Esta foi uma manhã curiosa. Para começar, foi a primeira vez que eu entrei na Paris Filmes desde o fiasco Crepúsculo. Mas até aí tudo bem, eu sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. O mais bizarro foi constatar a familiaridade do filme. Sim, amigão, eu já o tinha assistido.
Foi num daqueles festivais de cinema alternativo que rolam quase permanentemente em São Paulo e foi com o mesmo amigão que me levou para ver aquela maravilha chamada Otto. Porém, naquela época ele não tinha esse nome à Born to be Wild e muito menos esse pôster horroroso que tem toda a cara de ter sido feito pela Paris Filmes aqui no Brasil em uma tentativa de capitalizar no sucesso dos vampiros fluorescentes.
E o pior é que, tirando o protagonista, em nada se assemelha ao sucesso vampiresco adolescente. Na verdade, esse é um filme intrinsecamente masculino, cuja única semelhança com Crepúsculo está no seu lado emo. E foi justamente por isso que meu amigo e eu nos interessamos em assisti-lo no festival em questão.
Edward Art é um jovem vampiro passando pelo momento mais difícil para quase todos os nerds: A Crise dos 25. Formado na faculdade, finalmente começa a se deparar com a realidade do mercado de trabalho, com suas inabilidades sociais e com a frustrante constatação que a vida realmente é uma porcaria. Para lidar com isso, ele forma uma banda techno-acústica (!) com amigos igualmente socialmente ineptos e decide contratar um conhecido autor de auto-ajuda para ser seu terapeuta pessoal.
A narrativa é chata, o humor é estranho, quase nada acontece e o filme não chega a lugar nenhum. Eu definitivamente não gostei dele na primeira vez que o assisti. Quando me toquei que seria submetido a mais uma sessão dele, só não comecei a desenhar um pentagrama com meu próprio sangue pois já aceitei minha incapacidade para tal.
Porém, como já falei várias vezes por aqui, a opinião sobre algo muda. Especialmente pela tendência malvada da Lady Murphy de fazer nossa opinião ser sempre contrária à expectativa. Na primeira vez, achei que seria fenomenal e foi um popô. Agora esperava uma porcaria e até gostei.
O fato, porém, é que Uma Vida Sem Regras (o título mais inapropriado desde O Império do Besteirol Contra-Ataca) não é para todo mundo. As únicas pessoas que têm alguma chance de gostar de sua narrativa arrastada e de seu tema específico são justamente as que se identificam com o assunto e que estão vivenciando (ou vivenciaram) essa tal crise dos 25. O lado positivo é que acredito que muitos delfonautas se enquadram exatamente nesse aspecto, pois nerds parecem sofrer bem mais com isso do que as pessoas normais.
Conhecendo meu público, a forma que vejo é que você tem dois caminhos para ir a partir daqui:
1 – você se identifica com a proposta e se interessa em assisti-lo.
2 – você acha que tudo isso é coisa de emo chorão, se besunta em óleo e fica esperando do lado de fora do cinema para bater em todo mundo que entrou na sala.
E aí? Qual tipo de delfonauta você é? Respostas nos comentários!