Se você me perguntasse algumas horas atrás o que eu esperava de Zé Colmeia – O Filme, provavelmente eu responderia batendo a cabeça na parede até desmaiar. Felizmente, hoje fui surpreendido positivamente. Ok, a essa altura o delfonauta olha para a nota aí do lado e exclama “como assim?”. Pois é, aí você vê como minhas expectativas eram baixas.
Você conhece o Zé Colmeia. Ele e seu amigo Catatau são ursos falantes em um mundo onde isso é raro, porém não tão raro a ponto de as pessoas se surpreenderem. Como todos nós, a dupla adora uns docinhos, portanto vive criando planos infalíveis para roubar as cestas de piquenique dos visitantes do parque Jellystone, onde vivem. Enquanto isso, o Guarda Chico tenta explicar para o teimoso Zé que não é legal roubar dos visitantes.
No filme, o prefeito da cidade representa as clichezentas corporações malvadas, pois quer vender o parque para ganhar dinheiro. Assim, o trio de protagonistas do desenho, mais uma cineasta bonitinha, precisam arrecadar 30 mil dólares para evitar que isso aconteça.
Você já viu essa história antes, não viu? Digo mais, você já viu esse mesmo roteiro antes. O negócio é tão batido, previsível e óbvio que parece mais um exercício passado para um grupo de estudantes de roteiro do que algo feito por profissionais. Além de ser possível identificar exatamente cada passo da “criação”, absolutamente TUDO que acontece – inclusive várias piadas – são repetidas de vários outros filmes.
Chega a ser assustador pensar que a Warner de fato pagou alguém para criar isso, já que esta história não precisa ser “criada”. Dá pra usar vários roteiros já existentes que a Warner tem em seu catálogo e simplesmente mudar os personagens. Custo zero, meu amigo.
Isso já era esperado. O que fez com que o filme não fosse tão ruim quanto o esperado, no entanto, é que pelo menos é um roteiro redondo (também, se tivesse furos, considerando quão básico ele é, seria ridículo), mas principalmente pela força do seu trio de protagonistas.
Não dá para não gostar do guarda, do Catatau e do Zé Colmeia. O carisma dos três leva o filme nas costas e, por mais que você saiba o que vai acontecer em todas as próximas cenas, fica difícil não torcer por eles.
Não, eu não recomendo Zé Colmeia para crianças (pois tem muitos outros filmes melhores e mais criativos para os pequerrutchos) nem para adultos, mas pelo menos ele está livre de ser selecionado para os candidatos a pior do ano. Afinal, para isso já temos As Viagens de Gulliver.
CURIOSIDADES:
– Na história do filme, quando o parque fosse vendido, cada habitante da cidade ganharia um cheque de mil dólares. Caramba, é assim que funciona nos States? Eu não me lembro de ter recebido tutu nenhum quando as várias empresas estatais foram privatizadas. Você recebeu?
– Pior que isso faz todo o sentido e deve ser realmente assim em qualquer país com um governo sério. Afinal, se uma empresa ou qualquer outra coisa é pública, não significa que ela é do governo, significa que ela é nossa, dos cidadãos do lugar. Portanto, a venda deve ser revertida aos seus donos: nós.