Weezer – Weezer (Red Album)

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Das bandas de rock dos EUA, poucas são tão confiáveis quanto o Weezer. Com cerca de 15 anos de estrada, você sempre sabe que a cada novo trabalho deles irá encontrar grandes músicas. Eles são do tipo em que você pode comprar o disco sem escutar antes e não vai se arrepender. E mesmo quando erram (Maladroit, de 2002), sempre conseguem tirar algo aproveitável da derrapada.

Weezer, o novo disco (ou Red Album como também pode ser chamado pela cor da capa e o fato de existirem mais dois álbuns que também só levam o nome da banda), é um trabalho consistente com essa afirmação. Não há grandes surpresas, nem mudanças drásticas na sonoridade, apenas o Weezer de sempre, com um conjunto de 10 faixas dentro das características que marcaram o grupo ao longo desses anos: guitarras pesadas e grudentas, backing vocals elaborados e letras bem humoradas convertidas em canções energéticas e com uma pegada bem Pop.

No entanto, mesmo que a velha fórmula ainda funcione bem, este novo álbum não chega a ser tão bom quanto Make Believe, de 2005, o melhor deles desde que voltaram de uma longa pausa nos anos 90.

Há ótimas músicas, como as tipicamente “weezerianas” Troublemaker, Everybody Gets Dangerous e Dreamin’, onde todos os elementos citados um pouco acima estão presentes.

Há a épica The Greatest Man That Ever Lived, onde cada estrofe tem um ritmo diferente, totalizando cerca de 10 mudanças de andamento (em uma música só!) e o primeiro single, Pork and Beans, à primeira vista apenas ok, mas que a cada nova audição sempre revela um detalhe que passou batido anteriormente.

E também merece destaque a balada Heart Songs, onde Rivers Cuomo lista os seus artistas e bandas favoritos, e como o disco Nevermind, do Nirvana, o influenciou a montar sua própria banda, em uma espécie de autobiografia musical. É a melhor letra do disco.

Mas para não dizer que não há novidades, pela primeira vez Rivers abre espaço para composições dos outros membros da banda. E não só isso, cede o microfone também e, portanto, cada um canta a sua música.

Assim, temos Thought I Knew na voz do guitarrista Brian Bell, onde o forte é mesmo a guitarra (desculpe, o trocadilho não foi intencional, mas até que se aplica), Cold Dark World, cantada pelo baixista Scott Shriner quase como um Rap e Automatic, onde quem solta o gogó é o baterista Patrick Wilson e também é a mais fraca dessa trinca.

Cuomo retorna para fechar o disco com a mediana balada The Angel and the One, a qual não é uma das faixas mais inspiradas que ele já compôs. A edição brasileira ainda conta com uma faixa bônus, The Weight, uma cover da The Band que nada acrescenta.

Então, como resultado, temos uma primeira metade muito boa, mas que infelizmente não se segura na segunda metade, com uma queda visível no nível das composições, deixando aquela inevitável sensação de que poderia ser melhor.

Este Red Album está longe de chegar ao nível dos dois primeiros, e clássicos, álbuns da banda, Weezer (Blue Album), de 1994 e Pinkerton, de 1996, e mesmo sendo inferior a Make Believe, ainda é muito respeitável e muito melhor que muita coisa lançada recentemente. Eles podem não estar mais no seu apogeu, mas continuam confiáveis como sempre.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
weezer-weezer-red-albumAno: 2008<br> Gênero: Rock Alternativo<br> Duração: 46:25<br> Artista: Weezer<br> Número de Faixas: 10 + 1 bônus na edição nacional<br> Produtor: Rick Rubin, Jacknife Lee e Weezer<br> Gravadora: Universal Music<br>