Algumas boas idéias, de tão simples que são, às vezes demoram a aparecer. E quando o fazem, geralmente as pessoas pensam: puxa, por que ninguém nunca tinha pensado nisso antes?
Vejamos o caso dos vampiros. A mitologia dos seres chupadores de sangue existe há mais de 100 anos e em praticamente todas as histórias eles são vulneráveis à luz do Sol. Então não seria legal se eles atacassem um lugar onde o astro rei não desse as caras por um longo período de tempo?
O roteirista de HQs Steve Niles achou que sim, e junto do artista Ben Templesmith criou a graphic novel 30 Dias de Noite, cuja versão cinematográfica chega agora aos cinemas.
A história se passa na cidadezinha de Barrow, Alasca, a qual, uma vez por ano, fica 30 dias consecutivos sem ver a luz do Sol, na mais completa escuridão. E é nesse período que uma turma de vampiros chega para transformar o pacato e isolado vilarejo de fim de mundo numa enorme churrascaria rodízio para dentuços.
Cabe ao xerife do lugar, Eben (Josh Hartnett, aquele que fez Sin City e Xeque-Mate) agrupar os poucos sobreviventes da chacina, levá-los para algum lugar seguro e sobreviver aos 30 dias, tentando encontrar formas de matar os seres nefastos.
Se 30 Dias de Noite fosse um game, ele seria do gênero survival horror (ou horror de sobrevivência, aquele que consagrou Resident Evil), pois é justamente isso que acontece durante os 113 minutos de projeção. Eben e sua tchurma, que inclui sua ex-mulher Stella (Steeeelllaaaa!), interpretada por Melissa George, têm de procurar esconderijos, provisões e mudar constantemente de lugar para não virarem lanchinho. Claro, totalmente encurralados, sem nenhum contato com o mundo exterior e sem nenhuma forma de deixarem Barrow, eles sempre acabam cruzando com um vampiro. E é aí que o sangue jorra e a coisa fica divertida.
Aliás, falando nos vampiros, esse filme faz por eles mais ou menos o que Extermínio e Madrugada dos Mortos fazem pelos zumbis. Aqui não há criaturas eloqüentes e educadas usando capas. Os vampiros de 30 Dias de Noite são animalescos, cruéis e muito malvados. Ah, sim, e tem sempre sangue escorrendo de suas bocas. Ponto para o departamento de maquiagem. No entanto, enche um pouco o saco os gritos estridentes que eles soltam toda hora.
O filme também não escapa de certos clichês do gênero, como vultos passando pela tela e a música estourando nessa hora, mas, no entanto, demonstrou certa coragem que muitas outras películas não têm (falo isso pela cena da menininha vampira) e o final, particularmente, é bem legal e foge do lugar comum de tantos filmes de terror. O quesito gore também está bem representado, com muitas decapitações e coisas do gênero, embora nem tudo seja mostrado em tela, o que ajuda a dar um alívio para aqueles de estômago mais fraco.
Num ano com vários filmes baseados em quadrinhos, sendo que a maioria deles ficou abaixo do esperado, 30 Dias de Noite é o mais divertido dessas adaptações, até por ser baseado numa obra não tão popular e, portanto, ser mais descompromissado. E se você gosta de ver sangue, sangue é o que você terá. Vale a conferida, especialmente para quem tem desejo de morar no Alasca!