turbo Overkill, mas também de Doom Eternal. Este tem menos combate e mais foco em movimentação e plataforma, mas se você gosta de um dos games, provavelmente vai curtir todos. O combate que está aqui também é diferente de seus congêneres. Afinal, você tem uma espada e alguns superpoderes, mas não atira. Isso faz com que a movimentação, e mesmo a ordem em que ataca os inimigos, seja vital.
O HACK AND SLASH DE GHOSTRUNNER 2
Você e todos os inimigos padrão morrem com um único ataque. Então simplesmente não dá para ficar parado. Para sobreviver, é necessário defletir os tiros, correr pelas paredes, atirar shurikens e usar o force push (sem brincadeira!) com cuidado e estratégia. Sim, é um tanto frustrante que você pode vencer uma pá de inimigos e o último, um pusilânime fracote, te mata por causa de uma bobeira. Isso vai acontecer com você e faz parte, e não dá para negar, Ghostrunner 2 é um jogo de tenta, tenta e tenta de novo até passar. Mas cada tentativa em si é muito divertida.
Apesar das necessárias muitas tentativas, o jogo traz uma enorme variação entre as fases, tanto de mecânicas quanto de cenários. Tudo começa mais ou menos como o anterior, no mesmo cenário e com os mesmos movimentos. Mas logo você vai usar ventanias para pular alto, surfar em cabos ou ter que alternar entre cores para solidificar as plataformas durante os movimentos. E na maior surpresa da campanha, você sai da torre principal, ganha uma moto e vai explorar o mundo!
ADRENALINA MOTORIZADA
Normalmente quando jogos lineares introduzem veículos, eu torço o nariz. Mas aqui a moto vem não para abrir as fases altamente dirigidas, mas para turbinar a adrenalina. Você faz loopings, desvia de paredes como se fosse um sapo ninja, persegue e é perseguido. O jogo já estava muito bom antes de pegar a moto, mas a sequência de missões que envolve dirigir é de fato incrível.
O clímax é numa perseguição/boss battle contra uma serpente gigantesca. Ela começa te perseguindo pelo deserto, daí eventualmente te engole e você vai desviando de seus órgãos mecânicos enquanto a destrói por dentro. É sensacional, e só de descrever isso, estou esboçando um sorriso por me lembrar de quão legal foi esta fase.
Até tem uma fase que pareceu que queria inventar de ser mundo aberto, pois ela te manda investigar três torres. Porém, mesmo ela foi tão cheia de emoção contra as outras. Ao chegar em cada torre, você largava a moto e a escalava através de plataformas. Depois, descia em uma tirolesa que te colocava novamente de frente à moto. Nesta altura, eu estava pensando se Ghostrunner 2 não faria nada de errado.
FASES MAIS CHATINHAS
Ele fez. A variação é enorme, e nem sempre é para o bem. Alguns desafios são de fato um tanto monótonos. Em uma fase, você precisa destruir cristais em ordens específicas e com intervalos inferiores a cinco segundos entre cada um. É o tipo de desafio que costuma estar num modo à parte, liberado quando você termina a história, mas aqui ele faz parte da história.
Um modo à parte que pode agradar muita gente é que, além das fases altamente dirigidas, ele traz também um modo roguelike. Neste, você tem um limite de vidas e as fases são desafios autocontidos (tipo chegue ao final ou vença todos os inimigos). Passar de fase dá um upgrade para usar nas seguintes e vencer a fase final dá um cosmético. É até divertidinho, mas você sabe, roguelikes não são minha geleia.
A PERFORMANCE DE GHOSTRUNNER 2
Como é tradicional nas nossas análises de PC, vou falar um pouco da performance. Eu tive alguns problemas para tunar o jogo. Ele dava travadinhas frequentes mesmo se eu colocava tudo no mínimo e rodando a 720p. Depois de um tempo, consegui fazê-lo rodar próximo dos 60 fps a 1440p com tudo no máximo (em uma RTX 3070). Mas para conseguir isso, precisava reiniciar o computador e jogar direto, sem abrir nada além do Steam. Infelizmente, 4K não pareceu viável para mim. Sei lá, jogando no PC eu sinto mais necessidade de alcançar 60 fps do que em console, o que é curioso.
Outra coisa técnica que quero elogiar é o excelente uso que Ghostrunner 2 faz do SSD. Não existem telas de carregamento. Você vai de uma fase para outra apenas passando por uma rápida tela preta. Isso vale também quando você entra em um estágio dentro da fase ou passa por “portais” que mudam a posição. Mais até do que Ratchet e Clank Rift Apart, eu sinto que Ghostrunner 2 realmente não seria viável em um HD mecânico. E olha, eu estou adorando ver as formas criativas que os games estão usando este tipo de velocidade next-gen.
SURPRESA, É O GHOSTRUNNER 2
Esta foi minha experiência com Ghostrunner 2, um game que me divertiu tanto que assim que tiver tempo pretendo voltar e jogar o anterior. Se você também é hiperativo e gosta de uma movimentação cheia de adrenalina, não perca!