Veronika Decide Morrer

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Sempre achei bizarro que um autor tão vendido quanto Paulo Coelho nunca tenha tido um de seus livros adaptados para o cinema. Pois bem, finalmente chegou a hora e não é surpreendente que a estréia do sujeito na tela grande seja com um longa estrangeiro. Afinal, sabemos que a elite que faz cinema no Brasil está mais a fim de falar sobre ditadura, favela e nordeste e esses temas não costumam ser abordados na obra de Paul Rabbit. Menos surpreendente ainda, contudo, é que seu livro foi adaptado por Hollywood, que há muitos anos não lança praticamente nada com um roteiro original.

Em Veronika Decide Morrer conhecemos uma jovem chamada Veronika que, em determinado dia da sua vida – tente conter a surpresa agora, caro delfonauta – decide morrer. Tam-tam-TAAAAM. Obviamente, já que não se trata de um curta, ela falha. Porém, ao acordar, descobre que ela tem poucos dias de vida. Tam-tam-TAAAAAM! Dessa vez com exclamação, já que é muito mais dramático que da primeira.

Considerando que o filme não teria os erros de português comuns nos livros de Bunny Paul (causados pela recusa do autor em permitir revisão de seus textos), achei até que o cara poderia se dar bem no cinema. E sabe que as coisas até começam bem? A narração inicial, onde Veronika demonstra a gratuidade da vida relatando exatamente o que a maioria de nós faz durante seu tempo terreno é simplesmente fenomenal e uma das melhores que eu já vi para esse tipo de coisa.

Admito que, a partir daí, me identifiquei bastante com Veronika e acredito que qualquer delfonauta que esteja passando (ou já tenha passado) pela crise dos 25 também vai se identificar.

Infelizmente, depois de um tempo, as coisas começam a decair, começando pela cena de masturbação menos sexy da história do cinema e culminando em mensagens de valorização da vida que você já está cansado de ver naqueles Power Points ilustrados por cachorrinhos que pessoas que você nem conhece direito insistem em mandar por e-mail.

Isso sem falar em uma cena deveras ridícula onde o caboclo acha que a mina, que está apenas dormindo, morreu. Ora, faça-me o favor, o roteirista disso tem cinco anos? Pelo menos essa era minha idade quando eu tinha pavor de ser enterrado vivo durante meu sono, por confusão dos meus entes queridos.

O final, admito, é bonito e emocionante, embora siga aquelas formulinhas básicas para fazer chorar de oscarizáveis (felizmente, sem nazistas). Se você ainda não desenvolveu imunidade a esse tipo de coisa, é capaz de sair do cinema com os olhos marejados.

Começa falando com pessoas na crise dos 25, termina dando mensagens positivas que emocionam o povão. Seria fácil de recomendar, mas delfonautas não são povão. Portanto, seu aproveitamento deste filme será de mediano para ruim. Assim como o autor no qual ele se baseou.

Curiosidades:

– Essa foto está aí embaixo única e exclusivamente por causa do sideboob. E nem precisa agradecer. Sim, eu sei que não é grande coisa, mas nunca é grande coisa em Hollywood.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
veronika-decide-morrerPaís: EUA<br> Ano: 2009<br> Gênero: Drama<br> Elenco: Sarah Michelle Gellar, Melissa Leo, Jonathan Tucker e David Thewlis.<br> Diretor: Emily Young<br> Distribuidor: Imagem<br>